Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Macaco Experimentar

Macaco Experimentar

Escolher é fácil...

Vivemos num mundo de escolhas. Em nenhuma outra altura da história, foicada indivíduo tão responsável pelo seu destino. Espera-se que cada um de nóssaiba o que vestir e o que comer. Espera-se que cada pessoa escolha, muito bem, o que ler,que filme ver e que músicas ouvir. Espera-se, e aí mais importante, que cada umsaiba o que quer fazer, e com quem quer estar.

Há liberdade para isso. E isso é bom. Não queremos, não devemos, nem podemos, voltar a outrostempos, quando as pessoas tinham de escolher e fazer aquilo que os outrosdecidiam. Hoje em dia temosacesso a experiências e produtos mais bem adaptados a qualquer um. Temos aoportunidade de ficar mais satisfeitos com aquilo que fazemos e consumimos. Temosum enorme controlo sobre o rumo da nossa vida. Mas, por outro lado, tantas escolhas deixam-nos paralisados. Não sabemos oque escolher porque temos muito por onde escolher.

Será que estamos a pedir demais de cada um de nós? Dou por mimencostado à parede pelas decisões que tenho de tomar, dando-lhes umaimportância que elas não merecem. Até escolher que filme ver na televisão pode ser umcastigo - tenho de ver todos os títulos, ler todos os resumos, e ver as suaspontuações no IMDB. Sinto-me mal se não o faço, e se não escolho o filmeperfeito. Mas também me sinto mal porque o faço, porque o processo é desgastante.Sinto que a responsabilidade de escolher esse filme é toda minha e, se nãoescolho o melhor filme da lista, sinto que fiz um mau trabalho. 

E isto repete-separa todas as coisas da vida. Com a internet,temos acesso a um mundo de escolhas. Podemos até escolher que carreira seguir e queviagens fazer. A todo o momento! Somos a geraçãoque mais escolha tem. Mas, paradoxalmente, somos aquela que menos satisfeita fica comas decisões que toma.

A nossa cultura deu-nos umaresponsabilidade gigante. Não o fez por mal, nós é que não estamos preparadospara tantas escolhas. Em boa verdade, nós nem sabemos porque gostamos ou não defazer, ou ver, ou ler, alguma coisa. Em muitos dos casos, simplesmente,gostamos. Mas também não sabemos que não sabemos. E é esta não sabedoria quenos leva a querer escolher. Porque pensamos que se tivermos muita escolha,podemos escolher algo perfeito, mas só ficamos confusos.

Além disso, sinto - e creio que outros também o sentem - uma enorme pressão para fazer mais e mais, para fazer cada vez melhor, e para trabalhar muito e descansar só se for preciso. Esta pressão ninguém ma deu, ou então deram-me todos.

Vivemos no mundo do "já fizeste" e do "tens de". Já fizeste isto? Então tens defazer. Tens de ver esta série, tens de ver este filme, tens de experimentaristo e tens de comer aquilo. Vivemos num mundo de escolhas, mas demasiadas escolhas. Vivemos num mundo que corre e não se deixa apanhar. Vivemos num mundo que fazer pouco é mal visto. Vivemos no mundo do "não fazes nada? grande vida".

Em tão grande corrida, não vemos aquiloque passa diante dos nossos olhos. Não vemos o pôr do sol nem o céu estrelado.Nem mais paramos para observar a chuva de dentro do conforto das nossas casas. Nem podemos. Porque perdemos muito tempo a escolher ea fazer.

Não conseguimos fazer tudo, nem uma boa parte disso. A nossa força devontade é como uma energia que se vai gastando ao longo do dia. Escolher gastaessa energia. E hoje temos de escolher muito.

E escolher uma carreira é, nos dias de hoje, uma das coisas mais difíceis de fazer. "Sabemos" que temos a liberdade para escolher o que quisermos. Mas essa liberdade envolve muitas escolhas, e não é raro o caso de pessoas que não sabem o que fazer na vida. Sentem-se mal se não conseguem encontrar facilmente a sua "vocação", e pensam, erradamente, que são a excepção e não a norma.

Não escrevo este texto porque sei a solução para este problema. Se eu soubesse, não teria a experiênciapara escrever estas palavras. Não saberia como é ter de escolher tudo a toda ahora, e fazer sempre mais. Não entenderia este "sofrimento", e nãoperceberia o autor deste texto. Porque como se pode não querer ser o dono totaldo seu destino? Escolher de entre tudo o que há para escolher. Ter o produtoperfeito, a carreira perfeita, as experiência perfeita, sempre, à nossa escolha. Não. Escrevo este artigo porque penso e volto a pensar nisto: será que a nossa geração sabe lidar comtanta liberdade?

Não sei qual é a resposta. Talvez não devêssemos levar a vida demasiado a sério. Devíamos sim olhar para asestrelas; para a quantidade, muito provável, de Terras que existem, e questionar a significância,e importância, das nossas escolhas e das nossas preocupações.

Talvez seja bom confiarmosmais nos nossos sentidos, e escolher este filme porque se gosta deste ator, ou leraquele livro porque se engraçou com a aquela capa.

Mas só talvez. Tenho várias teorias, ainda não escolhi em qual deva acreditar.

Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.

Artigos relacionados:

O meu Top 5 livros de 2015

Ler é das melhores coisas que podemos fazer. É um investimento do tempo em aprender algo novo, em ganhar temas de conversa e em entender outras pessoas. 

De entre as muitas novidades de 2015, este foi um ano de muita leitura. Li vários blogs, como o WaitButWhy e o HighExistence, e li 42 livros. 42! Dobrei o meu recorde do ano passado.

Fiz um trabalho árduo de seleção e apresento neste post os meus 5 livros favoritos deste ano. São aqueles que me transportaram para um mundo diferente, que me fizeram ver o mundo de outra maneira e me ensinaram mais do que poderia esperar. Se quiseres saber mais sobre os 42 livros que li este ano, segue para o meu perfil do Goodreads.

#1 – Ready Player One, Ernest Cline

Ready Player One acontece em 2044, num mundo já muito diferente do atual. Existem grandes problemas ambientais, há muita pobreza e, para fugir de tudo isto, as pessoas vivem ligadas num mundo virtual chamado OASIS. No início do livro, o criador deste mundo morre inesperadamente, e deixa toda a sua fortuna a quem conseguir encontrar um Easter Egg no OASIS. E mais não posso contar, não quero estragar a surpresa.


Ready Player One, Ernest Cline. Imagem retirada de goodreads.com
Este é um daqueles livros que, uma vez começados, não conseguímos largar. Se tivesse de escolher apenas um livro para ler este ano, seria o Ready Player One. Em termos de ficção científica, e na minha opinião, é melhor que outros grandes livros que li este ano, como o The Martian e o The Old Men’s War. Se quiseres ficar a conhecer os melhores livros de ficção científica (do século XXI), aconselho-te esta lista.

#2 - Sapiens: a brief history of humankind, Yuval Noah Harari

WOW!! Queres ler um livro sobre a história da humanidade? Este é o livro. Incrivelmente bem escrito, Sapiens aborda a história da humanidade desde a altura em que o nosso antepassado era um de muitos outros "macacos", passando pela revolução cognitiva, agrícola e industrial.

Sabias que houve um tempo em que co-existiram 6 espécies de humanos no planeta? Ou que a revolução agrícola, embora seja o pilar do nosso crescimento, tornou-nos, muito provavelmente, pessoas mais infelizes? 


Sapiens: a brief history of humankind, Yuval Noah Harari. Imagem retirada de amazon.com
Este é um livro que justifica o gosto pela leitura. Depois de ler Sapiens, qualquer leitor ganha uma nova perspectiva sobre a nossa espécie, sobre o seu efeito no planeta Terra e a nossa (má) influência sobre outros animais e plantas.

#3 – O Evangelho segundo Jesus Cristo, Saramago

Ao ler o Evangelho segundo Jesus Cristo, é fácil perceber a genialidade do prémio Nobel português. Não é só a história (com alguma ficção) sobre a vida de Jesus Cristo, mas a forma como Saramago a escreve, e todos os sentidos que podemos tirar das suas páginas.


O Evangelho segundo Jesus Cristo, Saramago. Imagem retirada de fnac.pt
Não consigo acrescentar mais nada sobre este livro. Há que ler para crer. É, à semelhança de outros livros de Saramago, uma obra de arte.

#4 – Learned Optimism, Martin E.P. Seligman

Este é um livro que fala sobre otimismo e pessimismo. Martin E.P Seligman, um dos "pais" da psicologia positiva, analisa a maneira como as pessoas pensam, e os efeitos que esses pensamentos têm nas suas ações e sucesso. Para saberes mais sobre este livro, segue este link para outro post n’O Macaco de Imitação. Aí analiso o Learned Optimism em detalhe, e também a ciência do otimismo e pessimismo.


Learned Optimism, Martin E.P. Seligman. Imagem retirada de goodreads.com
Aconselho vivamente a leitura de Learned Optimism. Foi o melhor livro de psicologia que li este ano, e talvez na vida toda. Se queres perceber a forma como pensas, se és pessimista ou otimista, e como podes melhorar a tua vida ao pensar de outra maneira, precisas de ler este livro.

#5 – The Year of Living Biblically, A.J. Jacobs

A. J. Jacobs decide, durante um ano, viver segundo todas as regras da bíblia. Este desafio leva-o a muitos locais nos EUA e a Jerusalém, conhecendo pessoas altamente religiosas. Ao longo desse ano, consegue tornar-se uma pessoa melhor, ao seguir regras como não mentir e agradecer por tudo na sua vida. 


The Year of Living Biblically, A.J. Jacobs. Imagem retirada de goodreads.com
Este livro vem no seguimento do seu primeiro livro, The Know It All, em que A.J. desafia-se a ler a Encyclopædia Britannica (+- 30.000 páginas). Neste livro relata aquilo que vai aprendendo e como toda essa nova informação impacta a sua vida. Durante esse ano conhece também pessoas muito inteligentes e participa no Quem Quer Ser Milionário.

Os livros de A. J. Jacobs são muito divertidos. Além disso, inspiraram-me a fazer os meus próprios desafios, tais como aprender piano em 20 horas, fazer exercício todos os dias durante um mês, e estar uma semana sem usar a internet.

Nota final: Ler é das melhores maneiras de aprender coisas novas. Se não o fazes frequentemente, considera ler uns bons clássicos, ou livros de não-ficção sobre temas que aches interessante. Ou então lê algum destes 5 livros. Prometo-te que vais gostar e, em pouco tempo, vais ficar viciado na leitura.


Os 8 elementos do Flow - a chave para a felicidade

Olho para o horizonte e reparo na onda que aí vem. Começa a perseguição. Remo o mais que posso e coloco-me no sítio certo. Ganho velocidade, agarro a prancha com as duas mãos e ponho-me de pé. Faço uma sucessão de manobras e mal posso acreditar na qualidade da onda. Ao final de 20 segundos já estou a remar para o outside para tentar apanhar outra destas.

O surf é uma das experiências que me provoca Flow. O Flow acontece quando estamos completamente concentrados numa atividade. Nesses momentos, perdemos a noção do tempo e não pensamos em quaisquer problemas que possamos ter. Estamos a fazer aquilo que mais gostamos e só isso é suficiente. Segundo Mihaly Csikszentmihalyi, esses são os momentos mais felizes da nossa vida, e também aqueles em que nós mais crescemos.


Mihaly Csikszentmihalyi, o "pai" do Flow. Imagem retirada de http://www.marianotomatis.it/
E se o Flow nos traz felicidade e crescimento, devemos maximizar o tempo que aí estamos, certo? Este artigo descreve os 8 elementos desta experiência, e como podemos transformar qualquer atividade em Flow.

Os elementos do Flow

1. Objetivos bem definidos

Para atingir o Flow, a atividade tem de ter, em primeiro lugar, objetivos muito claros. Ao surfar, e dependendo do nosso nível, o objetivo poderá ser conseguir ficar em cima da prancha ou fazer um tubo. Devemos começar uma atividade que possa ser acabada e fixar objetivos pequenos, que possam ser cumpridos rapidamente. Sentir que estamos a evoluir numa atividade é muito importante para a nossa motivação. 

Depois de uma experiência de Flow, a pessoa sente que melhorou as suas capacidades e que cumpriu os seus objetivos. Isso motiva-a para continuar, neste caso, a surfar. 

2. Concentração na atividade

Durante o Flow, toda a nossa atenção está concentrada na tarefa que realizamos. Parece que mais nada interessa senão o que estamos a fazer. E alguém pode vir falar connosco que não a conseguimos ouvir. Com certeza isso já te aconteceu. Quanto maior a concentração, mais intenso é o Flow, e melhor é a qualidade do trabalho produzido.

Mas, infelizmente, a nossa atenção é limitada. Daí que o investimento dela em coisas importantes seja crucial. Porque os resultados que temos da vida dependem de onde gastamos a nossa atenção.


Attention can be invested in innumerable ways, ways that can make life either rich or miserable. - Mihaly Csikszentmihalyi

Com toda a liberdade de escolha e tecnologia que temos atualmente, deveria ser mais fácil entrar no estado de Flow. Mas sabes que não é isso que acontece. Cada vez há mais distrações. A TV, o facebook e o telemóvel, todos competem pela nossa atenção. Além disso somos fãs do multitasking, que divide a atenção por muitas coisas diferentes (umas menos importantes que outras).

Não podemos, nem devemos, voltar atrás no tempo e limitar as escolhas que temos atualmente. Mas, se queremos estar mais vezes em Flow e ser felizes, temos de reduzir essas distrações.

Attention is our most important tool in the task of improving the quality of experience. - Mihaly Csikszentmihalyi

The future will belong not only to the educated man, but to the man who is educated to use his leisure wisely. - C. K. Brightbill

3. Perda de auto-consciência

Quando estamos sozinhos e com pouca coisa para fazer, a mente começa a divagar para os problemas do dia-a-dia. Mas quando estamos em Flow, nada nos atormenta. Já não interessa se a nota do teste foi má ou se vamos conseguir ser promovidos. Durante o Flow, nem pensamos se estamos felizes ou tristes, porque a concentração está focada na atividade.

4. Sensação de tempo distorcida

Esta é fácil e acontece-nos a toda a hora. O tempo ganha uma nova dimensão durante o Flow. Passa mais devagar porque estamos conscientes de cada movimento que fazemos. Mas depois do Flow, parece que passou tudo muito rapidamente.

Hours pass by in minutes, and minutes can stretch out to seem like hours Mihaly Csikszentmihalyi

5. Feedback imediato

Não só é importante ter objetivos claros e alcançáveis, como também ter feedback imediato sobre aquilo que estamos a fazer. Se estiver a surfar numa aula, o instrutor irá corrigir a minha postura na hora. Se alguma coisa estiver errada, posso melhorar rapidamente.

Imagina que estás a trabalhar, e não tens noção alguma se o teu trabalho está bem feito ou não. Começas a ter dúvidas e ficas irritado - quebras o Flow. Por isso é tão importante ter um feedback rápido para que te sintas bem.

6. Equilíbrio entre as capacidades e o desafio

Se fazes uma tarefa muito básica, ficas aborrecido. Se por outro lado essa tarefa é demasiado complexa para as tuas capacidades, ficas stressado. De qualquer maneira, esses sentimentos incomodam e deixas de estar em Flow.

O Flow acontece na fronteira entre o aborrecimento e o stress, quando as nossas capacidades estão de acordo com o desafio proposto. Por isso, quando estás a aprender alguma coisa nova, tens de aumentar o desafio à medida que vais evoluindo. Só desta forma vais conseguir estar em Flow durante essa atividade.

Imagem retirada de http://www.psy.gla.ac.uk/
O gráfico acima realça bem o jogo entre as tuas capacidades e o desafio a que te propões. Começas, por exemplo, a praticar surf e ficas feliz por apanhar umas espumas e, de vez em quando, conseguires estar em cima da prancha (A1). À medida que vais evoluindo, melhoras as tuas capacidades, e agora consegues fazer o take-off em todas as ondas. Se não agarras outro desafio, e continuas a surfar as mesmas ondas com a mesma prancha, ficas aborrecido (A2). É nesse momento que deves melhorar o teu equipamento e passar para ondas mais complexas. Assim ficas em Flow novamente porque as tuas novas capacidades têm agora um desafio à altura (A4). Por outro lado, não deves começar a praticar surf com uma prancha pequena, porque aí o desafio é muito maior que as tuas capacidades e ficas stressado (A3).

Se queres estar em Flow mais vezes e durante mais tempo, tens de dominar este esquema. Aprende a reconhecer oportunidades para melhorar as tuas capacidades e continuar a evoluir no teu trabalho ou hobby.

Enjoyment appears at the boundary between boredom and anxiety, when the challenges are just balanced with the person’s capacity to act. - Mihaly Csikszentmihalyi

7. Controle pessoal sobre a atividade.

Se não pudemos, ou não achamos que pudemos, controlar o que fazemos, sentimo-nos impotentes. E não é possível estar em Flow se não tivermos poder de decisão sobre as nossas ações, porque nesse momento começamos a pensar nos problemas e a atenção foge dessa atividade.

8. A atividade é em si recompensadora, não exigindo esforço.

O dinheiro ou o poder nada interessam quando estamos em Flow. Nesse momento , fazemos qualquer coisa porque fazê-lo dá-nos prazer. Estamos à aprender pelo aprender em si. E, mesmo que a tarefa precise de esforço físico e/ou mental, nós não o sentimos.

Resumidamente, o Flow é a experiência ótima. Durante o Flow não pensamos em nós mesmos e fazemos a atividade porque ela é recompensadora por si própria. Não sentimos esforço e o tempo tem agenda própria. Temos objetivos muito claros e alcançáveis, feedback imediato, controlo total sobre as nossas ações, e as nossas capacidades estão em sintonia com o desafio proposto. Depois do Flow, ficamos mais fortes e felizes.

O Flow como chave para a felicidade

Estás a dedicar a tua atenção às coisas certas? Gostas do que fazes profissionalmente? É isso que queres continuar a fazer? Costumas estar em Flow?

Temos a capacidade para apreciar todos os momentos da nossa vida. Podemos estar em Flow ao conversar com uma pessoa interessante, ao ouvir música, ao ver um filme, ao comer e ao ver uma paisagem bonita. Mas infelizmente fazemos tudo à pressa e deixamos de apreciar as pequenas coisas do dia-a-dia.

Precisamos de treinar a mente para atingir altos níveis de concentração. Só assim ficaremos em Flow mais vezes e durante mais tempo. Ao focar a nossa atenção naquilo que é importante, evitando pressões externas, podemos alterar a nossa vida completamente através do Flow. Aprende também a meditar e a ser otimistaConhece as tuas forças, e respeita a tua personalidade.

Por último, inspira-te ao ler sobre pessoas que já passaram por muito na vida. Vai ajudar-te a escolher o melhor caminho para a felicidade, onde deves investir a tua atenção e quais devem ser as tuas experiências de Flow.

Those who try to make life better for everyone without having learned to control their own lives first usually end up making things worse all around. - Mihaly Csikszentmihalyi

Creating meaning involves bringing order to the contents of the mind by integrating one’s actions into a unified flow experience. - Mihaly Csikszentmihalyi

Of all the virtues we can learn no trait is more useful, more essential for survival, and more likely to improve the quality of life than the ability to transform adversity into an enjoyable challenge. - Mihaly Csikszentmihalyi

Artigos relacionados

O Cisne Negro de Nassim Taleb (e como aprender a pensar)

Alguns livros são perigosos! Têm o poder de mudar a forma como pensamos para o resto da vida. "O Cisne Negro" de Nassim Taleb é um deles. Este foi o livro que me fez gostar de psicologia e "devorar" uma série de outros livros sobre economia, comportamento humano, hábitos, felicidade, etc. 
Durante muitos tempo pensava-se que existiam apenas cisnes brancos no planeta, porque nunca se tinha visto um cisne negro...até ao momento em que estes foram descobertos na Austrália! Nassim Taleb baptiza assim a sua teoria, baseando-se no facto de que este era um evento totalmente inesperado que mudou radicalmente a maneira como as pessoas pensavam na altura, pelo menos no que diz respeito a cisnes!
Este livro faz-nos pensar na razão pela qual as pessoas são fracas a prever aquilo que irá acontecer no futuro. Introduz-nos ao conceito de que, na maioria das vezes, o mundo muda consoante eventos não previsíveis tal como o surgimento da Internet ou o 11 de Setembro, ao invés de mudanças graduais, tal como somos levados a pensar.

O Cisne Negro explica como acontecem estes grandes eventos e como a natureza humana e a forma como pensamos nos impede de imaginar que possam surgir e mudar o mundo como conhecemos. A teoria do Cisne Negro tenta explicar:

  • O papel desproporcional destes grandes eventos, raros e difíceis de prever, que estão para lá de qualquer expectativa histórica, científica, económica ou tecnológica.
  • Porque razão é quase impossível calcular a probabilidade de ocorrerem usando métodos científicos, pelo simples facto de serem mesmo muito improváveis.
  • Os erros cognitivos que fazem com que indivíduos ou grupos de pessoas sejam "cegas" a pequenas probabilidades, inconscientes do papel decisivo que estes eventos têm em termos históricos.
Nassim Taleb nasceu no Líbano, é um ensaísta, académico e mestre da estatística. Este livro está incrivelmente bem escrito, tem piada, muitos exemplos retirados da vida quotidiana e expõe aspectos fascinantes sobre a natureza humana e como processamos o complexo mundo à nossa volta. O Sunday Times nomeou este livro como 1 dos 12 mais influentes desde a 2ª Guerra Mundial. Recomendo vivamente a leitura deste livro. Aqui ficam outros 3 livros de grandes nomes neste campo:


A leitura destes livros é um simples e divertido remédio para melhor pensar e reflectir sobre a forma como processamos informação e tomamos decisões ao longo da nossa vida.

Do que tens mais medo? Cavalos ou tubarões?

A psicologia é um dos meus temas favoritos! Como já aqui tinha falado, há livros incríveis neste tópico, que expõem os erros cognitivos dos humanos. Porque pensamos de determinada maneira? Porque acreditamos em coisas estranhas? Porque escolhemos fazer uma coisa que no final não nos agradou como esperávamos? É incrível a quantidade de erros lógicos que cometemos todos os dias. Mas espera, tudo isto tem de ter significado biológico, certo? Evoluímos desta maneira, portanto deve haver alguma vantagem evolutiva em pensar como pensamos. Acontece que o nosso cérebro não evolui talvez há 100.000 anos e o mundo que construímos desde então é irreconhecível.

Por exemplo, fazia sentido, há 100.000 anos atrás, um humano assustar-se com muita facilidade ao ver qualquer coisa a passar na sua visão periférica. Podia ser um tigre! Nós somos descendentes de pessoas que se assustavam e por isso começavam a correr antes de serem engolidos, certo? Então evoluímos com esta condição, por isso é que nos assustamos facilmente, às vezes até com o cão que passa ao pé da porta. Faz isto sentido na sociedade de hoje em dia? Algum, mas não tanto como há 100.000 anos atrás! Há centenas destes exemplos, se quiseres ler um pouco mais sobre isto vai aqui.

Hoje quero-te falar sobre um cognitive bias, ou viés cognitivo, ou seja, sobre um erro na nossa lógica de pensamento. Em particular trago-te um chamado "availability heuristic" ou "heurística da disponibilidade". Dito isso, tens mais medo de cavalos ou de tubarões? A pergunta é estranha! É claro que os tubarões são mais perigosos, portanto devo ter mais medo de tubarões, certo?


Não sei se tenho mais medo de cavalos ou tubarões, mas se este existisse, ganhava fácil! Imagem retirada daqui.
A heurística da disponibilidade descreve a maneira como nós avaliamos uma coisa como mais ou menos provável de acontecer, pela facilidade como nos recordamos dela. Se nos for perguntado para estimar a probabilidade dos cães serem castanhos ou pretos, provavelmente vamos estimar essa probabilidade como muito alta. Lembro-me facilmente da experiência que estes também podem ter um pelo mais claro, mas sei perfeitamente que pelo menos neste planeta não vou encontrar um cão azul ou verde.

Este tipo de lógica faz sentido, mas apenas quando temos uma fonte de informação imparcial, quando temos muita experiência ou, no limite, quando temos acesso a toda a informação disponível. Sabemos que os cães são castanhos, pretos ou com cores semelhantes porque temos a experiência de ver cães todos os dias. Agora uma questão (que podes encontrar no vídeo partilhado): ocorrem mais mortes nos EUA por causa de tubarões ou cavalos? Neste momentos estás à procura da resposta na tua memória e numa fracção de segundo concluíste, muito provavelmente, que os tubarões são responsáveis por mais mortes. Se o pensaste, pensaste erradamente, pois a morte por cavalos ocorre muito mais frequentemente que a morte por ataque de tubarões. A questão aqui é que quando tentas procurar na memória (até inconscientemente) é mais fácil encontrar memórias de notícias sobre ataques de tubarões do que acidentes ou ataques por cavalos e portanto a tua mente pensa que as primeiras ocorrem mais frequentemente.


Os países podem ser induzidos a investir muito dinheiro no combate ao terrorismo e pouco no combate ao cancro, embora este último mate MUITO mais pessoas. Nem é comparável. O que acontece é que há uma grande cobertura jornalística ao terrorismo e um efeito devastador associado ao mesmo, que nos leva a julgar, erradamente, que estes são bem mais prováveis e matam mais pessoas do que a realidade e portanto, devemos investir mais dinheiro a combater o terrorismo.

Provavelmente também tens a ideia de que andar de avião é mais perigoso que andar de carro, apesar das estatísticas apontarem que acidentes rodoviários são mais prováveis. Até podes saber isto, mas aposto que tens muito mais medo de andar de avião que de carro. Isto acontece porque há um grande foco jornalístico sobre acidentes de avião (o ano passado foi forte!), o que nos faz pensar que estes são mais prováveis.

É também devido à heurística da disponibilidade que, num trabalho de grupo, cada elemento pensa que trabalhou mais do que os seus colegas para o trabalho final. É mais fácil alguém se lembrar de momentos em que trabalhou e mais difícil tirar da memória momentos em que outros fizeram tarefas importantes, porque não estamos sempre com essas pessoas, ou porque estamos mais atentos ao nosso trabalho.

Ter conhecimento sobre os erros cognitivos e em particular sobre a heurística da disponibilidade ajuda bastante no processo de tomada de decisão e até a trabalhar melhor em equipa, pois começamos a dar mais valor ao trabalho dos outros colegas. 

Se quiseres explorar mais sobre este tema, recomendo vivamente o livro do prémio nobel da economia, Daniel Kahneman, "Thinking Fast and Slow! 

Boa semana!

21 Livros de 2014 (Parte 1)

A ler aprende-se tudo e basta um livro para mudar a tua opinião sobre sobre qualquer coisa. A ler tens acesso a informação que de outra forma não consegues obter, coisas que gente importante fez, disse e imaginou ou a resultados da investigação de grandes mentes da ciência. 

Este ano li mais do que nunca e começei a explorar temas psicologia, economia e empreendedorismo. E acredita, basta um livro para perceber um pouco mais sobre um tema, suficiente para que consigas discutir isso com alguém melhor que tu na matéria e aprender ainda mais, suficiente para conseguir juntar essa informação com tudo o que já sabes e criar qualquer coisa melhor. É nessa altura que o mundo faz um pouco mais de sentido.

Decidi dividir este post em 2 partes para não ficar um post gigante. Aqui segue a lista:

1. Thinking, Fast and Slow (Daniel Kahneman)

No que toca à Psicologia, este é o livro. Daniel Kanheman, vencedor do prémio nobel da economia, escreve esta bíblia do comportamento humano onde descreve que a mente tem dois sistema. O pensamento rápido (ou 1) é responsável pela maior parte do nosso comportamento. É emocional, rápido e intuitivo. Do outro lado temos o pensamento lento (ou 2) que caracteriza a lógica mais complexa e portanto é mais lento e deliberado nas decisões que toma.
Imagem retirada de www.algemeiner.com

Neste livro, este senhor doutor fala dos erros que existem em ambos os sistemas e desta forma explica porque acontecem os fenómenos de aversão à perda, excesso de confiança e porque razão as pessoas tomam más decisões. Estes erros cognitivos chamam-se de viés (ou cognitive bias).

Daniel Kahnman, com "Thinking, Fast and Slow", apresenta um dos melhores livros que podes ler. Depois disto, vais conseguir perceber melhor porque as pessoas tomam as decisões que tomam. Um dos melhores livros de 2014!

2. Stumbling on Happiness (Daniel Gilbert)

Dos livros mais engraçados que li este ano. Em "Stumbling on Happiness", o psicólogo Daniel Gilbert expõe ciência da melhor maneira possível, com o grande humor que o caracteriza. Neste livro também são abordados os "biases" da mente, focando sobre a felicidade humana. 

Daniel Gilbert argumenta que as pessoas são fracas a prever aquilo de que vão gostar no futuro e portanto tomam decisões que as vão deixar menos felizes. Consegue-se perceber muitas coisas sobre as decisões que tomamos ao ler este livro. Aconselho vivamente!

3. Freakonomics (Steven D. Levitt, Stephen J. Dubner)

Freakonomics é dos livros mais citados de economia...e é polémico! Escrito de uma maneira muito divertida explica o que os professores e os lutadores de sumo têm em comum. Explica também porque a legalização do aborto é a principal causa da diminuição de crime nos EUA (sim, isso mesmo que leste!) e muitas outras coisas. Este livro é um espéctaculo.

4. Outliers (Malcolm Gladwell)

Parecido com o Freakonomics. Aborda aquilo que nós chamamos de sucesso pessoal e dá-nos outros olhos para olharmos para casos de pessoas bem sucedidas. Será que foram extraordinários ou estavam no local certo à hora certa? Ou mesmo, será que nasceram na melhor altura possível? Livro muito bom!

5. The Art of Thinking Clearly (Malcolm Gladwell)

Malcolm Gladwell, que não é psicólogo, resume o trabalho feito por grandes nomes como Daniel Kahneman e traz-nos um livro que explica 100 erros cognitivos, de uma forma muito prática e com uma escrita bastante acessível.

6. The Maze Runner (James Dashner)

Saíndo do mundo da ciência, James Dasher traz-nos uma história em que um monte de rapazinhos se encontram presos num labirinto com monstros e tudo isso! Nenhum deles se lembra como foi lá parar e tentam todos os dias encontrar a solução desse puzzle, com consequencias muitas vezes fatais! 

Este é um livro parecido com outros como a série Hunger Games. Portanto se gostas desse tipo de livros também vais gostar deste. Ah, Maze Runner também tem uma adaptação em filme.

7. Sandkings e 8. The Pear-Shaped Men (George R.R. Martin)

Quem já gosta do senhor George R.R. Martin pela série "A Song of Ice and Fire" do qual faz parte "Game of Thrones", também vai gostar muito destes livros. Apesar de ter gostado mais do primeiro (formigas de estimação que se tornam violentas), o segundo transmitiu-me maiores emoções. É impressionante como este autor consegue passar um nojo (isso mesmo!) descontrolável por algumas personagens.

Estes livros, apesar de pequenos, fazem seguramente parte da lista de eleição para quem gosta da escrita de George R.R. Martin.

9. A Chave de Salomão (José Rodrigues dos Santos)

Este tinha de ser lido. Leio os livros do José Rodrigues dos Santos desde sempre (apenas falhei os dois primeiros). Acho que conseguem ensinar sempre qualquer coisa de novo, normalmente colocando informação sobre temas diversos como a cultura muçulmana (Fúria Divína) ou ciência (A Fórmula de Deus) num enrendo envolvendo o Professor Tomás Noronha. José Rodrigues dos Santos é o Dan Brown Tuga.

Apesar disso, sinto que este livro é mais do mesmo, ou secalhar não gostei tanto porque explora coisas que, pela minha formação, já sabia. José Rodrigues dos Santos explora a mecânica quântica e a verdadeira natureza do que chamamos de realidade. Aconselho!

10. As Intermitências da Morte (José Saramago)

O que aconteceria se as pessoas deixassem de morrer? Em "Intermitências da Morte", o nosso prémio nobel explora todos os problemas duma sociedade em que esta é a realidade. O livro está mesmo um espéctaculo e faz-me pensar porque não começei a ler Saramago mais cedo. O tipo era um génio!

11. Brave New World, Admirável Mundo Novo (Aldous Huxluy)

"Admirável Mundo Novo" é um clássico da literatura. Coloco aqui ao lado das "Intermitências da Morte" porque acho que ambos te fazem pensar em sociedades alternativas ou com realidades diferentes. Neste livro, Aldous Huxluy imagina uma sociedade em que as pessoas são produtos de tubos de ensaio, as castas estão implementadas ao máximo e as pessoas fazem aquilo que gostam porque foram feitas para gostar disso mesmo.

Um espectáculo de livro para finalizar a 1ª parte deste post. E tu? Que livros leste este ano que te deixaram inspirado?

Segue para a 2ª parte deste post aqui.

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.