Visitar Istambul em apenas 19 horas. Parece pouco, mas há tempo para conhecer o local mais bem perfumado de sempre, para ser roubado, para comer algo tradicional e para olhar e fotografar a Ásia. Também há tempo para andar descalço numa mesquita, para que me perguntem várias vezes se sou árabe e para ser alvo de uma oferta forçada de cigarros. Na semana passada escrevi sobre a viagem que fiz pela Sicília durante 2 semanas e quando, de entre outras coisas, passei uma semana a navegar num barco à vela. Mas a maior surpresa desta viagem, organizada pela VOYAGE, foi as escalas que fiz em Istambul, cidade que nunca tinha visitado.
Fiz apenas duas escalas de 19 horas em Istambul, no início e fim da viagem à Sicília. Na primeira cheguei ao hotel quase às 2 da manhã. Foi o tempo suficiente para ir dormir umas horinhas, levantar-me cedo e ver o centro da cidade em 3 horas. Já na segunda escala, fiquei a descansar no hotel já que não tinha muito tempo – estive a ler, a dormir, a pôr o Game of Thrones em dia e a comer que nem um sultão. Antes de avançar com o artigo, é importante passar a informação que a Turkish Airlines pagou pela minha estadia na cidade. Eles lá têm uma política em que pagam o hotel em Istambul quando o voo faz escalas superiores a 10 horas.
Foto tirada no transfer entre o aeroporto e o hotel. A turquia de raspão.
Tamanha felicidade só é justificada por estar a dormir num hotel de 5 estrelas e não pagar um euro, ou lira.
Istambul
Caí em Istambul de paraquedas - não sabia que ia fazer escala na Turquia até um dia antes da viagem começar. Por isso, não tive tempo para pesquisar os melhores sítios. Tive de improvisar e perguntar aos meus amigos turcos onde devia ir, o que visitar e o que comer. A maior recordação que trago de Istambul são os cheiros. Tudo cheirava espetacularmente bem – o hotel (o local mais perfumado à face da Terra), as mesquitas e a comida tradicional. Impressionou-me a quantidade de carros que existem nesta cidade e a maneira como esta gente conduz. Pelo contrário, não me impressionou o facto da grande maioria dos carros apresentar várias amolgadelas.
A Mesquita Azul.
E as pessoas. Excepto a história que escrevo de seguida, todos os turcos foram muito simpáticos comigo. Sorriam, paravam tudo para me dar indicações e perguntavam se eu era árabe. Até houve um motorista (do transfer entre o aeroporto e o hotel) que me ofereceu cigarros - mesmo depois de saber que eu não fumava, estendeu-me os cigarros para ver se me convertia. Impressionou-me que tudo fosse arrumadinho. Fascinou-me este limite entre duas culturas. E tirando as fotos gigantes que vi do Ronaldo e da Sara Sampaio, o que mais se via eram bandeiras da turquia, de tamanhos enormes, penduradas em tudo o que é lado.
Uma das milhares de bandeiras turcas espalhadas pela cidade.
Chá Turco a 80 cêntimos numa esplanada no centro histórico da cidade. O melhor preço-qualidade de sempre.
Um dos pontos altos da visita pelo centro foi visitar a Mesquita Azul. Descalço, como assim tem de ser, lá entrei nesse paraíso. Fiquei encantado. Novamente, os cheiros eram espetaculares, e com o chão todo alcatifado e com poucas horas de sono, apetecia esticar-me no chão e dormir uma sesta. Resumidamente, dei umas voltinhas a correr pelo centro da cidade, vi as duas mesquitas principais, dei a volta ao parque gigante lá do centro e consegui tirar uma foto à Ásia. No final, e já cheio de pressa para não perder o avião, comi um kebab tradicional. Nada mal para uma visita de 3 horas.
Interior da Mesquita Azul.
Os 2 taxistas
Esta é uma história sobre aparências e sobre não confiar nas primeiras impressões. Apanhei dois táxis para fazer as viagens (caóticas) entre o hotel e o centro da cidade. Aliás, teve mesmo de ser assim, porque se andar de carro por Istambul demora o seu tempo, nem imagino como são os transportes públicos. E já que eu tinha de me despachar, teria de utilizar táxis. Adiante.
Para o centro da cidade fui convidado a entrar num táxi de um turco, com os seus 30 e tal anos, e dentes que simpatizavam com a limitada capacidade de contagem de uma criança de 5 anos. Deste lado, só pedia para não ser aldrabado e para chegar vivo ao centro de Istambul. Foi uma viagem espetacular. Com o seu inglês arcaico, apontava e falava-me em turco, indicando-me o nome das praças e das ruas. Rimos com esta conversa entre um que não sabe inglês e outro que de turco só conhece o kebab. Perguntou-me se eu era árabe (por alguma razão pareço árabe nesta terra) e eu lá disse que era de Portugal (que orgulho!). Foi uma viagem agradável, e no final ainda me fez um desconto, ou seja, arredondou a conta para o meu lado.
Fotografia ao outro lado da cidade, o lado Asiático.
Depois de visitar o centro da cidade – depois de ver as mesquitas e parques e comer qualquer coisa à pressa – tive de voltar para o hotel e apanhar um táxi novamente. Desta vez o meu motorista era um senhor de meia idade, bem vestido, penteado e com a dentição completa. Pensei eu que, se não tinha sido aldrabado na primeira viagem, também não seria agora que teria esse azar. Mas estava enganado. A verdade é que, já perto do final da viagem, olhei duas vezes para o taxímetro e da primeira marcava 25 liras e mesmo no final tinha saltado magicamente para as 70. Ora está que eu não tinha dinheiro suficiente, em liras, para pagar tamanha qualidade de serviço. Por essa razão, por algum receio do que pudesse acontecer e alguma estupidez da minha parte, acabei por pagar quase 40 euros ao senhor penteado e bem vestido. Moral da história – não julgues uma pessoa pelos dentes.
Já na segunda escala, no final da minha viagem, presenteei-me com comida tradicional no hotel. Esta foi a recomendação do chefe. Ainda consigo sentir o sabor desta comida.
Na viagem de regresso a Lisboa.
Tirando esta última história, as minhas 19x2 horas em Istambul foram fascinantes. Consegui visitar a cidade, espreitar um pouquinho da cultura turca, ver outro continente e provar pratos deliciosos. Mas ficou muito por ver. Tenho de voltar a Istambul e visitar esta cidade com calma. Ter tempo para absorver esta cultura incrível. Para cheirar e provar e ver tudo o que há nesta cidade. O primeiro taxista bem apontava para todas as coisas e dizia que tudo era belo. E, de facto, com dentes ou sem dentes, tinha razão.
"Está bonito...esta semana vai ser como na tropa". Este foi o meu primeiro pensamento enquanto olhava o barco e os dois capitães que, ou muito me enganava, ou não estavam ali para fazer amigos. Teria de esperar apenas uma hora para perceber que estava enganado. Nas últimas duas semanas participei na VOYAGE– uma viagem/curso de empreendedorismo cofinanciado pela União Europeia. Oobjetivo desta trip seria, em primeiro lugar, desenvolver ideias de negóciodentro do ramo do turismo e, por outro lado, desenvolver espírito de equipa.
Foram duas semanas intensas – muitos quilómetrosde avião, carro e barco à vela, e poucas horas de sono. Tanto havia paraescrever sobre esta viagem, mas hoje escolhi partilhar apenas a 2ª semana,quando estive a navegar num barco à vela.
Quem não dorme à noite...
Uma das muitas discussões de grupo.
Sim, uma semana a dormir num barco à vela; anavegar à volta da Sicília. Tinha tudo para correr mal. E de facto, em certosmomentos passei frio e fome, dormi mal,fiquei molhado de cima a baixo e enfrentei uma tempestade (ainda que durante apenas dez minutos). Mas, apesar de tudo isso, ou também por isso mesmo, foi umaexperiência incrível.
Os participantes (de Portugal, Roménia, Alemanha,Chipre, Lituânia e Espanha) foram divididos em 2 equipas. Haveria uma série detarefas, cada uma delas valendo 1 ponto, ganhando a equipa que, no final dasemana, somasse mais pontos. Seria um jogo "a feijões", sem prémio final, masisso não eliminou o meu espírito competitivo. Se estava ali era para ganhar.
A aprender a fazer nós.
Eu como comandante, a "guiar", acompanhado da minha equipa e do verdadeiro capitão que nos dava instruções.
Em equipa aprendemos a fazer nós, a ler mapas dos ventos e a comandar o barco. Fizemos turnos, em equipa, para dormir, cozinhar e velejar à noite. Em equipa discutimos a melhor estratégia para ganhar cada tarefa. E em equipa conseguimos dar a volta a uma pontuação de 4-1 e empatar a competição no final da semana. Visitámos também uma série de portos e cidades(destaco Siracusa), falámos entre todos sobre tudo o que há para falar e "escalámos"ao topo da ilha Vulcano. Tentámos, em vão, ver o novo episódio do Game ofThrones, discutimos as qualidades e "defeitos" de cada um, e descobri que consigoler, e não ficar enjoado, mesmo com o barco no meio de um temporal.
Mas o ponto alto da semana foi uma tarefa emespecial. Os capitães deram 12 caixas com gomas (uma recordação da VOYAGE) a cada equipa. O objetivo serianegociar com os negócios locais de Siracusa e trocar estas caixas porsouvenirs. A equipa que trouxesse mais lembranças ganhava, havendo pontosextra para a originalidade.
Enquanto a outra equipa foi mais agressiva nasua técnica de negociação, nós optamos por conhecer primeiro as pessoas e falarsobre os seus negócios, e só depois partir para a negociação. Conhecemos aspessoas por de trás do balcão e ficámos fascinados com as suas histórias e apaixão que colocam naquilo que fazem.
Algumas das recordações que conseguímos trocar com os negócios locais.
Uma das tarefas a contar para a competição. Ótimo trabalho de equipa.
Não só conseguimos os souvenirs típicos – tal como magnets para o frigorífico – mas tentámos negociar nos sítios menos comuns. Conseguimos souvenirs na igreja, um livro numa galeria de arte, uma pintura num hostel/museu gerido por refugiados, uma marioneta típica da Sicília num restaurante local (depois de rejeitar dinheiro e uma garrafa de vinho porque não podíamos beber no barco), bolos para o pequeno almoço num hotel de 5 estrelas, 2 estátuas de barro numa loja de antiguidades, entre outros. Mais do que a tarefa - que acabámos por ganhar – ficámos impressionados com a bondade das pessoas. Nunca pensei que nos oferecessem tanto e com tanto valor. Todas as tarefas tinham um propósito muitoclaro e um significado especial. No final de cadatarefa, os capitães falavam connosco e mostravam aquilo que tínhamos aprendidoe aquilo que podíamos melhorar. Adorei esta semana, apesar de ter sido dura, porque tínhamos sempre algo interessante para fazer.
Além de tudo isso, passámos muito tempo avelejar. Aprendemos, além dos nós, a "guiar" um barco à vela. Aprendi quandonão devo dormir ou comer para não ficar enjoado. Velejámos de noite, no meiode uma tempestade e ficámos impressionados com a paisagem natural da Sicília e da ilha Vulcano.
A paisagem do tipo da ilha Vulcano.
No topo do vulcão.
O capitão no topo da ilha Vulcano.
Fechados num barco durante uma semana, comsaídas ocasionais, fortalecemos amizades e espírito de equipa muito rapidamente. E foi um descanso estar uma semana sem telemóvel e sem internet, sem distrações e sem redes sociais.
O primeiro nascer do sol, de sempre, que vi no mar.
O último porto da semana.
O grupo VOYAGE. Na fila de cima, nas pontas, temos os capitães, e no meio temos a formadora em empreendedorismo da primeira semana da VOYAGE.
Diz-se que a felicidade é a subtração dasexpectativas à realidade. Foi por isso que adorei esta semana. Não esperavaaprender tanto sobre barcos, ou sobre nós, ou sobre ventos. Não esperava gostar tantode estar fechado num barco com outras 9 pessoas, comer e dormir no barco, seminternet e telemóvel. Não esperava aguentar uma semana sem ver o novo episódio do Game of Thrones.Não esperava ver paisagens tão bonitas. E não esperava que as tarefas e desafiosque fizemos tivessem tanto significado e nos fizessem aprender tanto.
Por último, não esperava que os capitãesfossem tão simpáticos e que tivessem tão grande experiência não só de barcos, mas de vida e negócios. Estou pronto para outra viagem debarco à vela. Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.
Este é o segundo post sobre a minha viagem pelos bálticos. Se não leste o primeiro, segue este link.
Viajar em 2015 é muito fácil. Durante este mês não me senti longe de casa , tal como em viagens anteriores. Talvez esteja mais velho, ou talvez seja a facilidade de acesso à Internet. Uso o GPS e não preciso de pedir indicações; o TripAdvisor diz-me os melhores locais em qualquer país e cidade; e até há aplicações que nos mostram os transportes entre 2 pontos no mapa europeu (sejam eles quais forem). As chamadas para Portugal são baratas e, pelo Facebook, podemos falar com a família e amigos, e ainda ver o que se passa no nosso país. Em nada é diferente do que se estivesse em Portugal, excepto estas línguas esquisitas que as pessoas falam.
Mas a internet traz um problema, pelo menos eu assim o acho. Numa época em que todos partilhamos as nossas experiências de viagem e sabemos quais são os melhores "spots" em qualquer cidade, acabamos por visitar todos as mesmas coisas. Durante esta viagem, foram dezenas as pessoas que encontrei que faziam a mesma rota pelos Bálticos - Vilnius, Riga e Tallinn. Como tornar uma experiência destas única?
Comitiva portuguesa em Riga, Letónia.
Chegados a Riga, despedimo-nos do terceiro elemento da nossa comitiva portuguesa. Ele não gosta de ouvir estas palavras, mas a má hora ele nos deixou, porque logo começaram grandes festas nas próximas 2 cidades - em Riga apanhamos o festival de verão, e em Tallinn as comemorações da restauração da independência.
Mas, dizia, como tornar uma viagem única quando todos parecem visitar as mesmas coisas? Uma das maneiras é estender o tempo de viagem (para quem pode). Ficámos 1 semana em Riga, uma cidade pequena, o que parece muito tempo. Mas isso permitiu-nos visitar a cidade (e arredores) com calma, e estar atento a pormenores que passam despercebidos ao turista comum. Fazemos free-tours, visitamos museus, subimos a torres, aproveitamos o festival de verão, deambulamos pela cidade como se fossemos locais, vamos à praia e até visitamos o jardim zoológico.
Arquitectura soviética. Em tempos, já foi o maior edifício de Riga, Letónia.
Vista de Riga, Letónia. Temos à frente o mercado e atrás a cidade velha.
Igreja ortodoxa em Riga, Letónia.
Riga é uma cidade muito verde. Os parques rodeiam o centro histórico da cidade.
O mercado de Riga é gigante e muito popular. Mais pessoas fazem aqui as compras que em supermercados.
Praia em Jurmala, perto de Riga.
Jardim Zoológico de Riga, Letónia.
Jardim Zoológico de Riga, Letónia.
Jardim Zoológico de Riga, Letónia.
Da esquerda para a direita: o Coelho, o Macaco e a Girafa. Jardim Zoológico de Riga, Letónia.
Já no post anterior tinha falado dos portugueses que encontramos em viagem. É incrível ver, que mesmo poucos, estamos espalhados por todo o lado. Há uma conexão rápida entre falantes de português. Há até quem nos ofereça um pequeno-almoço no buffet do hotel. Para nos convencer dizem que "está pago", e nós aceitamos.
Como, ainda em Riga, e em diante, somos 2, tendemos a conhecer mais pessoas. A maior parte também viaja sozinha ou apenas com um amigo. É isso, também, que torna uma viagem única - conhecer pessoas. Sejam locais, sejam portugueses, sejam europeus ou de outra parte do mundo. Trocamos experiências, piadas, e quebramos maneiras de pensar. Aprendemos como é viver noutro país e dizemos quão bom é o nosso Portugal.
Parnu, na Estónia. Entrámos nesta cidade ao engano, depois percebemos que nada se passa aqui.
Chegámos a Tallinn, depois de uma pequena passagem pela cidade de Parnu. Em Tallinn encontramos a cidade mais bonita desta viagem. O centro histórico é mais pequeno que Riga, mas mais bonito, mais verde, mais medieval. Fazemos o mesmo que na cidade anterior - ficamos uma semana, para fazer tudo, mas com calma. Abrimos também uma excepção no orçamento, e ficamos em 2 hosteis um pouco mais caros. Acabam por valer todos os euros investidos porque aqui temos, além de mais conforto, melhor ambiente. Conhecemos mais pessoas e até temos concertos, na sala, todos os dias. É uma festa.
É também em Tallinn que temos as melhores noites. Saímos com a malta dos hosteis, temos acesso às melhores discotecas dos Bálticos, e conhecemos Alemães, Checos, e Brasileiros.
Tallinn, Estónia.
Tallinn, Estónia.
Igreja ortodoxa em Tallinn, Estónia. Assistimos, por acaso, a uma "missa".
Tallinn, Estónia.
Tallinn, Estónia.
Posto médico numa antiga prisão em Tallinn, Estónia. Do lado de fora da prisão, há uma praia improvisada, com um pequeno bar. É aqui que passamos um bela tarde de "praia".
Eu e o Christian, um amigo Alemão.
Concerto no Hostel Euphoria. Tallinn, Estónia.
O que é viajar? Por um lado é conhecer a história destes países, o bom e o mau. É conhecer os seus pontos turísticos, os seus monumentos e as suas praias. É também alargar a zona de conforto, é quebrar com preconceitos, é desenrascar lá fora. É provar a comida (mesmo que seja má), é beber cerveja local (porque gostamos de beber), e é ouvir a língua e ver os costumes. É, principalmente, conhecer pessoas novas. É, para mim, viver como um local nesse país, mesmo que seja por 1 semana.
Viajar no ano 2015 é uma experiência completamente diferente do que seria no ano 1985. Em 30 anos, apareceu a Internet, o telemóvel, o GPS, o google, as redes sociais e, para tornar tudo mais fácil, o smartphone. Em qualquer lado do mundo - ou pelo menos da Europa - há uma rede wi-fi. Basta agarrar no iPhone, e sabemos tudo. Nunca a experiência de viajar foi tão social.
No último mês fiz mais uma viagem pela Europa. Estive 27 dias na Bélgica (Bruxelas, Leuven e Antuérpia), Polónia (Varsóvia), Lituânia (Vilnius, Kaunas e Klaipeda), Letónia (Riga) e Estónia (Parnu e Tallin). Visitei vários pontos turísticos, mas também vivi experiências únicas. Neste post falo sobre esta dualidade. A nossa viagem começa por terrenos familiares. Encontramo-nos com um amigo em Leuven, na Bélgica, e ele diz-nos aquilo que devemos visitar nos próximos dias. Conhecemos esta cidade universitária, e passamos 2 tardes em Bruxelas e Antuérpia. Estes 5 dias passam rapidamente. Encanto-me com a arquitectura Belga, com os seus edifícios altos e finos, e com as grandes torres que parecem brotar de todas cidades. Os belgas parecem-me pessoas simples. Gosto que andem de bicicleta para todo o lado e das centenas, senão milhares de cervejas que têm na carta. Facilmente vivia neste país.
Antuérpia, Bélgica
Biblioteca de Leuven, Bélgica
No entanto, fico triste com a massificação do turismo, que altera o aspeto tradicional das cidades. Por todo o lado aparecem lojas de souvenirs, espétaculos de rua, que embora divertidos, nada têm a ver com a cultura do país, e restaurantes americanos e chineses e indianos. Todos tentam vender qualquer coisa, tudo é caro, e até para ir à casa de banho se tem de pagar. Acabamos por não viver em pleno o país que estamos a visitar. Há um manto turístico por cima da vida quotidiana destas pessoas e é difícil distinguir entre o que é cultura e o que é a globalização.
Arquitectura Belga
Milhões de pessoas vêm a Bruxelas para ver esta estátua e depois deparam-se com esta desilusão.
É na chegada a Varsóvia que encontro uma das razões pelas quais gosto de viajar - a quebra de preconceitos. Esperava encontrar uma cidade feia e sombria, consumida pela dura história da 2ª guerra mundial. Ao invés, vejo largas avenidas, tudo bem arranjado, muitas cores, e um centro histórico re-construído com as fachadas originais. Varsóvia foi a cidade que mais me impressionou nesta viagem. Faz-me pensar em todos os preconceitos que retemos sobre outros povos - muitas vezes alimentados pelas notícias que vemos e ouvimos na televisão e internet.
Varsóvia, Polónia
Varsóvia, Polónia
O símbolo da cidade de Varsóvia, Polónia
Depois de uma semana entre a Bélgica e a Polónia, partimos para os Bálticos. Vamos sem espectativa. Sabemos pouco sobre estes países, porque há pouca informação na internet. Ao que parece, são pouco turísticos e, por essa razão, atraem-nos. É, por um lado, o gene português - ir à conquista de um novo território - e, na Europa, isto é o mais longe que podemos fazer nesse sentido. Passamos 1 semana na Lituânia por 3 cidades - Vilnius, Kaunas e Klaipeda - cidades pequenas, que nada têm a ver com as grandes, ou médias, capitais da Europa. No entanto, devido ao baixo turismo, conseguimos ter acesso à verdadeira cultura do país. Em Kaunas ficamos positivamente impressionados com a 2ª maior cidade da Lituânia, depois de termos passado pela pequena capital. Em Klaipeda ficamos negativamente impressionados com uma cidade à beira mar que, ao que parece, de verão e de festa, tem pouco.
Centro de Vilnius, Lituânia
Vilnius, Lituânia
Vilnius, Lituânia
Comida típica da Lituânia. Pela nossa experiência, é parecida com a gastronomia da Polónia, Letónia e Estónia. Ao longo destas 2 semanas fazemos um esforço para provar a gastronomia destes países e, quanto mais o fazemos, mais saudades temos de Portugal.
Castelo de Trakai, Lituânia
Kaunas, Lituânia
Praia em Klaipeda, Lituânia.
Depois de 50 km de bicicleta, chegamos à pequena vila de Nida, na Lituânia.
Nida, Lituânia.
O post seguinte é sobre as semanas 3 e 4 desta viagem pelos bálticos. Aí escrevo sobre a Letónia, a Estónia e sobre como a Internet nos assiste em viagem. E, já que visitamos todos os mesmos pontos turísticos, escrevo sobre o que torna uma viagem única. Segue para a segunda parte aqui. Sobre esse último ponto, não posso deixar de falar nos portugueses que vamos conhecendo em viagem. Sempre aos pares, é uma festa quando os conhecemos. Bebemos, partilhamos histórias de viagem e grita-se Portugal muitas vezes. Onde está um Português, estão logo 2, 3, ou 23.
Uma viagem não começa no momento em que o avião descola - começa muito antes. Por vezes dias, muitas vezes semanas, ou, no meu caso, alguns anos antes. Se a imaginação contar, já dei várias voltas ao mundo. Como escrevi neste post, gosto de viajar pelo meu país. No entanto, tenho vontade de descobrir o que lá fora se faz, o que se come e quem são essas pessoas. Amanhã parto para outra aventura - viajar pelos Bálticos.
Engraçado que, embora os Bálticos marquem uma presença forte na minha lista há muitos anos, tenha marcado a viagem apenas com 2 semanas de antecedência. Isto porque os Bálticos competem com os Balcãs, o Sudeste Asiático, o Benelux, e tantos outros grupos de países. Como há tantas opções, tenho dificuldade em escolher a próxima aventura. No final, escolhi aquilo que pareceu melhor.
Segue-se a escolha da mochila e daquilo que se leva para uma viagem de 4 semanas. Neste campo a Ryanair não perdoa - tem de ser uma mochila 55x40x20 com 10kg, no máximo. Aceitei o desafio, e elevei a fasquia. Não levo aquilo que eventualmente poderá ser preciso, mas apenas o estritamente necessário. Levo comigo uma mochila de 6kg contendo apenas roupa para 6 dias, um livro, uma caneta, um pequeno caderno, uma toalha, chinelos e ténis. Tenho de resistir a levar 4 ou 5 livros. Mas faço-o com a certeza de que terei algo mais interessante para fazer. Faz-me pensar que não precisamos de muitas coisas na nossa vida - que o que é importante cabe numa mochila de campismo.
Mochila da trip.
Começo esta viagem fazendo escala em Bruxelas onde vou passar 4 dias, apanhando de seguida outro voo para Varsóvia. Aí ficamos 2 dias e seguimos para Vilnius. Segue-se uma viagem por 3 países - Lituânia, Letónia e Estónia - sobre os quais pouco ou nada sei. Que pessoas vamos conhecer? Será que há comida, de jeito, nesses países? O que há para ver e fazer? Vamos ser assaltados? Em menos de nada começamos a viagem e partimos à procura de respostas.
Serão 27 dias de sabe-se lá o quê. Haverão histórias para contar e, por isso, irei partilhar algumas destas na página de Facebook d'O Macaco de Imitação. Até daqui a 4 semanas!
Viajar é um vício. Fazer um interrail, um mochilão e uma viagem pelo sudeste asiático. Percorrer a Route 66 e andar no transiberiano. Viajar por Marrocos, pelos Balcãs, pelos Bálticos, pela China, Japão e Indonésia. Viajar está na moda. E ainda bem. Eu também quero visitar todos estes sítios.
Mas, curiosamente, depois de tantas viagens pelo estrangeiro, aprendo a viajar conhecendo o meu país. Olho em redor, e descubro, neste pequeníssimo rectângulo - que nada é no imenso planeta Terra - uma diversidade cultural avassaladora. Encontro cidades lindíssimas, praias selvagens, paisagens verdes e castanhas e brancas e azuis. Conheço pessoas, delicio-me com a gastronomia, e encontro, de tempo a tempos, coisas novas. Ao explorar Portugal, ao conhecer tanto em tão curto espaço, tenho vontade de conhecer o tanto que existe noutros países.
E, enquanto antes, queria riscar o máximo de países da minha lista, quero agora viajar mais devagar. Substituo a corrida do Interrail - onde vemos 10 cidades em 20 dias - por viagens mais calmas e profundas. Não quero ser turista, quero ser um local, nem que seja por uma semana. Isto não se consegue se passarmos a correr pelos sítios por onde viajamos. Quero comer com os locais, conhecer as suas tradições e descobrir o que os turistas não descobrem. Ainda quero visitar todos os países do Mundo, fazer as viagens mais e menos batidas, mas quero fazê-lo devagar. Quero ver em vez de olhar.
É também curioso que aprendemos isso quando somos os "locais". Quando vivemos em Praga e nos perguntamos por que raio conheço esta cidade melhor que Lisboa. Quando mostramos a nossa capital a um amigo estrangeiro e encontramos algo nunca antes visto. Orgulho-me de, nos últimos anos, ter visitado Portugal de norte a sul. Não deixei de ir lá fora, para conhecer outras culturas, mas aprecio agora o que temos em Portugal. E, como já disse, essa descoberta abrandou o ritmo das minhas viagens internacionais, e isso faz-me conhecer melhor o que há lá fora.
Acabo este post com 12 fotos de Portugal, que fui tirando nestas viagens. Não as partilho pela sua qualidade - não sei tirar fotografias, mas, como um bom generalista, planeio aprender um dia - mas porque representam locais, ou situações, que eu acho fascinantes.
Berlengas
Fóia, Monchique
Rip Curl Pro Peniche, Supertubos
Vista de Gaia para o Porto
Algures no Norte
Serra da Estrela
Praia de Odeceixe
Lua Cheia
Padrão dos Descobrimentos, Belém, Lisboa
Praia da Aberta Nova, Alentejo
Palácio da Pena, Sintra
Praia da Areia Branca, a minha "terrinha".
E com uma foto da minha terra e do Surf, finalizo este post. Bom verão!
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