Antes deste desabafo, tenho que te confessar uma coisa. Este post não é para ti! Desculpa. Mas se estás aqui, é porque gostas de ler. Mas como leitor, tens amigos que não o fazem - muuuitos amigos. Como é que te dás com esse tipo de gente? Difícil não é? Bom, ajuda-me nesta luta. Lê este post e, se gostares, partilha com os teus amigos não leitores. Se não gostares, não partilhes - não lhes queres dar mais uma desculpa para continuar a não ler.
Ler é uma seca
"Os Maias" e "O Memorial do Convento" são uma seca (peço desculpa aos ofendidos, mas neste blog quem escreve sou eu). O segundo, de Saramago, é muito difícil de ler, especialmente para quem tem 17 anos. Mas são estes os livros que nos apresentam na escola, quando ainda estamos a perceber aquilo que gostamos e não gostamos de fazer. Será por isso que há tantos não-leitores? Talvez...
Saramago não é uma seca. Com o tempo dei outra oportunidade ao prémio nobel português, e agora é o meu autor nacional favorito. Este livro, "As Intermitências da Morte" é super interessante e hilariante. E se a morte deixasse de trabalhar? E se as pessoas não morressem? É um bom começo à obra de Saramago.
Que obras devíamos estudar na escola? É um assunto delicado. Por um lado é importante estudar a nossa extensa cultura literária. Mas por outro, não seria interessante ensinar os nossos alunos a gostar de ler e a ler muito? Esse é um dos hábitos mais importantes que podemos ter. Na escola, deviam dar-nos a oportunidade de (também) ler e estudar outros livros, mais "interessantes" para adolescentes nessas idades com interesses variados. Mas não exageremos, claro. Às tantas anda tudo a ler a Playboy ou o KamaSutra ou o "The Game". Nem 8 nem 80. Há professores que dão essa oportunidade e estimulam o gosto pelos livros. Deixam-nos ler o que queremos para depois apresentar esses livros ao resto da turma. Eu nunca tive essa sorte. Mas por outro lado tive a sorte de ter grandes leitores na família. Se ainda estás na escola, sugere esta ideia ao teu professor de português. Se ele te disser que tens de ler Saramago, fica feliz na mesma, porque podes sempre ler "As Intermitências da Morte" ou o "Ensaio sobre a Cegueira. E, se ele te deixar, lê qualquer coisa sobre futebol, ou surf, ou psicologia. E professores, ensinem Eça de Queiroz e Luís de Camões. É importante. Mas não se esqueçam do mais importante, meter esta gente a ler. Pá, nem que seja 2As 50 Sombras de Grey".
Prefiro ver o filme
Adoro bons filmes, sejam eles originais ou adaptações. Toda a experiência do cinema é espetacular - a sala cheia, o som, as boas cadeiras, as pipocas, a cabeça à nossa frente. E quando os filmes são mesmo bons, transportam-te para outra realidade, com efeitos especiais e lugares fantásticos. Não me consigo esquecer da experiência que foi ver o último Star Wars no dia de estreia. Os livros são outra coisa. Não pretendem competir com os filmes porque a experiência é diferente. E por isso não tens de escolher entre os livros e os filmes. Guarda espaço para os dois. Porque quando lês tens mais tempo para conhecer as personagens, que revelam uma maior profundidade quando comparadas com as mesmas personagens nos filmes. Porque é espetacular estar sentado no sofá, ou na esplanada a ouvir o mar, e a ler um bom livro. Porque há livros sobre tudo que nunca vão ser, nem podem ser, nem devem ser, filmes. E aqueles filmes adaptados de livros? Vê também, e lê o livro. Porque se o filme é muito bom, então imagina o livro. Não fazem filmes de livros fracos. E mesmo os filmes com 11 Óscares (O Senhor dos Anéis) têm por trás uma trilogia de livros épica. Por outro lado, sabes que os filmes não têm o "orçamento" que um livro tem - os efeitos, as personagens, a história sofrem porque não há dinheiro para os melhores atores, realizadores e para os tipos que fazem os planetas explodir. Nos livros o limite é a imaginação do autor e do leitor. Dizem os leitores das 50 Sombras de Grey que no filme nem uma pilita se vê. Eu não sei, nunca vi, nem li, mas de tanto falar nisso um dia tenho de os ler. Tirando algumas exceções, as adaptações perdem sempre qualidade e/ou conteúdo. Os livros do Game of Thrones, por exemplo, têm mais personagens e a história é mais profunda. A adaptação é má? Não! É a melhor série de sempre! E quem lê os livros ganha duas vezes. E há ainda aqui outra coisa que os filmes raramente acertam. Adaptações de livros escritos na primeira pessoa - quando o autor escreve "eu fiz", "eu vi", "eu sinto". Adoro este tipo de livros porque a experiência é muito pessoal. Em vez do autor descrever a história de uma personagem, temos acesso aos pensamentos e sentimentos e há experiência de quem vive a história. E passar esse tipo de experiência para um filme é muito difícil. Há bons exemplos? Sim. O "Perdido em Marte" (The Martian) está um livro e um filme incríveis. Há também maus exemplos? Sim. O "Comer Orar e Amar" e o "Livre" são livros muito interessantes, escritos na primeira pessoa, e o filme...beh.
Perdido em Marte. Uma das minhas leituras favoritas do ano passado. O filme também está muito bom. Consome os dois!
Mas esta discussão do "eu vejo o filme" nem faz sentido. Peço desculpa, deixei-me levar. Mas alguma vez vou aprender a fundo alguma coisa vendo um filme? Posso ter um shot de motivação, mas informação concreta sobre como viver bem? Isso não. E quantos livros têm um filme? Pouquíssimos. E há tanta coisa gira para ler, que esperar que se faça um filme disso, e depois o filme sair uma grande merda, é um desperdício.
"Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam! Não duro nem para metade da livraria! Deve haver certamente outras maneiras de uma pessoa se salvar, senão… estou perdido." - Almada Negreiros
Não tenho tempo para ler
Todos temos tempo para o Facebook, Instagram e Snapchat. Temos tempo para ver várias séries, ver notícias e ver televisão. Também arranjamos temos para pensar em problemas que nunca vão acontecer e ler emails "importantes". Temos tempo para tanto que para nada serve, e não temos tempo para ler? Por mais ocupada que seja a tua vida (e se estás a ler este blog não tens uma vida dessas) temos sempre tempo para ler. E também tens tempo para desperdiçar com coisas parvas. Eu tenho e faço-o. Mas também tenho tempo para ler. É ousadia minha dizer o que deves ou não fazer com o teu tempo. Mas ler, dizem os grandes, é um dos hábitos chave. Há que fazê-lo se queremos ser patrões e bosses. E quem não quer ser patrão ou boss?
Ok, já percebi. Mas porquê ler?
Chegámos ao busílis da questão. Se muito podemos fazer com o nosso tempo (sendo também verdade que desperdiçamos muito dele) porquê ler? Porque quando lês aprendes. E quando lês não estás à frente da televisão. E quando lês estás relaxado e estás na esplanada a beber um chá ou um café. Porque ao ler acumulas o conhecimento dos grandes desde à antiguidade. Porque ler é cool e quem não lê não é cool. E porque podes ler sobre tudo o que há no mundo. Sobre surf, meditação, história, ciência e como engatar gajas. Podes também ler bons livros de ficção e ficção científica. E podes ler biografias, que é como uma lição de como ser um gajo que vale a pena ter como amigo.
A biografia de Elon Musk. Um dos melhores livros que li na vida e uma grande fonte de inspiração.
Ler não é uma seca, porque há livros sobre tudo. E a menos que não gostes de fazer nada, vão haver livros para ti e tu vais adorar lê-los. E imagina o que é conhecer um pouco sobre várias coisas e poder conversar com outras pessoas sobre o que elas gostam de fazer. E imagina conhecer histórias que nem no cinema, com limitações financeiras, podem ser representadas. Imagina aprender novas capacidades e, por isso, viver à boss. Ler é isto tudo.
Estou motivado! Por onde começo?
Começa por um livro pequeno. Escolhe um livro de ficção, uma história engraçada, ou um livro de não ficção, sobre alguém ou alguma coisa, que aches interessante. E lê o primeiro capítulo. Se não gostares, escolhe outro. Agora dedica 20 ou 30 minutos do teu dia à leitura. Numa esplanada, na cama antes de dormir ou de manhã depois do pequeno-almoço. Até na casa de banho! Não interessa, escolhe um local confortável e começa a ler que nem um campeão. Se não sabes o que ler, pede sugestões aos teus amigos leitores. Revela-te como um tipo, ou tipa, que agora lê e merece respeito. Ou faz uma pesquisa e encomenda uns livros. Explora o goodreads.com (o Facebook do livros). E se lês em inglês, visita o bookdepository.uk porque tem os melhores preços. Mas isto para ti já é passado? Já lês há muito tempo? Então compra um Kobo e leva os teus livros digitais para qualquer lado. Ler nestes dispositivos é espetacular - podes ter livros muito baratos (ou de borla), são muito leves e práticos e, ao contrário dos tablets ou PCs, não fazem mal aos olhos (a tecnologia do ecrã é diferente do habitual e o ecrã parece uma folha de papel, nem faz reflexo!). E se estás assim tão à frente, e gostas de fazer anotações no teu Kobo, utiliza a minha aplicação, o KoboNotes. Quero também indicar-te também as minhas sugestões, que fui fazendo ao longo de vários posts:
Não te limites e lê sobre o que tu quiseres. Já não estás na escola. Mas, se tiveres, lê também o que tu quiseres e diz à tua professora para colocar o memorial do convento no **. (Agora a sério, não tenho nada contra o "Memorial do Convento". Eu adoro Saramago só que ainda não consegui ler esse livro. Um dia dou-lhe outra oportunidade).
Por último, comenta este post! Quero saber o que achaste das minhas sugestões e quais os teus livros favoritos. E lembra-te - como diziam os Gato Fedorento, quem lê é cool e quem não lê, não é cool - ou qualquer coisa do género.
Ok! Eu sei, eu sei. Quem sou eu para falar de hábitos? Eu que estive 2 meses sem publicar nada n'O Macaco de Imitação, a não ser aquele post sobre a minha primeira aplicação (Kobo Notes). O que é feito da série dos 6 meses e 6 hábitos? Foi toda por água a baixo? Hum...mais ou menos. Comecei este projeto e ainda trabalhei bem nos primeiros 3 hábitos. Comecei a concentrar-me melhor no trabalho e a organizar-me como gente grande. Experimentei, e consegui manter, provisoriamente, um pequeno hábito de meditação. Gostaria de escrever que ainda pratico estes hábitos. Mas não o posso fazer. O que aconteceu? Foi o verão, foi a praia, foram as férias. Foi a preguiça, a falta de atenção ou a atenção que divergiu para outras coisas. Para outros hábitos? Sim. O 4º e 5º hábito desta série (se ainda assim a posso chamar) tocaram-me particularmente forte. São eles "fazer exercício regularmente" e "comer melhor", respectivamente.
Membros da tribo Tarahumara, que adoram correr e que por vezes correm 200km só na "brincadeira". Ouvi falar desta tribo, pela primeira vez, no livro Born to Run. Fotografia de coppercanyonexplorer.com
O primeiro destes hábitos, "fazer exercício regularmente" correu como esperado. Durante esse mês surfei, andei de skate, joguei ténis e corri. Nada de especial, nada de treinos intensivos, nada de que fugisse às expectativas. Comecei a fazer exercício físico, e valeu por isso mesmo. Mas o melhor viria de seguida. Comecei o hábito 5 para aprender a "comer melhor". Não sabia, na altura, o que isso significava. Comer mais sopa? Mais fruta? Menos pão? Começar uma série de pequenos hábitos saudáveis de uma vez? De todos os hábitos até então, nenhum começaria por ser tão difícil, com tanto para aprender e aplicar. Os primeiros dias deste hábito seriam uma miséria, e já poucas esperanças tinha de começar a "comer melhor". Até que encontrei e comecei a ler uns livros... Os próximos 4 livros podem muito bem ter mudado a minha vida radicalmente, mas só o tempo o dirá. Antes de mais, são eles:
Dois livros sobre alimentação (o que deve e não deve ser comido) e outros dois sobre corrida (em particular ultra-maratonas). Digamos que foram os quatro livros mais importantes e motivantes (particularmente o último destes) que li na minha vida.
Born To Run, de Christopher McDougall. Um dos meus livros favoritos de todos os tempos (sim, digo-o muitas vezes, mas a verdade é que os livros não me deixam de impressionar). Imagem de goodreads.com
E depois de ler estes livros os meus hábitos de corrida e alimentação alteraram-se radicalmente. Durante e depois de os ler, comecei a pensar em correr e comer bem durante grande parte do dia. E os meus amigos e família já não me podem ouvir falar destas coisas, particularmente da história dos "hidratos" (tópico que poderá ser explorando num próximo post).
O que aprendi ao ler estes livros? Não consigo explicar tanto, nem faria sentido fazê-lo, neste artigo. Aprendi coisas novas e outras que já sabia (mas que ainda não tinha aplicado ou ainda não tinha sido motivado a ir por esse caminho).
Aprendi a evitar comidas altamente processadas, refrigerantes, hidratos de carbono (os mais processados como a massa e arroz) e a comer verduras a toda a hora. Aprendi que os sapatos de corrida "tradicionais" (que foram inventados apenas na década de 70) causam lesões e que agora existem uns sapatos "minimalistas" que permitem, o mais possível, devolver o movimento natural ao pé. Aprendi que a maior parte dos corredores toca no solo com o calcanhar, e que isso não só está errado, mas é menos eficiente e causa lesões. Motivei-me com a história de pessoas que correm mais de 200km numa única corrida.
E agora o meu dia-a-dia tem sido muito diferente. Já não como, na maioria das vezes, o que costumava comer (e perdi 2/3 kg por causa disso mesmo). Tenho corrido bastante e tenho aumentado substancialmente os km e tempo por cada treino. Corri muitas vezes na praia, corri descalço na ciclovia por outras vezes (sim, descalço; o que parece faz bem) e estou mais motivado do que nunca para acabar a minha primeira meia-maratona em Outubro.
Os 3 primeiros hábitos dos 6 meses e 6 hábitos podem não ter corrido muito bem. Há que voltar a ganhá-los para conseguir trabalhar melhor. Mas estes dois últimos, que tão importantes são, foram "atacados" com uma força que não sabia ter. Gosto de pensar que compensei.
Mas muito ficou por falar sobre alimentação e corrida, que tanto espaço mental me ocupam por estes dias. Haverão mais posts sobre isso n'O Macaco. Só espero que não sejam apenas daqui a mais 2 meses.
Tenho andado desaparecido d'O Macaco deImitação. Acontece que quando um desafio me bate forte, não consigo largá-lo nempor um momento. Além disso, estive de férias e, sinceramente, tive um bloqueio criativo que limitou (em 100%) a quantidade de posts escritos.
No último mês tenho andando a aprender a fazerwebsites usando várias linguagens de programação (HTML, JavaScript, CSS, PHP,MySQL...) e explorando ferramentas como Bootstrap e Wordpress. E enquanto faziaas aulas deste curso online fui apontando ideias depequenas aplicações que pudesse fazer. Daí nasceu um pequeno projeto chamadoKoboNotes.
Se és leitor d'O Macaco há uns tempos, oumesmo sem o ser, é fácil de perceber que adoro ler. No ano passado li mais de 40 livros, quase todos utilizando o meu eReader Kobo Aura. Éfácil de ler com o Kobo, porque posso transportar centenas de livros ao mesmotempo, é leve e cabe-me no bolso. Com o Kobo é mais fácil ler muito, e aprendercoisas novas (temas que irei explorar num próximo artigo).
Com o Kobo também posso sublinhar partes dos livros e mesmo tirar notas para ler mais tarde. Acontece que não existem (ou existiam!) boassoluções para retirar essas notas do Kobo, organizá-las, e lê-lasno computador, no telemóvel, ou em qualquer lado. E isso chateava-me. Se querialer todas as notas que tinha de um livro, e se queria guardá-las no PC,demorava quase uma hora a organizá-las. Decidi, por isso, com as minhas novasskills de programação web, desenvolver uma nova ferramenta para extrair eorganizar essas notas tiradas do Kobo.
O KoboNotes já está online! Se tens umeReader Kobo, se conheces alguém que o tenha, ou se estás curioso quanto àaplicação, convido-te a visitar o website (nele apresento uma conta de teste para testares o KoboNotes à vontade).
Notas de um dos últimos livros que li, "Why We Get Fat". Esse será o tema de um próximo artigo.
Com o KoboNotes, precisas apenas de fazerupload de um ficheiro que está nas pastas do teu Kobo, e todas as tuaspartes sublinhadas e notas nos livros que leste são transferidas para o site eorganizadas. Podes depois ler essas notas quando quiseres (podes fazer umaconta e os teus dados são guardados) e até usando qualquer dispositivo.
O KoboNotes, apesar da sua pequenacomplexidade, não se fez sem os seus desafios. Não em termos de programação eestética do website, que apesar de ter dado algum trabalho, é algo que se vai fazendo.O verdadeiro desafio foi, e irá continuar a ser por algum tempo, convencer os utilizadoresdo Kobo a usar o KoboNotes. Logo que apresentei a aplicação em vários fóruns,comunidades e páginas relacionadas com eReaders, fui inundando de questõessobre a segurança do site. Garanti que não guardava nenhuns dadossensíveis sobre o dispositivo Kobo das pessoas, mas mesmo assim, acredito havermuitos leitores desconfiados.
Parte do Q&A do KoboNotes. Aqui respondo a várias dúvidas sobre a utilização da aplicação.
Descobri que até uma pequeníssima aplicação podeter grandes desafios. Não faltaram pequenos artigos doutros blogs sobre o KoboNotes,mas todos eles colocavam algumas reservas quanto à aplicação. Logo lhesexpliquei e clarifiquei alguns pontos e até acrescentei uma secção de perguntase respostas no site, para tirar todas as dúvidas que pudessem surgir.
Agora sóo tempo dirá se o KoboNotes será uma aplicação de valor para todos os que gostam de ler. Nestemomento sei que tenho alguns utilizadores, e isso já me deixa feliz.
E foi nisto que "gastei" parte do meu tempo noúltimo mês. Fiz outras coisas, tal como começar o 5º hábito da série "6 meses e 6 hábitos" e ler muitas coisas sobre corrida e alimentação. Mas isso éconversa para um próximo post.
Este artigo foi diferente do habitual. Em parte umadesculpa de porque não publiquei nada no último mês, mas também uma apresentaçãoda minha primeira (e pequeníssima) aplicação. Espero que tenham gostado doKoboNotes!
Não reparamos, mas passamos o dia todo a falarconnosco. É como se tivéssemos sempre na presença de uma voz que nos vainarrando o dia, que se arrepende do que fez ontem e se preocupa com o dia de amanhã. Esta fala connosco e nós respondemos-lhe usando a mesmalinguagem silenciosa.
Cada um de nós tem um destes "amigos" internos. Basta olhar para as pessoas que connosco partilham o metro, e logonos apercebemos que elas estão perdidas no mundo dos pensamentos, dasemoções, das preocupações, dos desejos. Cada um a olhar por si, sem reparar no mundoque se lhes é apresentado.
Os pensamentos que vamos tendo ao longo do diatêm uma razão de ser. Eles dizem-nos o que queremos e o que devemos fazer. Eles preparam-nos para o que está para vir.Mas também assumem uma importância desproporcionada, e alguns destespensamentos deixam-nos infelizes e agarrados a preocupações que, vistas deoutra perspetiva, não têm qualquer sentido. Além disso, é incrível a quantidade depensamentos e ideias que temos por dia, tal como percebei há pouco tempo.
Porque, ainda que custe acreditar, ospensamentos não são reais. Não é porque me preocupar que amanhã não vouconseguir pagar as contas, que tal vá acontecer. Não sendo reais, gastarenergia preocupando-nos com certos pensamentos, é umdesperdício. Mas é mais fácil escrever do que fazer.
Triste é perceber que uma vez passado tanto tempo no mundo interno dospensamentos, deixamos passar coisas incríveis que acontecem à nossa volta. Nãovemos a beleza que há no mundo, não vemos e ouvimos as pessoas, mais ou menosdesconhecidas, e não percebemos o que estamos a perder.
Devemos começar a tratar os pensamentos, e avoz que connosco fala, de outra forma – dando-lhes mais ou menos importância,conforme seja necessário. Qual é o truque para adquirir tal força mental? Ameditação.
Quando temos um pensamento, a primeira reaçãoé começar a "falar" com ele. Facilmente passamos de um pensamento levementenegativo para qualquer coisa como "vou ficar pobre". Isso acontece porque nosdeixamos levar pela corrente de pensamentos e porque reagimos instintivamente e inconscientemente aesses pensamentos. Porque queremos logo justificar e tratar do assunto e falarsobre esse "amigo" interno. Porque acreditamos que esses pensamentos são reais.
Mas, se de outra forma, analisamos o pensamento não como protagonistas, mas na perspectiva de uma terceira pessoa, conseguimos criar uma barreira entre o pensamento e a ação. Com isso, conseguimos avaliaraquilo que estamos a sentir e refletimos e agimos sem stress (ou com menos stress).
A meditação ensina-nos a lidar com todo o tipode pensamentos e emoções consequentes. Ensina-nos não a eliminar os pensamentosnegativos, mas "conversar" melhor com eles, para que estes não nos levem abaixo. Até uma prática de 5 ou 10 minutos de meditação por dia pode trazer-nos resultados incríveis, diminuindo drasticamente a ansiedade e ajudando-nos a estar mais presentes.
Como explico num post anterior,a meditação ajuda-nos a focar naquilo que de verdade importa e é um hábitomuito fácil de começar. Nesse post mostro como fazê-lo.
Decidi fazer da meditação o 3º hábito da minha série de 6 meses e 6 hábitos. No mês de Abril, o meu objetivo é meditartodos os dias, de manhã, durante 5 minutos. Já tentei meditar noutras alturasmas sem sucesso. Mas agora, com a "bagagem" que ganhei com os últimos 2 hábitos, estou confiante que desta vez consiga ganhar o hábito.
Num próximo post irei explicar melhor comocomecei a meditar e porque acho que ele me irá ajudar neste processotodo dos 6 meses e 6 hábitos. Até lá, Carpe Diem.
PS: Nesta "onda" da meditação, estou a ler o livro 10% Happier. Este livro conta a história de Dan Harris, um jornalista americano, que teve um ataque de pânico em direto na TV. Dan conta-nos como lidou com a situação nos anos seguintes, e como a meditação e mindfulness o ajudou a superar os seus problemas de ansiedade e a apreciar as pequenas coisas do dia-a-dia. Mesmo sendo o Dan, no início, extremamente cético em relação a este tipo de coisas. Aconselho vivamente a leitura deste livro.
10% Happier, Dan Harris. Imagem retirada de goodreads.com
Nos últimos anos desenvolvi um hábito de leitura que apenas consistia em ler não-ficção – aprender a ser um melhor estudante, a perceber melhor o mundo e a ser mais produtivo. Mas por muito interessantes que os livros de não-ficção sejam, comecei a ficar cansado. Faltava-me arte na leitura. Por isso decidi mudar a minha rotina. Durante o dia lia não-ficção e durante a noite apenas lia ficção. E posso dizer que encontrei benefícios bastante interessantes. Ler ficção pode ter alguns dos benefícios de ser ler não-ficção enquanto se explora histórias e mundos.
Existe até uma terapia baseada na leitura de certos livros e poemas que tem ajudado muitas pessoas há séculos. Com a ficção conseguimos perceber outras pessoas e trabalhamos a nossa criatividade. Partilho agora os benefícios de ler ficção que descobri tanto por experiência própria e através de pesquisas.
Os benefícios de ler ficção
1. Maior Empatia
Ler ficção é, na minha opinião, a melhor maneira de nos pormos nos sapatos de outra pessoa e desenvolver empatia. Além disso, um estudo mostrou que imaginar histórias ajuda a ativar as regiões no nosso cérebro responsáveis na compreensão de outras pessoas e adotar perspetivas diferentes. Nesse estudo, o psicólogo Raymond Mar analisou 86 testes de ressonâncias magnéticas. Concluiu que existe uma sobreposição substancial nas redes neuronais utilizadas para compreender histórias e também para a interacção com outros indivíduos.
2. Alívio de Stress
O nosso cérebro não consegue trabalhar na sua capacidade máxima durante todo o dia. Quando tal é necessário, precisamos de períodos de descanso para voltar a trabalhar ao mais alto nível. Notei que ao ler não-ficção não consigo descansar, porque estou ativamente a refletir sobre o que leio. Em vez de descansar e deixar assentar as ideias, acontece-me o contrário. Surgem-me várias pensamentos; "posso aplicar isto!", “é uma excelente ideia para escrever no blog!”, e por aí em diante. Até o carro de corrida mais rápido não ganha com, pelo menos, uma ou duas paragens. O mesmo acontece connosco. Caso não implementemos essas paragens nos nossos dias, é impossível conseguirmos agir com alto desempenho. Ler ficção é um excelente hábito para um bom descanso mental. Ler, segundo um artigo do The New Yorker, mostrou-se semelhante à meditação, trazendo os mesmos benefícios de saúde que relaxamento profundo e calma interior. Este artigo indica também que leitores regulares dormem melhor. Estes têm menores níveis de stress, maior auto-estima e têm menores hipóteses de desenvolver depressões comparativamente a quem não lê. O que nos leva ao ponto seguinte.
3. Dormir Melhor
Incorporei a leitura de ficção na minha rotina para dormir. Foi das melhores coisas que podia ter feito. Depois de ler durante 30 minutos, pouso o livro na mesa de cabeceira, apago as luzes e adormeço instantaneamente.
Ter uma rotina para dormir ajuda-nos, na minha opinião, a dormir melhor e a preparar para o dia seguinte. O mais importante é fazer, por último, a atividade que nos desliga totalmente de tudo – ler ficção.
O viciado em produtividade, Tim Ferriss, acredita também no poder de ler ficção antes de dormir. Neste excelente artigo, Tim defende que não se deve ler não-ficção antes de dormir, porque isso leva-nos a especular sobre o futuro e traz-nos preocupações. Ao invés, recomenda ler ficção, para que nos desperte a imaginação e nos obrigue a estar com atenção à história, que nos traz uma abstracção de tudo o resto.
4. Melhor Memória
Nós conseguimos memorizar histórias muito bem. E neste estudomostrou-se que os leitores têm uma menor perda de memória ao longo da sua vida, comparativamente a quem não lê regularmente. Os idosos que tinham o hábito de ler revelaram, comparativamente a quem não lia, ter um ritmo de perda de memória 32% menor. Noutros estudos, mostrou-se também que quem lia regularmente apresentava menos características de Alzheimer.
5. Maior Vocabulário
Todos nós temos interesse em desenvolver um vocabulário em que nos possamos expressar e interagir melhor com os outros. Pessoalmente, acho que não tenho um vocabulário muito desenvolvido, e reparei nisso quando comecei a ler ficção de novo.
Um estudo da Universidade de Emory comparou os cérebros de pessoas que leram um livro de ficção ao longo de nove noites, com pessoas que não leram. Esse estudo demonstrou que os cérebros de quem leu apresentavam uma maior atividade no córtex temporal esquerdo, a área responsável pelo entendimento da linguagem.
Um outro estudo analisou os resultados de testes de milhares de pessoas, e chegou à conclusão, esperada, de que quem lê mais ficção tem um maior vocabulário. Mas tiveram uma outra conclusão inesperada – a diferença de vocabulário entre leitores e não leitores de ficção é enorme, como se pode verificar no gráfico abaixo.
Será que ao lermos sobre minorias ficamos mais inclusivos e tolerantes? Um estudo, publicado no Journal of Applied Social Psychology, indica que sim.
Estudou-se se a leitura de livros sobre discriminação teria efeitos na atitude perante minorias. Foram feitas três experiências, nas quais os estudantes leram passagens dos livros de Harry Potter sobre discriminação. Esses estudantes revelaram mudanças de opiniões sobre tudo, desde imigrantes até estudantes homossexuais. Tal aconteceu porque os leitores conseguiram adotar o ponto de vista de grupos marginalizados. Pergunta: Consegue notar alguma diferença em si mesmo quando lê ficção? Quais são os seus livros e géneros literários favoritos? Partilhe a sua resposta nos comentários!
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ORodrigo Veríssimo escreve em RodrigoVerissimo.com, onde fala sobre produtividade e crescimento pessoal. É também Estudante de Engenharia e Mentor de alunos de 1º ano e de Erasmus.
Se quiseres aprender a ser mais produtivo, a eliminar distrações e a ser melhor todos os dias, inscreve-te na sua newsletter grátis. Irás receber um eBook grátis como agradecimento. Segue também o Rodrigo Veríssimo no Facebook.
Ler é das melhores coisas que podemos fazer. É um investimento do tempo em aprender algo novo, em ganhar temas de conversa e em entender outras pessoas. De entre as muitas novidades de 2015, este foi um ano de muita leitura. Li vários blogs, como o WaitButWhy e o HighExistence, e li 42 livros. 42! Dobrei o meu recorde do ano passado. Fiz um trabalho árduo de seleção e apresento neste post os meus 5 livros favoritos deste ano. São aqueles que me transportaram para um mundo diferente, que me fizeram ver o mundo de outra maneira e me ensinaram mais do que poderia esperar. Se quiseres saber mais sobre os 42 livros que li este ano, segue para o meu perfil do Goodreads.
#1 – Ready Player One, Ernest Cline
Ready Player One acontece em 2044, num mundo já muito diferente do atual. Existem grandes problemas ambientais, há muita pobreza e, para fugir de tudo isto, as pessoas vivem ligadas num mundo virtual chamado OASIS. No início do livro, o criador deste mundo morre inesperadamente, e deixa toda a sua fortuna a quem conseguir encontrar um Easter Egg no OASIS. E mais não posso contar, não quero estragar a surpresa.
Ready Player One, Ernest Cline. Imagem retirada de goodreads.com
Este é um daqueles livros que, uma vez começados, não conseguímos largar. Se tivesse de escolher apenas um livro para ler este ano, seria o Ready Player One. Em termos de ficção científica, e na minha opinião, é melhor que outros grandes livros que li este ano, como o The Martiane o The Old Men’s War. Se quiseres ficar a conhecer os melhores livros de ficção científica (do século XXI), aconselho-te esta lista.
#2 - Sapiens: a brief history of humankind, Yuval Noah Harari
WOW!! Queres ler um livro sobre a história da humanidade? Este é o livro. Incrivelmente bem escrito, Sapiens aborda a história da humanidade desde a altura em que o nosso antepassado era um de muitos outros "macacos", passando pela revolução cognitiva, agrícola e industrial. Sabias que houve um tempo em que co-existiram 6 espécies de humanos no planeta? Ou que a revolução agrícola, embora seja o pilar do nosso crescimento, tornou-nos, muito provavelmente, pessoas mais infelizes?
Sapiens: a brief history of humankind, Yuval Noah Harari. Imagem retirada de amazon.com
Este é um livro que justifica o gosto pela leitura. Depois de ler Sapiens, qualquer leitor ganha uma nova perspectiva sobre a nossa espécie, sobre o seu efeito no planeta Terra e a nossa (má) influência sobre outros animais e plantas.
#3 – O Evangelho segundo Jesus Cristo, Saramago
Ao ler o Evangelho segundo Jesus Cristo, é fácil perceber a genialidade do prémio Nobel português. Não é só a história (com alguma ficção) sobre a vida de Jesus Cristo, mas a forma como Saramago a escreve, e todos os sentidos que podemos tirar das suas páginas.
O Evangelho segundo Jesus Cristo, Saramago. Imagem retirada de fnac.pt
Não consigo acrescentar mais nada sobre este livro. Há que ler para crer. É, à semelhança de outros livros de Saramago, uma obra de arte.
#4 – Learned Optimism, Martin E.P. Seligman
Este é um livro que fala sobre otimismo e pessimismo. Martin E.P Seligman, um dos "pais" da psicologia positiva, analisa a maneira como as pessoas pensam, e os efeitos que esses pensamentos têm nas suas ações e sucesso. Para saberes mais sobre este livro, segue este link para outro post n’O Macaco de Imitação. Aí analiso o Learned Optimism em detalhe, e também a ciência do otimismo e pessimismo.
Learned Optimism, Martin E.P. Seligman. Imagem retirada de goodreads.com
Aconselho vivamente a leitura de Learned Optimism. Foi o melhor livro de psicologia que li este ano, e talvez na vida toda. Se queres perceber a forma como pensas, se és pessimista ou otimista, e como podes melhorar a tua vida ao pensar de outra maneira, precisas de ler este livro.
#5 – The Year of Living Biblically, A.J. Jacobs
A. J. Jacobs decide, durante um ano, viver segundo todas as regras da bíblia. Este desafio leva-o a muitos locais nos EUA e a Jerusalém, conhecendo pessoas altamente religiosas. Ao longo desse ano, consegue tornar-se uma pessoa melhor, ao seguir regras como não mentir e agradecer por tudo na sua vida.
The Year of Living Biblically, A.J. Jacobs. Imagem retirada de goodreads.com
Este livro vem no seguimento do seu primeiro livro, The Know It All, em que A.J. desafia-se a ler a Encyclopædia Britannica (+- 30.000 páginas). Neste livro relata aquilo que vai aprendendo e como toda essa nova informação impacta a sua vida. Durante esse ano conhece também pessoas muito inteligentes e participa no Quem Quer Ser Milionário. Os livros de A. J. Jacobs são muito divertidos. Além disso, inspiraram-me a fazer os meus próprios desafios, tais como aprender piano em 20 horas, fazer exercício todos os dias durante um mês, e estar uma semana sem usar a internet. Nota final: Ler é das melhores maneiras de aprender coisas novas. Se não o fazes frequentemente, considera ler uns bons clássicos, ou livros de não-ficção sobre temas que aches interessante. Ou então lê algum destes 5 livros. Prometo-te que vais gostar e, em pouco tempo, vais ficar viciado na leitura.
No início do ano desafiei-me a ler 20 livros. Com o final de Maio, estou a 2 livros de cumprir esse objetivo. Este mês explorei 4 livros que estavam na minha lista há algum tempo. Em primeiro lugar, aprendi sobre introvertidos e o papel que eles têm no mundo. De seguida, li o relato impressionante de um homem que escalou o Evereste. Explorei também a vida de um astronauta, e o que este nos tem a ensinar sobre como viver melhor na Terra. Por fim - porque este assunto é cada vez mais importante para mim - li um livro sobre como escrever melhor.
Se não tens a certeza sobre o teu nível de introversão-extroversão, segue este link e testa a tua personalidade. Como já tenho escrito n'O Macaco de Imitação, é importante conhecermo-nos para que, se for necessário, alteremos o nosso comportamento. Nesse aspeto, este é um livro muito interessante para introvertidos.
Vivemos numa sociedade que idolatra o extrovertido; o tipo que vai às festas; o tipo que nunca se cala e parece estar sempre divertido; e esquecemo-nos que há vantagens em ser mais reservado e pensar antes de agir. Com Quiet, percebemos as diferenças entre introvertidos e extrovertidos. Entendemos também por que algumas coisas da sociedade moderna - como sessões de brainstorming e open-offices - podem não funcionar para algumas pessoas.
Acho interessante quando Susan Cain escreve sobre como as pessoas "recarregam as baterias". Os extrovertidos alimentam-se das festas, barulho e da interação entre muitas pessoas. Pelo contrário, os introvertidos, embora possam gostar de festas, sentem a necessidade de estar sozinhos, pois é aí que vão buscar a sua energia.
Com a leitura de Quiet, percebo que é importante cada um respeitar a sua personalidade na altura de procurar atingir um objetivo. Mais não digo, tens de ler o livro.
It makes sense that so many introverts hide even from themselves. We live with a value system that I call the Extrovert Ideal—the omnipresent belief that the ideal self is gregarious, alpha, and comfortable in the spotlight.
The more creative people tended to be socially poised introverts...As teens, many had been shy and solitary.
Nor are introverts necessarily shy. Shyness is the fear of social disapproval or humiliation, while introversion is a preference for environments that are not overstimulating. Shyness is inherently painful; introversion is not
We need to find a balance between action and reflection.
Some people act like extroverts, but the effort costs them in energy, authenticity, and even physical health.
According to Free Trait Theory, we are born and culturally endowed with certain personality traits—introversion, for example—but we can and do act out of character in the service of “core personal projects.
Porque é que as pessoas decidem escalar montanhas? Foi esta a questão que me levou a ler Into Thin Air de Jon Krakauer. Será pela fama? Para se sentirem ligados à natureza? Podes encontrar as respostas neste livro. Into Thin Air é uma história, verídica, de um jornalista-alpinista, convidado a escalar o Evereste, com vista a publicar um artigo sobre a massificação do turismo na montanha mais alta do mundo. Infelizmente, tudo o que tinha para correr mal correu, e esse foi um ano particularmente sangrento nos Himalaias.
Jon Krakauer é também autor do famoso livro, com adaptação cinematográfica, Into The Wild. A sua escrita encanta qualquer leitor. Nesta minha aventura pelos Evereste, aprendi sobre toda a segurança à volta da escalada, sobre este tipo de turismo e sobre a ambição humana. Este livro fascinou-me.
É no verão de 1969, ao ver o primeiro homem a pisar a Lua, que Chris Hadfield, então com 9 anos, decide ser astronauta. Segue-se uma vida de trabalho para atingir esse sonho. Fascina-me a personalidade deste senhor, porque toda a vida se preparou para uma aventura que podia nunca ter acontecido. Na sua altura, não haviam sequer astronautas canadianos, então a probabilidade de Chris ir ao espaço era muito remota. Mas o seu pensamento foi sempre o mesmo; "é praticamente impossível ser astronauta, mas pelo sim pelo não, vou preparar-me."
O livro guia-nos através da vida de Chris Hadfield; da sua preparação para se tornar o primeiro canadiano a fazer uma "caminhada" no espaço. Chris foi também o primeiro canadiano a comandar uma missão na Estação Espacial Internacional. E, lá em cima, fez uma série de vídeos - com imenso sucesso no YouTube - que mostravam como era viver sem gravidade. Além disso, Chris Hadfield gravou o primeiro video-clip no espaço.
Chris Hadfield é a prova de que, trabalhando muito, podemos atingir qualquer sonho. Em An Astronaut's Guide to Life on Earth, Chris escreve sobre a sua jornada, o que aprendeu sobre a vida na Terra, e como devemos encarar a nossa vida e objetivos. Chris Hadfield é uma verdadeira inspiração. Deixo aqui algumas das frases do livro:
Like most astronauts, I’m pretty sure that I can deal with what life throws at me because I’ve thought about what to do if things go wrong, as well as right. That’s the power of negative thinking. If you start thinking that only your biggest and shiniest moments count, you’re setting yourself up to feel like a failure most of the time. Personally, I’d rather feel good most of the time, so to me everything counts: the small moments, the medium ones, the successes that make the papers and also the ones that no one knows about but me. The truth is that I find every day fulfilling, whether I’m on the planet or off it. I work hard at whatever I’m doing, whether it’s fixing a bilge pump in my boat or learning to play a new song on the guitar.
Com a escrita d'O Macaco de Imitação, nasceu também a necessidade de aprender a escrever melhor. Como ainda estou longe dos meus objetivos enquanto escritor, decidi, em Maio, investir num livro recomendado por Tim Ferriss, um dos meus ídolos. On Writing Well é o primeiro livro que leio deste género. No final, fiquei mais sensível e consigo distinguir um bom texto de um texto menos bom. Aprendi muitas técnicas para escrever melhor, mas, como qualquer skill, é preciso muito treino para passar da teoria à prática.
Para captar o leitor, ou passar a informação de forma eficaz, há que ter uma escrita simples, sem floreados desnecessários, usando palavras curtas e respeitando o ritmo natural da leitura. Estas são algumas das dicas de William Zinsser. Aconselho a leitura de On Writing Well a todas as pessoas. Até para quem não escreve mais que um email ou sms. Deixo aqui duas das minhas frases favoritas de On Writing Well:
Nobody told all the new e-mail writers that the essence of writing is rewriting.
Clutter is the official language used by corporations to hide their mistakes.
William Zinsser faleceu dia 12 de Maio, alguns dias antes de começar a ler On Writing Well. Acabei por ler o livro com mais atenção. Pensei que, como qualquer escritor, ficaria feliz ao saber que a sua mensagem era passada mais uma vez.
Iniciando o mês de Maio, é tempo de analisar os livros que li em Abril. Se ainda não leste o post de Março, fica aqui o link. Desde que tenho o kobo, tenho escolhido os livros "a dedo", com ajuda do Goodreads. Se gostas de ler e não conheces esta rede social, convido-te a experimentar. É similar ao IMDb mas com foco nos livros. Podes aceder à pontuação do livro dada pelos utilizadores, criar listas de leitura, indicar os livros que já leste, queres ler e que estás a ler neste momento. Tudo isto e muito mais.
Em Abril comecei por explorar a ciência do otimismo e a discussão que geramos dentro da nossa cabeça. Cansado do stress do dia à dia, li um livro sobre como relaxar e aproveitar os pequenos prazeres da vida. Passei para os clássicos, li O grande livro de Stephen Hawking e inspirado para pensar sobre o futuro do universo, li um clássico de ficção científica. Para acabar o mês em grande, decidi experimentar o livro que nos promete que abrir uma empresa pode custar tão pouco como 100 dólares. Aqui segue a lista dos 5 livros que li em Abril:
Este é um livro que fala sobre otimismo e pessimismo. Martin E.P, Seligman analisa a maneira como as pessoas pensam e contam histórias a si mesmas e os efeitos que esses pensamentos têm nas suas ações e sucesso pessoal. Aconselho vivamente a leitura de Learned Optimism porque ao lê-lo e ao fazer o teste que eles nos coloca, conseguimos perceber se somos maioritariamente otimistas ou pessimistas e o que podemos fazer para melhorar a forma como pensamos. Para saberes mais sobre este livro, segue este link para um post que fiz recentemente, onde analiso este livro em detalhe e a ciência do otimismo e pessimismo. Tenho a certeza que vais achar Learned Optimist tão interessante quanto eu achei.
Tom Hodgkinson coloca-nos a vida em perspectiva e faz-nos analisar o ciclo de trabalho-descanso. Apesar de exagerar um pouco por vezes e parecer um eterno preguiçoso, há grandes verdades em How To Be Idle e por isso recomendo-o. Neste livro percebemos porque é que esta sociedade bebe muito café, o que significa "o mundo real de trabalho", entendemos a pressão que existe na sociedade atual para que cada pessoa defina uma especialidade e, mais que tudo, na sua obsessão pelo trabalho.
Tom Hodgkinson fala dos pequenos prazeres da vida, tais como ler, meditar e acordar tarde. Além disso, consegue transmitir uma grande profundidade com algumas coisas que escreve. Seguem algumas passagens do livro, traduzidas para português:
"O café é para vencedores, pessoas que vão atrás, que ignoram chá, cancelam almoços, acordam cedo, que se envergonham do seu empenho, são obcecados por dinheiro e por status e são pessoas lunáticas vazias espiritualmente."
"Será que o "mundo real" significa trabalhar no duro, todo o dia, para produzir coisas inúteis que tornam as outras pessoas mais pobres e infelizes?"
"Esquece todo esse lixo sobre teres de te especializar em uma área e torna-te um "homem dos sete ofícios". Aprende a cuidar de ti mesmo. Pinta, lê, escreve e toca música. Torna-te mediano em várias coisas ao invés de muito bom numa só coisa."
Breve História do Tempo é um livro que te faz sonhar sobre o universo, escrito pelo famoso físico Stephen Hawking. Provavelmente não irás gostar muito do livro se não tiveres um interesse forte por ciência, porque Stephen Hawking entra em detalhe sobre as teorias físicas. Neste livro fiquei a perceber a história da física e as contribuições que grandes cientistas como Newton e Einstein tiveram para formular as leis físicas que regem o nosso mundo.
Neste momento existem duas grandes teorias que explicam o universo: a teoria da relatividade geral e a teoria quântica. Grande parte do trabalho de Stephen Hawking é tentar perceber como é que estas duas teorias podem ser agrupadas numa grande teoria de tudo. Este é um livro fascinante que terão de ler pelo menos uma vez na vida.
Este livro é um grande clássico, escrito pelo famoso pai da ficção científica, Issac Asimov. Desde já quero esclarecer que este livro pouco tem a ver com o filme que nele se inspirou. Eu, Robot é um pequeno livro que agrega algumas histórias sobre a (futura) evolução da inteligência dos robô e sobre os problemas cognitivos que foram surgindo nessa evolução.
Neste livro, Issac Asimov apresenta-nos as 3 leis respeitadas por qualquer robô construído pelo homem:
1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2ª Lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos excepto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
3ª Lei: Um robô deve proteger a sua própria existência desde que tal protecção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Lei.
Aconselho vivamente a leitura desde clássico que nos faz pensar sobre a humanidade e sobre os desafios que teremos no futuro.
Em "The $100 Startup", Chris Guillebeau mostra-nos como podemos abrir um negócio com tão pouco como 100 dólares e trabalhar em algo que valorizamos. Ao longo do livro, Chris Guillebeau aprensenta-nos a história de pessoas que decidiram "romper" com o caminho convencional de carreira e criar um negócio à volta de coisas que valorizavam, obtendo grandes resultados. Além disso, "The 100$ Startup" introduz técnicas para começar e melhorar o nosso negócio.
Deixo algumas passagens do livro, traduzidas para português, que achei muito interessantes:
"Não existe um programa de reabilitação para pessoas que são viciadas na liberdade. Depois de veres o que está do outro lado, boa sorte em tentar seguir as regras de outra pessoa mais uma vez."
"O valor é criado quando uma pessoa faz alguma coisa de útil e a partilha com o mundo."
"Paixão ou habilidade + utilidade = sucesso."
"Constrói qualquer coisa que desejes comprar e outras pessoas também o vão querer provavelmente"
"Um bom lançamento (produto, serviço, etc) é como um filme de Hollywood. Primeiro vais ouvir falar dele muito tempo antes do lançamento, depois ouves falar mais sobre ele antes da estreia e no final vês a multidão de pessoas a aguardar ansiosamente pelo lançamento do filme."
"Não precisas da permissão de ninguém para seguir os teus sonhos"
"Don't waste your life living someone else's life" - Steve Jobs Espero que tenhas gostado deste pequeno conjunto de livros. Se leste qualquer um deles, comenta em baixo a tua opinião sobre este. E já agora, quais são os clássicos que pretendes ler? Quais foram os livros que te inspiraram?
Já referi n'O Macaco de Imitação o meu gosto pela leitura. A ler aprendemos mais sobre o mundo que nos rodeia. A ler ficção somos projectados para mundos diferentes onde tudo é possível e a ler não-ficção conhecemos histórias sobre pessoas que fizeram coisas incríveis e aprendemos mais sobre nós mesmos.
Além de haver grandes livros por aí, há blogs incríveis com projetos muito interessantes. Esta semana apresento-vos uma série de blogs nacionais e internacionais que costumo seguir e que vos recomendo.
Dos melhores blogs de humor Portugueses da atualidade! Não acreditas? Então segue o link e fica a conhecer este blog onde Doutor G, licenciado em sexologia, "explica como se faz". Além de grandes artigos de humor, Por Falar Noutra Coisa tem artigos sobre o (mau) estado de coisas em Portugal e alguns artigos mais sérios e que puxam mais ao sentimento. Por Falar Noutra Coisa é a prova que há bons bloggers em Portugal.
Ilustrações que acompanham os post de Wait But Why.
Além disso, os posts são MUITO divertidos, sempre acompanhados de desenhos para ilustrar os pontos fundamentais e estão muito, mas mesmo muito bem escritos. Os posts de Wait But Why são gigantes, mas isso não afasta os 120.000 subscritores do blog e os 200.000 fãs da página do facebook. Isto só prova que os posts têm muita qualidade e que vale a pena passar uns largos minutos a ler essas obras de arte.
Este blog fala maioritariamente sobre desenvolvimento pessoal. Tem grandes posts sobre psicologia, problemas sociaise livros. High Existence não é o típico blog em que os artigos sobre desenvolvimento pessoal são apresentados de uma maneira vazia de conteúdo. Tem de facto grandes posts com informação de qualidade, como por exemplo este artigo sobre hábitos. Eu sei que estes posts são bons porque apresentam a informação de forma cuidada e detalhada (e por isso são grandes), ao contrário de outros blogs que fazem por dia imensos posts com títulos muito sugestivos, mas que depois são pequeníssimos e dizem sempre a mesma coisa. Aconselho vivamente o High Existence.
Neste blog Português temos tudo sobre viagens e sobre sair de casa e visitar o que há de bom em Portugal e lá fora. Temos ainda notícias, gastronomia, curiosidades, fotografia, voluntariado, entre outros. Próxima Viagem é um daqueles blogs portugueses que só faz é bem acompanhar.
The Art of Non-Conformity foi criado por Chris Guillebeau, que a certa altura visitou todos os países do mundo! Este blog fala sobre viagens, sobre desenvolvimento pessoal e contém muitas dicas para quem quer começar o seu próprio negócio. Além deste blog, Chris Guillebeau escreveu alguns livros, sendo um deles aquele que estou a ler de momento, The 100# Startup. Vais ficar inspirado seja ao ler o blog ou qualquer um dos livros de Chris Guillebeau. E cuidado com alguns dos seus posts! Pode ter como consequência largar tudo e ir viajar.
Zen Habits e Om Swami são dois blogs que dão dicas sobre como relaxar e viver de maneira mais simples e feliz. Além disso, apresentam algumas maneiras de melhorar a nossa produtividade todos os dias para que possamos ter mais tempo para fazer as coisas que são mais importantes para nós.
Estes blogs são apenas 7 dos muitos projetos com enorme qualidade espalhados pela net. Se não costumas ler blogs, porque não experimentar? Acho que vais ficar muito surpreendido pela positiva.
Tal como fiz no mês passado, volto a apresentar os livros que tenho lido. Se em Janeiro e Fevereiro li 5 livros, agora li quase o mesmo número apenas em apenas 1 mês. Ler é um vício e desde que comprei o Kobo (ereader) tenho lido cada vez mais. Gosto de ler ficção científica, histórias de pessoas extraordinárias, ciência e psicologia. Neste post apresento os 4 livros que li em Março:
Livre encaixa na categoria de histórias extraordinárias. Cheryl Strayed decide largar tudo, juntar todo o pouco dinheiro que tem e caminhar a Pacific Crest Trail, um trilho que se estende desde a fronteira Estados Unidos com o México, até ao Canadá. Esta história real, relatada na primeira pessoa, transmite emoções que raramente se sente quando se lê um livro.
A força de vontade de Cheryl Strayned é incrível e contagiante. Se quiserem também podem ver a adaptação cinematográfica do livro, nomeada para os Óscares de 2014. Mas, se estão atraídos pela história, sugiro a leitura do livro porque é muito mais completo e emocionante que o filme.
Já falei várias vezes deste livro no O Macaco de Imitação. Neste post, não só faço um resumo dos pontos essenciais do livro, bem como adiciono algumas outras coisas que acho importantes.
Com "As primeiras 20 horas", Josh Kaufman mostra-nos que é possível ser razoavelmente bom em qualquer coisa com apenas 20 horas de treino. Além disso, apresenta-nos o método para o fazer corretamente, garantindo que tiramos o melhor proveito possível dessas 20 horas. Aconselho-te a ver o vídeo seguinte, onde Josh fala sobre as suas experiências e resume todo o seu método para aprender qualquer coisa rapidamente.
Este é com certeza um dos livros que mais impacto teve na minha vida. Mudou a minha perspectiva sobre a educação formal. Sei agora que não é necessário estar numa escola para aprender qualquer coisa. Se adoptarmos um bom método e encaramos positivamente novos desafios, podemos aprender melhor e mais rapidamente. Esses conhecimentos podem tornar a vida mais divertida, além de oferecer claras vantagens em termos profissionais.
H.G. Wells é um dos pioneiros da ficção científica. Provavelmente já ouviste falar de outro dos seus livros, "A Guerra dos Mundos". A Máquina do tempo fala-nos de um cientista que inventa uma máquina que o transporta 800.000 anos no futuro. O que este encontra deixa-o atordoado. Não vou avançar com detalhes sobre o livro porque senão estragava a tua leitura. O livro é muito pequeno e aconselho a todos a sua leitura. Gostei de ler este livro porque além de fazer o leitor pensar no futuro da civilização, H. G. Wells critica a sociedade atual e as escolhas, ou melhor, critica a sociedade de há 100 anos atrás, mas digamos que quase nada mudou em termos sociais.
Estamos no ano 2044 e existe um jogo, o OASIS, praticamente real, que permite as pessoas ficar ligadas a uma máquina enquanto vivem num mundo virtual. Antes de morrer, James Halliday, o criador deste mundo, deixa toda a sua fortuna a quem conseguir descobrir 3 chaves e abrir 3 portas que estão escondidas no OASIS. O problema é que as pistas que Halliday deixa, bem como a possibilidade das chaves e portas puderem estar espalhadas pelos milhares de planetas de OASIS, torna o desafio quase impossível. Até que Wade Watts, aos 18 anos, encontra a 1ª chave, 5 anos depois do jogo começar. Começa aí uma história sobre uma perigosa aventura, contada na perspectiva de Wade.
O mundo em 2044 também não é o que é hoje. As alterações climáticas mudaram o planeta e a pobreza mundial está num nível extremo. Ganhar este jogo é a chave para sair de uma vida de miséria.
Este é um dos melhores livros de ficção que li na vida. Está muito bem escrito e a história é extremamente cativante. Para quem gosta do mundo dos jogos também irá aprender muito sobre o começo dos jogos de vídeo nos anos 80. Só tens tempo para ler um livro? Não há problema, começa pelo livro de Josh Kauffman e melhora as tuas capacidades de aprendizagem. Espero que tenhas gostado desta seleção de livros.
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