Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Macaco Experimentar

Macaco Experimentar

Correr - sofrer ou prazer?

Gosto de corrida, mas nunca gostei de correr. Sempre me fascinou aqueles que correm meias-maratonas, nem falando daqueles que se submetem ao sacrifício da maratona completa - 42 quilómetros! Como é possível alguém ter força para correr essa distância e durante tanto tempo? Para quem sempre correu 5km de puro sofrimento, estive longe de gostar de correr.

A primeira tentativa (séria) no sentido de vir a gostar de correr, chegou em Outubro de 2015. Na altura completei um desafio para O Macaco sobre escrita, meditação e desporto durante 30 dias. Para além de surfar e jogar ténis, corri algumas vezes, e comecei a ganhar o "bichinho". Infelizmente, como expliquei num artigo anterior, deixei de correr logo que acabei esse desafio. Estive a poucos metros, ou talvez a alguns quilómetros, de ficar viciado.

Scott Jurek, ultra-maratonista, e Arnulfo Quimare, o campeão dos Tarahumara, a tribo dos corredores. Foto de irunwithit.com 
Antes de prosseguir com o artigo, queria deixar uma nota ao leitor. Ao longo deste artigo uso várias vezes a palavra "correr". Isso aborrece-me porque gosto de escrever e não quero utilizar várias vezes as mesmas palavras, mas não consigo evitar esta palavra num artigo como este. Que solução tenho eu? Usar a modernice do "running"? Eu sei que em inglês tudo parece mais sexy e espetacular, mas...

Comecei a correr há 3/4 meses no contexto doutro desafio. Ainda com muito esforço, fui aumentando gradualmente a distância nos meus treinos - se hoje chego ao primeiro poste, na próxima corrida chego ao segundo e na seguinte ao terceiro. Ou isso, ou melhorava o ritmo da corrida ou corria mais devagar mas durante mais tempo. E nisso a corrida tem um grande potential de vicio – conseguimos facilmente, com algumas apps como o RunKeeper, medir a nossa progressão. Podemos aumentar o nosso nível de várias maneiras e ver como evoluímos nos últimos treinos.

É claro que ao final de algumas semanas estava a correr mais. Mas o que mudou a minha corrida, e me fez gostar do desporto, foram dois livros: Born to Run, de Christopher Mcdougall e Eat and Run, de Scott Jurek. Nestes livros aprendi muito sobre corrida, como correr e, principalmente, como gostar deste desporto. Aconselho estes livros a todos a quem falo sobre corrida (qualquer pessoa que fale comigo durante mais de 5 minutos). Durante o resto do artigo vou apresentar o que aprendi nos últimos meses. 

E agora estás a pensar, "então mas este tipo começa a correr há quatro meses, lê dois livros, e acha que tem moral para dar dicas sobre corrida?". Tens razão, não tenho autoridade nesta matéria, mas nos últimos meses fiquei motivadíssimo para correr mais e melhor. Além disso, não escrevia n’O Macaco de Imitação há algum tempo, e preciso mesmo de começar a publicar regularmente para que não seja o primeiro e último leitor de artigos como este. Sinceridade acima de tudo!

Os Tarahumara

When you run on the earth and with the earth, you can run forever. —Provérbio Rarámuri

Em Born to Run, Christopher Mcdougall começa por falar de uma tribo de grandes corredores, os Tarahumara (ou Rarámuri). Estes "mexicanos" conseguem correr centenas de quilómetros por brincadeira, e há quem diga que o campeão lá da tribo correu, certa vez, 700km.

Esta última informação parece-me precipitada, mas a verdade é que nesta tribo toda a gente adora correr - desde crianças que o fazem e os seus jogos andam todos à volta disso.

Os Tarahumara. Fotografia de coppercanyonexplorer.com
Por algumas vezes, os Tarahumara foram levados a participar em algumas provas nos EUA (coisa que deixou de acontecer porque não só são muito tímidos mas perceberam que estavam a ser explorados). Correram sempre sem esforço aparente, ficando em primeiro lugar ou lá perto, e acabando a corrida com um sorriso no rosto (ao contrário dos seus companheiros de prova).

Os Tarahumara dispensam também qualquer sapato de corrida. Usam apenas um chinelo atado à volta do pé. Para os Tarahumara, isso é mais que suficiente.

No final do livro, Christopher Mcdougall fala-nos de uma corrida que organizou, e participou, na terra dos Tarahumara. Aí juntaram-se os melhores corredores da tribo e vários da elite dos estados unidos, incluindo o famoso Scott Jurek. Como dizem os americanos, "long story short", os Tarahumara venceram (Scott Jurek vingou-se no ano seguinte, numa repetição desta corrida).

Os Rarámuri mostram que não são precisas grandes tecnologias para correr. Correr liga-nos às nossas origens como espécie (o próximo tópico) e conecta-nos com a natureza. A correr podemos ser felizes, ou, ainda melhor, somos felizes porque corremos. A prova redize numa floresta perdida no México.

Os humanos são maratonistas por natureza

Nós, os humanos, somos os melhores corredores do planeta. Não em velocidade, claro, que ninguém duvide que a chita ou a gazela é mais rápida que o Usain Bolt, o humano mais rápido de sempre, mas em resistência somos campeões.

Ao que parece toda a nossa estrutura permite-nos correr largas distâncias durante várias horas. Os outros animais não o conseguem fazer, pois ao contrário de nós, que conseguímos libertar calor enquanto corremos, estes têm de parar para recuperar forças. Antes dos supermercados e dos sapatos de corrida, os humanos corriam atrás dos animais durante horas, mais lentamente que estes é certo, até que esses tivessem de parar, mortos de exaustão.

Este pedaço de informação, só por si, motivou-me para voltar a correr e pesquisar tudo e mais alguma coisa sobre esta "arte". Porque se fomos feitos para correr grandes distâncias, há que cumprir com esse destino.

Ultra-running

I had pushed myself to what I thought were the outer limits of my capabilities and then pushed farther—on a vegan diet. Eat and Run, Scott Jurek

Em Born to Run e Eat and Run, conheci uma série de corredores que não ficam satisfeitos com a típica meia-maratona, ou a esmagadora maratona. Não. Estes senhores e senhoras correm 50, 100, 200 ou até mais quilómetros de uma só vez.

Scott Jurek é um dos atletas mais fascinantes neste domínio. Ganhou várias provas de topo do mundo das ultras-maratonas (mais que uma vez) tais como as famosas Badwater 135, nos EAU e a Spartatlhon na Grécia (246km de uma só vez!). Scott tem ainda o recorde americano da maior distância percorrida em 24 horas, 265km! (Nunca usei tantos pontos de exclamação, mas este senhor merece!!!!).

Scott Jurek. Foto de twitter.com
Pessoas como o Scott são fascinantes, e inspiram-nos a quebrar os nossos limites e a fazer o nosso melhor, seja isso correr ou qualquer outra coisa. Depois de conhecer a sua história, não pude deixar de pensar, "se ele consegue, provavelmente também consigo". Bem, talvez não 265 km de uma só vez, nem mesmo 100, mas uma maratona...fácil!

Ultramarathons tend to attract obsessive people. To undertake a race of over 50 miles requires training that can occupy 3 hours a day, a routine that involves cramps and pain and loneliness. Eat and Run, Scott Jurek

Os melhores sapatos de corrida são...nenhuns

Ok. Esta foi a maior revelação das minhas leituras. Porque sempre pensei que os sapatos de corrida eram necessários para uma corrida de qualidade. Ao que parece não são.

O sapato de corrida moderno foi inventado apenas na década de 70. Aí introduziu-se um sapato com muito amortecimento, reforçando bastante a zona do calcanhar. Isso fez com que os corredores, principalmente aqueles com menos experiência, mudassem a sua forma de correr.

Everyone thinks they know how to run, but it’s really as nuanced as any other activity,” Eric told me. “Ask most people and they’ll say, ‘People just run the way they run.’ That’s ridiculous. Does everyone just swim the way they swim?” – Born to Run, Christopher Mcdougall

Há uma maneira certa de praticar running? (não resisti à tentação da palavra inglesa). Tal como existe técnica na natação ou no ténis, há maneiras bons e maus métodos de corrida. Esses sapatos fizeram com que os corredores, inconscientemente, tocassem primeiro com o calcanhar no solo.

E qual é o problema de tocar primeiro com o calcanhar no chão? Não é natural. Basta correr descalço (se somos maratonistas por natureza, somos maratonistas descalçados também) para perceber como dessa forma é doloroso. O "ataque" ao solo deve ser feito com o meio do pé ou até mais à frente, não confundindo com o toque no solo com as pontas dos pés que fazemos quando estamos em sprint, com ou sem sapatos.

Curiosamente, não existe nenhum estudo que prove que o uso de sapatos de corrida tradicionais traz vantagens à corrida. A nike e as outras marcas de sapatos não o negam. E felizmente tem aparecido nos últimos anos uma nova moda – os sapatos minimalistas. Estes têm um menor amortecimento, são mais leves e flexíveis e a diferença da espessura da sola entre o calcanhar e os dedos é menor.

Dito isto, devemos correr descalços? Porque não? Eu experimentei, na praia e na ciclovia, e a sensação é espetacular. Agora não digo para deixar de usar sapatos de corrida, mas é preciso pesquisar aqueles que respeitam a anatomia do pé e permitem o seu movimento natural.

O essencial é correr da maneira certa. Lembro-me perfeitamente quando, ainda com os mesmos sapatos de corrida, mudei o meu método de correr. Seguindo uma série de regras que vi nestes livros e através de pesquisas em tudo o que é blogs de corrida, comecei a dar mais passos, mais pequenos. Nestas condições, o pé tem naturalmente a tendência a chegar plano ao solo. Ganhamos mais energia na corrida (porque tocar no chão com o calcanhar trava o movimento), cansamo-nos menos e temos menos lesões (e isto sim está provado).

Não deixei de usar sapatos de corrida - até porque corro vários quilómetros na estrada e ciclovia e terra e calçada - mas comprei uns sapatos (modelo abaixo) que acredito serem mais amigos do pé e do corredor. 
Skechers Go Run 4, os meus novos ténis de corrida. Foto de skechers.com
Um pequeno aparte. Empregado da loja da Asics do Colombo, não sei o teu nome, mas se tiveres a ler isto, peço desculpa por não ter comprado os sapatos na tua loja. Gostei de falar contigo sobre meias-maratonas, alimentação e técnicas de corrida, mas não tinha ideia que uns sapatos de corrida podiam ser tão caros. Desculpa, fica para a maratona!

Método de corrida

Já escrevi um pouco sobre isto no tópico anterior. Mas preciso de o reforçar. A técnica, para começar, é muito simples: passos pequenos e contacto com o pé debaixo do corpo, ou um pouco mais à frente. Poderia dizer também para fazer o contacto com uma parte mais dianteira do pé, ao invés do calcanhar, mas nos primeiros treinos não há que ter essa preocupação. Isso surgirá naturalmente.

Mas há que começar devagar! Mesmo correndo há algum tempo, usamos alguns músculos mais intensamente, especialmente os gémeos, correndo desta forma "natural". Para evitar 4 dias de sofrimento é preciso ir com calma. Eu sei porque foi isso que me aconteceu aconteceu no último mês – carreguei nos quilómetros porque achei que já sabia tudo e que os outros é que eram fraquinhos.
Contacto errado e certo do pé com o solo.
Quanto ao aquecimento, li que devia ser feito antes e depois do treino, e que devemos beber alguma água antes de começar a correr. Quando comecei a fazer estas duas coisas muito simples, as dores musculares diminuíram substancialmente.

E o quão rápido devemos correr? O melhor que conseguirmos (o nível vai aumentando com o tempo) mas evitando aquele esforço que nos leva a desistir de correr e a arrumar os sapatos durante mais alguns meses. É difícil explicar este conceito, só experimentando, mas devemos correr a uma velocidade que nos permita falar com uma pessoa ao nosso lado, quase sem problema. Esta regra é ouro. Ao correr dessa forma, não ficamos cansados (ou melhor, ficamos, mas não pensamos sobre isso) até com distâncias superiores ao que fazíamos anteriormente. A sensação é espetacular. Claro que, treinando para uma prova, fazemos tipos de treinos diferentes, com ritmos distintos. Mas, para começar, devemos correr lentamente e ir elevando o número de quilómetros feitos em cada treino. 

Existem outras dicas de corrida, mas essas vamos aprendendo com o tempo. Uma vez começando a correr, e começando a gostar de o fazer, todos começamos a pesquisar mais técnicas e descobrimos coisas novas.

Correr – 4 meses depois

Runners speak of feeling absorbed into the universe, of seeing the story of life in a single weed on the side of the road. Eat and Run, Scott Jurek

Já diz o ditado, quem corre por gosto não cansa. É verdade. As minhas sessões de tortura a correr deram lugar a corridas meditativas – quando corro com tanto gosto, e com tão pouco esforço físico e mental, que me deixo absorver intensamente pela corrida. 

E é engraçado - se correr ao meu ritmo, tal como expliquei acima, nem muito rápido nem muito lento, fico com mais energia ao longo do treino. Entro em modo automático e consigo curtir mais, ver o que está à minha volta e pensar na vida.

The longer and farther I ran, the more I realized that what I was often chasing was a state of mind—a place where worries that seemed monumental melted away, where the beauty and timelessness of the universe, of the present moment, came into sharp focus. Eat and Run, Scott Jurek

Onde quiz chegar com este artigo? Primeiro, dar a conhecer algumas das curiosidades sobre corrida e mostrar que há por aí uns "malucos" que correm por gosto durante várias centenas de quilómetros. Pretendi mostrar que correr pode ser tão eficaz para libertação de stress como a meditação (uma boa desculpa para quem, como eu, já tentou meditar por várias vezes sem sucesso). No geral, tentei mostrar que correr, além de ser saudável, pode ser uma fonte de felicidade (desde que não corras 10km descalço no primeiro treino).

Deste lado, acabei de me inscrever na meia-maratona de Lisboa, no dia 2 de Outubro, por isso estou a poucos passos (ou 21 quilómetros) de me tornar um corredor oficial, com medalha (de participação) e tudo. Mais tarde escreverei sobre essa experiência, a menos que desista ou parta um pé.

PS: Faltam-me referências neste artigo. Li uma série de blogs sobre corrida de onde tirei alguma informação que aparece neste post. Infelizmente já não me lembro por onde andei.

Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.

Artigos relacionados:


Comer e Correr (Hábitos 4 e 5)

Ok! Eu sei, eu sei. Quem sou eu para falar de hábitos? Eu que estive 2 meses sem publicar nada n'O Macaco de Imitação, a não ser aquele post sobre a minha primeira aplicação (Kobo Notes). O que é feito da série dos 6 meses e 6 hábitos? Foi toda por água a baixo? Hum...mais ou menos.

Comecei este projeto e ainda trabalhei bem nos primeiros 3 hábitos. Comecei a concentrar-me melhor no trabalho e a organizar-me como gente grande. Experimentei, e consegui manter, provisoriamente, um pequeno hábito de meditação. Gostaria de escrever que ainda pratico estes hábitos. Mas não o posso fazer.

O que aconteceu? Foi o verão, foi a praia, foram as férias. Foi a preguiça, a falta de atenção ou a atenção que divergiu para outras coisas. Para outros hábitos? Sim. O 4º e 5º hábito desta série (se ainda assim a posso chamar) tocaram-me particularmente forte. São eles "fazer exercício regularmente" e "comer melhor", respectivamente.


Membros da tribo Tarahumara, que adoram correr e que por vezes correm 200km só na "brincadeira". Ouvi falar desta tribo, pela primeira vez, no livro Born to Run. Fotografia de coppercanyonexplorer.com
O primeiro destes hábitos, "fazer exercício regularmente" correu como esperado. Durante esse mês surfei, andei de skate, joguei ténis e corri. Nada de especial, nada de treinos intensivos, nada de que fugisse às expectativas. Comecei a fazer exercício físico, e valeu por isso mesmo. Mas o melhor viria de seguida.

Comecei o hábito 5 para aprender a "comer melhor". Não sabia, na altura, o que isso significava. Comer mais sopa? Mais fruta? Menos pão? Começar uma série de pequenos hábitos saudáveis de uma vez? De todos os hábitos até então, nenhum começaria por ser tão difícil, com tanto para aprender e aplicar. Os primeiros dias deste hábito seriam uma miséria, e já poucas esperanças tinha de começar a "comer melhor". Até que encontrei e comecei a ler uns livros...

Os próximos 4 livros podem muito bem ter mudado a minha vida radicalmente, mas só o tempo o dirá. Antes de mais, são eles:

Dois livros sobre alimentação (o que deve e não deve ser comido) e outros dois sobre corrida (em particular ultra-maratonas). Digamos que foram os quatro livros mais importantes e motivantes (particularmente o último destes) que li na minha vida.

Born To Run, de Christopher McDougall. Um dos meus livros favoritos de todos os tempos (sim, digo-o muitas vezes, mas a verdade é que os livros não me deixam de impressionar). Imagem de goodreads.com
E depois de ler estes livros os meus hábitos de corrida e alimentação alteraram-se radicalmente. Durante e depois de os ler, comecei a pensar em correr e comer bem durante grande parte do dia. E os meus amigos e família já não me podem ouvir falar destas coisas, particularmente da história dos "hidratos" (tópico que poderá ser explorando num próximo post).

O que aprendi ao ler estes livros? Não consigo explicar tanto, nem faria sentido fazê-lo, neste artigo. Aprendi coisas novas e outras que já sabia (mas que ainda não tinha aplicado ou ainda não tinha sido motivado a ir por esse caminho).

Aprendi a evitar comidas altamente processadas, refrigerantes, hidratos de carbono (os mais processados como a massa e arroz) e a comer verduras a toda a hora. Aprendi que os sapatos de corrida "tradicionais" (que foram inventados apenas na década de 70) causam lesões e que agora existem uns sapatos "minimalistas" que permitem, o mais possível, devolver o movimento natural ao pé. Aprendi que a maior parte dos corredores toca no solo com o calcanhar, e que isso não só está errado, mas é menos eficiente e causa lesões. Motivei-me com a história de pessoas que correm mais de 200km numa única corrida.

E agora o meu dia-a-dia tem sido muito diferente. Já não como, na maioria das vezes, o que costumava comer (e perdi 2/3 kg por causa disso mesmo). Tenho corrido bastante e tenho aumentado substancialmente os km e tempo por cada treino. Corri muitas vezes na praia, corri descalço na ciclovia por outras vezes (sim, descalço; o que parece faz bem) e estou mais motivado do que nunca para acabar a minha primeira meia-maratona em Outubro.

Os 3 primeiros hábitos dos 6 meses e 6 hábitos podem não ter corrido muito bem. Há que voltar a ganhá-los para conseguir trabalhar melhor. Mas estes dois últimos, que tão importantes são, foram "atacados" com uma força que não sabia ter. Gosto de pensar que compensei.

Mas muito ficou por falar sobre alimentação e corrida, que tanto espaço mental me ocupam por estes dias. Haverão mais posts sobre isso n'O Macaco. Só espero que não sejam apenas daqui a mais 2 meses.

Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.

Artigos relacionados:

Mini-desafio - 7 dias e 7 TED Talks

Desde fevereiro que ando a tentar ganhar 6 novos hábitos em 6 meses. Tem sido um desafio interessante e as minhas novas skills têm-me ajudado a estar concentrado nas coisas importantes. Mas também tem sido um processo demorado (e assim é de propósito) e por isso senti que precisava de um novo desafio, mesmo que pequeno, para aprender qualquer coisa nova.

Foi por isso que na semana passada pedi ajuda aos leitores d'O Macaco de Imitação para escolher um mini-desafio - algo que pudesse fazer em poucas horas durante uma semana. No final escolhi ver uma TED Talk por dia durante 7 dias.
Logo do TED talks. Imagem retirada de ted.com
Estas foram as 7 TED talks que vi esta semana. Organizei os títulos pelos temas dos vídeos e sempre que possível acrescentei legendas em português. Todas as talks, à excepção da número 5, foram sugestões vossas. Obrigado!

1. Produzir comida no futuro

Aqui é apresentada uma solução para crescer comida de forma saudável e sustentável. Podemos vir a ter computadores que produzem comida, e podemos vir a partilhar receitas entre computadores em vez de enviarmos comida de um lado para o outro do mundo. Esta TED talk indica que podemos todos crescer a nossa comida e ter alimentos mais saudáveis. É certamente uma ideia com futuro.

2. Surf

Nesta Ted talk, Easkey Britton fala sobre umas das minhas grandes paixões, o Surf. Esse desporto que nos faz esquecer tudo o que está à nossa volta e que nos liberta de distrações. Ficamos em perfeito contacto com a natureza e durante aquele momento somos só nós e as ondas, em perfeita sintonia. 

Esta talk faz-nos pensar naquilo que gostamos de fazer e como podemos melhorar o mundo ao fazê-lo.

3. Aquecimento global e o país negativo em carbono - Butão

Na sua constituição, o Butão indica que 60% da terra, no mínimo, deve permanecer floresta para todo o sempre. As florestas do país estão também todas conectadas e é possível, aos animais, andarem livremente por todo o Butão, protegidos por reservas e parques naturais.

Esta talk comoveu-me e deu-me vontade de visitar o Butão. É impressionante o esforço que um país tão pequeno tem feito para salvar o ambiente e para melhorar a qualidade de vida e felicidade da sua população. Os maiores países, com mais recursos, têm muito a aprender com este pequeno grande exemplo. Foi a minha TED preferida da semana.

4. Máquinas voadoras

Estas pequenas máquinas voadoras podem ter um impacto gigante no futuro. Apesar de não ter sido uma grande TED talk, aconselho a sua visualização para que entendas a potencialidade destes pequenos robôs.

5. Dinossauros e procura de fósseis

Nesta talk aprendi que regras devem ser seguidas para encontrar fósseis. Não tinha noção de que seguindo estas "simples" indicações, é quase garantido encontrar qualquer coisa que tenha vivido há vários milhões de anos no nosso planeta.

Esta talk pertence a uma lista das melhores talks de 2016.


6. Detecção de som através de vídeo

O trabalho de Michael Rubinstein parece saído de um filme de espiões. Então não é que ele consegue detetar sons ou, melhor ainda, perceber o que está a ser dito numa discussão, apenas através de um vídeo da conversa? É possível detetar as mais pequenas oscilações nos objetos do dia-a-dia e daí reconstruir os sons do ambiente. Incrível!


7. Ser português

Finalizei este mini-desafio à tuga, vendo também a talk mais divertida da semana. Zé Pedro Cobra fala-nos nos hábitos portugueses e nas atitudes menos boas que nos caracterizam. O "vai-se andando", o culpar o outro, o "queixume" e tantos outros maneirismos.

Mas esta também é uma talk de esperança e sobre o que podemos fazer para melhorar. É sobre parar para pensar naquilo que queremos da vida. Porque "cada um faz o que quer, o problema é que nós não sabemos o que queremos e andamos atrás das coisas erradas".

"Não reclamem nada do mundo, ele não vos deve nada - chegou cá primeiro", Mark Twain

Bónus 1. Procrastinação

É difícil ver 7 TED talks sem procrastinar, vendo umas talks extra e voltando a ver as favoritas

Esta TED foi apresentada este ano pelo meu blogger favorito, Tim Urban, que escreve o blog WaitButWhy. Nesta ele apresenta o tema da procrastinação do mesmo jeito que escreve - com desenhos, com piadas, e com as melhores metáforas para que todos percebam a mensagem que ele quer transmitir. Esta é a minha TED favorita de sempre. 

Bónus 2. Desafios de 30 dias

Matt Cutts aprensenta uma das talks mais motivadoras de sempre em apenas 3 minutos. Esta, e outras coisas do género, motivaram-me para fazer os meus desafios de 1 mês, ou 21 dias ou 20 horas ou 1 semana

Tal como Matt diz, "Os próximos 30 dias vão passar quer queiram quer não, por isso, porque não experimentar qualquer coisa que sempre quiseram fazer?".


Nota final

Tenho amigos que me perguntam, "mas porque estás a fazer esse desafio"? A resposta é semelhante a outras perguntas sobre outros desafios - faço-o porque é divertido e porque sei que vou aprender coisas novas.

Este desafio ensinou-me que é possível aprender algo novo, informação essa que pode ser útil no futuro, em apenas 15 minutos por dia. Se assim é, porque não fazer mais coisas destas?

Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.

Artigos relacionados:

3 meses e 3 hábitos

O Macaco de Imitação é sobre aprender coisas novas e sobre aceitar (e concluir) novos desafios. Já partilhei aqui as minhas experiências sobre aprender piano em 20 horas, aprender malabarismo, estar uma semana (168 horas) sem internet e fazer exercício, meditar e escrever durante 30 dias.

Em fevereiro tive outra ideia – ganhar 6 novos hábitos nos próximos 6 meses. Inspirado pela falta de resultados das resoluções de novo ano, decidi tentar ganhar hábitos mais lentamente, um de cada vez, para garantir que teria sucesso e que seriam hábitos de longa duração. Já estou no 4º hábito deste desafio.

Há ainda hábitos mais importantes que outros - aqueles que facilitam o ganho de outros hábitos. Por exemplo, se eu faço exercício regularmente, é mais fácil começar a comer melhor. Esses hábitos-chave devem ser os primeiros a trabalhar. Fazer as coisas mais lentamente e focar em hábitos-chave foram as "teorias" que eu inclui neste grande desafio.


Ciclo do hábito: deixa, rotina e recompensa. Imagem retirada do livro A Força do Hábito, de Charles Duhigg. Sugiro a leitura de um artigo passado sobre como ganhar ou quebrar um hábito.

Hábito 1 - Concentração

No primeiro mês dediquei-me a aumentar a concentração. Estive um mês a "aprender" a depender menos das redes sociais, emails e notícias. Além disso eliminei quase por completo um hábito muito estúpido que é partilhado pelo povo - mexer continuamente no telemóvel enquanto estamos com amigos no café. 

No final do mês sentia-me mais concentrado no trabalho, no lazer, ou em qualquer coisa que estivesse a fazer. E por depender menos de gostos, comentários, visualizações e afins, consegui diminuir a ansiedade que sentia há algum tempo

Foi um hábito importante para conseguir fazer mais em menos tempo e com menos stress. Ajudou-me bastante no ganho dos hábitos seguintes.

Esta é a minha ideia da malta que não se desconcentra com redes sociais, notícias ou emails, e faz aquilo que tem a fazer. Foto de pixabay.com

Hábito 2 - Organização

Dediquei o 2º hábito a aprender a "fazer mais e pensar menos". Na prática, defini um método para não me esquecer das coisas importantes, para não pensar tanto e não deixar coisas na cabeça, definir objetivos mensais, semanais e diários, e garantir que as coisas importantes são feitas. Não consigo deixar de realçar a importância deste hábito e sugiro a leitura desse artigo onde explico com grande detalhe o que fiz durante este mês. 

É muito importante definir objetivos para garantir que estamos a trabalhar, ou a dedicar o nosso tempo livre, às coisas certas. Sem objetivos e sem tracking daquilo que temos de fazer, e quando o temos de fazer, andamos à deriva. E se durante o dia estamos continuamente a pensar em tudo o que temos para fazer, facilmente nos desconcentramos da tarefa em curso. É importante resolver isso para ter um dia-a-dia com menos ansiedade e focado naquilo que interessa.

O cérebro do não-procrastinador. Imagem tirada do meu blog favorito, WaitButWhy.

Hábito 3 - Meditação

O 3º hábito dos 6 meses e 6 hábitos, meditação, trabalhou nos campos da concentração e gestão de stress. Esta foi, talvez, a minha 7ª tentativa para começar este hábito, mas parece que desta vez está ganho. Parece fácil estar sentado e não fazer nada durante 5 ou 10 minutos. Mas sem a preparação e motivação certas, qualquer um desconcentra-se e vai deixando passar alguns dias sem meditar.

Meditar tem vindo a revelar-se, por diversos estudos, como um dos melhores hábitos para uma vida saudável e feliz. Aconselho a qualquer um experimentar 5 minutos de meditação por dia. No final deste mês e meio de meditação, sinto-me mais calmo e em controlo dos meus pensamentos. Não estou como as pessoas da primeira foto deste artigo, nem perto, mas até pequenas melhorias na corrente de pensamentos têm resultados muito positivos.

Foto tirada no topo da Serra de Monchique, no verão de 2013. Por razão desconhecida, o terreno tinha centenas destas "construções" de pedra ao qual associamos a meditação e budismo (sinceramente, não conheço a ligação, mas deve ser uma metáfora ao equilíbrio da alma ou assim). Já nesta altura pensava em começar a meditar.

Próximos hábitos

Há que realçar uma coisa – eu continuo a praticar estes hábitos que escrevi acima. Estes hábitos não são desafios de 30 dias, que ao final do mês são esquecidos. O objetivo deste grande desafio é, ao final de 6 meses, ter um leque de 6 novos hábitos que, potencialmente, servem para ter uma vida mais feliz, saudável e focada naquilo que realmente interessa.

Já comecei a fazer o 4º hábito – exercício físico regular. Nos próximos 30 dias quero fazer desporto, pelo menos, 3 vezes por semana, seja esse surf, corrida, ténis, ou mesmo andar de skate. O que importa é fazer desporto regularmente.

Se estás interessado nesta série de hábitos, convido-te a seguir o resto dos "6 meses e 6 hábitos". Convido-te também a partilhar as tuas experiências nos comentários e a enviar um email para O Macaco (omacacodeimitacao@gmail.com) sobre estes e outros assuntos. Até um próximo hábito.

Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.

Artigos relacionados:

30 dias de meditação (hábito #3) – 6 meses e 6 hábitos

Acho que é desta. Sim, acho que é desta quevou começar a meditar todos os dias.

Se segues O Macaco de Imitação há algum tempo,sabes que ando em "guerra" com a meditação há mais de um ano. Já escrevi ereescrevi vários posts sobre o assunto, já tentei ganhar o hábito várias vezes,sei os benefícios todos da meditação e, até agora,nada. Mas desta vez, inserido no grande desafio de 6 meses e 6 hábitos,decidi que este hábito tinha de ficar "despachado".

Engano-te se escrever que estes foram 30 dias demeditação, e que cumpri este hábito de 5 minutos todos os dias. A verdade é que tiveuma viagem de duas semanas pela Sicília onde, de entre outras coisas, passeiuma semana a navegar num barco à vela. Por vergonha, falta depaciência, ou os dois, não meditei durante toda esta viagem. Quando voltei,decidi investir mais duas semanas de meditação para consolidar este hábito antesde passar para o hábito #4.

Foto tirada no topo da Serra de Monchique, no verão de 2013. Por razão desconhecida, o terreno tinha centenas destas "construções" de pedra ao qual associamos a meditação e budismo (sinceramente, não conheço a ligação, mas deve ser uma metáfora ao equilíbrio da alma ou assim). Já nesta altura pensava em começar a meditar.
Até aqui n’O Macaco, este não foi o primeirodesafio de 30 dias de meditação. No ano passado experimentei meditar, escrever e fazer exercício todos os dias durante um mês. Foi um mêsinteressante, mas longe de ser produtivo. Em termos de hábitos, já diz oditado, quem tudo quer tudo perde.

E não volto a repetir neste artigo osbenefícios da meditação ou como meditar. Isso já eu fiz num post anterior, num manual de "meditação para totós", escrevendo tal como umprofissional que não o sendo queria vir a ser. Esse foi um dos primeiros postsd’O Macaco de Imitação.

Resumidamente, a teoria já a tinha, e tambémjá a tinha partilhado. Esta foi, talvez, a minha 7ª tentativa de adquiri ohábito de meditação e espero que seja a última. Mas agora deixemo-nos dejustificações.

Para mim, a meditação não tem a ver com espiritualidades. Meditar é treinar a mente. É treinar para ser mais resiliente, menos sujeito às adversidades da vida e do dia-a-dia. Éuma forma de controlar a corrente de pensamentos e desenvolver aconcentração para trabalhar naquilo que de verdade importa.


O Macaco de Imitação a meditar. Rafiki na posição Lotus. Imagem retirada de https://relaxdontpanic.files.wordpress.com
Durante este desafio meditei apenas 5 minutospor dia, porque isso basta para quem está a começar. Defini um lembrete notelemóvel que todos os dias me recorda que está na altura da sessão de meditação.Sento-me de pernas cruzadas (não é obrigatório), mantenho as costas direitas econcentro-me na respiração. Por vezes tento evitar esse lembrete. Mas ele ficapor lá, e umas vezes mais contrariado que outras, sento-me e faço o que tenho que fazer.

Meditar não é fácil. Mesmo ao final de um mês,é muito difícil concentrar-me na respiração, sem pensar em mais nada, durante um minuto que seja. Mas sei que com o tempo a prática se tornará mais fácil. E a sorte éque não precisamos de ser grandes "meditadores" para sentir os benefícios deuma prática regular. Com um mês de meditação, sinto que estou mais calmo econsigo concentrar-me mais facilmente em qualquer coisa.

Mas nestas coisas da meditação, o objetivo é tentar, mesmo que os pensamentos corram a mil à hora. E ganhar esse hábito, de estar sentado durante 5 minutos todos os dias, é fácil. Toda a gentetem 5 minutos durante o dia para estar sentado e não fazer nada. E com o tempo,dizem os gigantes na matéria, os benefícios começam a sentir-se de formasubstancial.

Peço desculpa se o título do artigo te levou apensar que este era um post sobre como meditar, ou sobre os benefícios dameditação, ou como chegar ao nirvana, ou quais são os segredos para adquirireste hábito. Isso já eu fiz noutros artigos d’O Macaco de Imitação. Este artigoserviu apenas para justificar o meu percurso meditativo e que meditar não édifícil. Toda a gente pode fazê-lo se tiver a atitude e ferramentas certas – umlembrete no telemóvel.

E não. Este não é certamente o último artigo demeditação d’O Macaco de Imitação. Mas (espero) ser o último em que coloco afrase "este mês vou começar a meditar".

Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.

Artigos relacionados:

30 dias de concentração (hábito #1) - 6 meses e 6 hábitos

Está visto que as resoluções de novo ano não resultam. Dizemos que desta vez é que é, e que vamos começar a comer bem e a fazer exercício todos os dias e, passados dois meses, nada.

Pensei um pouco sobre isso e decidi que, para fazer mudanças, tenho de apostar em hábitos - passar a fazer certas coisas importantes, regularmente, para conseguir fazer mais e/ou melhor e ser mais feliz. E decidi que esses hábitos devem ser adquiridos um de cada vez, para que, por um lado, sejam fácies de ganhar e, por outro, sejam duradouros. Decidi e comecei o novo, e mais importante, desafio d'O Macaco de Imitação - 6 meses e 6 hábitos. Este é o segundo post desta série.

Tal como estes aprendizes, vou tentar melhorar a minha concentração para um nível superior. Foto de pixabay.com

30 dias de concentração

Os hábitos não são todos iguais. Há hábitos mais importantes, como por exemplo, fazer exercício físico. Ao fazê-lo regularmente, conseguimos facilmente adquirir outros hábitos, porque temos mais energia e motivação, mas também porque esse hábito combina bem com outros, tal como aprender a comer melhor. 

Há também outro hábito muito importante - a concentração. Quem se concentra naquilo que faz - seja no trabalho, seja em projetos pessoais, ou até na conversa que tem com amigos enquanto bebe cerveja - tem mais sucesso, é mais tranquilo e é mais feliz. Por isso decidi fazer deste hábito o primeiro do desafio.

Há um mês defini um objetivo muito simples - eliminar as "visitas" às redes sociais e outros sites, principalmente, mas não exclusivamente, enquanto trabalho.

A deixa, a rotina e a recompensa

Como escrevi neste post, um hábito tem 3 partes: a deixa, a rotina e a recompensa. Para ganhar, ou, neste caso, eliminar um hábito, há que perceber todas essas partes.

Pesquisei sobre procrastinação (ou deixar para amanhã o que pode ser feito hoje), analisei o meu comportamento, e aquilo que queria eliminar. Percebi que visitar o Facebook, o YouTube, e os sites de notícias, enquanto devía estar concentrado noutra coisa, é uma fuga. É fugir de uma tarefa aborrecida, ou que está mal definida, e fazer algo que tem regras muito claras e que, por isso, é viciante.

Ciclo do hábito: deixa, rotina e recompensa. Imagem retirada do livro A Força do Hábito, de Charles Duhigg.
Percebi que a desconcentração, pelo menos no meu caso, é estimulada por 4 coisas:
  1. Notificações do telemóvel.
  2. Barra de marcadores do Chrome (ou de outro qualquer; não tenho nada contra a Google).
  3. Não saber o que fazer a seguir.
  4. Não saber como resolver o problema seguinte.
E depois percebi o quão fácil é resolver estes 4 pontos, e concentrar-me melhor em qualquer coisa. Foi isso que fiz de seguida.

As (pequenas) mudanças

De seguida apresento o que fiz para aumentar a minha concentração. A lista é tão simples (e tão óbvia) que não há razão para não ter feito isto há mais tempo.
  1. Desliguei todas as notificações das aplicações do iPhone, exceto as do Messenger.
  2. Ocultei a barra de marcadores do Chrome, para usá-la apenas quando precisava.
  3. Defini, na maior parte das manhãs, o que devia ser feito ao longo do dia. Escrevi essas tarefas de maneira a não ter dúvidas do que tinha de fazer, e dividi-as várias vezes, com objetivos intermédios.
  4. Não vi emails durante o dia, ou até acabar o que tinha para fazer. Como não recebo emails importantes, é uma perca de tempo estar a vê-los constantemente. Mas, estupidamente, era isso que fazia.
  5. Quando quiz falar com alguém, usei a aplicação do Messenger para PC. É melhor que o Facebook e não tem distrações.
  6. Usei a extensão do Chrome, Facebook News Feed Eradicator.
  7. Não deixei de ver o Facebook, Youtube, blogs e afins. Mas decidi ver esses sites apenas ao final do dia. Além disso, só fui a cada um desses uma única vez, para minimizar o surfing na net e ter tempo para fazer outras coisas.
  8. Não tirar o telemóvel do bolso e ver as atualizações das apps quando estou com outras pessoas.

Resultados

Estas mudanças foram ridiculamente simples. A maior parte delas nem envolveu nenhum esforço. Foi, simplesmente, e apenas nas primeiras 2 semanas, fazer um esforço adicional para não ver certos sites até ao final do dia. E ter a consciência de que estar ao telemóvel, a ver o Facebook, enquanto estou com outras pessoas, é uma tristeza.

Não estava à espera que fosse tão fácil cumprir estes 30 dias e habituar-me a um novo ritmo. Mas foi. E agora, passado um mês, já não tenho tanta vontade de ir ao YouTube, ou tirar o telemóvel do bolso, ou ver notícias. Além de ter mais tempo, aproveito-o melhor. 

Além disso, consegui diminuir o stress do dia à dia. Agora estou mais livre dos gostos, e do novo email que ainda não li, e das notícias que acontecem por todo o lado a toda a hora (e que, na maioria, não interessam), e da nova foto, do novo vídeo, do novo tweet.

Agora que melhorei a minha concentração, ganhar os hábitos seguintes vai ser mais fácil. Em breve escrevo sobre o hábito #2 da série 6 meses e 6 hábitos.

Vamos lá concluir este post. O hábito foi tão simples, e com resultados tão positivos, que nada mais tenho a acrescentar, com medo de estar a complicar o que não o é. Há que ver, ou experimentar, para crer.

Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.

Artigos relacionados:

Desafio 6 meses e 6 hábitos - o início

Já estamos a meio de fevereiro. Ainda te lembras das resoluções de ano novo? Aquilo que prometeste fazer em 2016, enquanto comias as 12 passas e brindavas a mais um ano? Pois, eu também não.

A verdade é que a maioria de nós prometeu começar novas dietas, fazer exercício todos os dias, começar a meditar, comer melhor, deixar de fumar, aprender a tocar guitarra e, até agora, nada. Porquê? A razão está na lei do tudo ou nada  – ou fazemos tudo ao mesmo tempo, sem falhas, ou nem vale a pena. O momento em que falhamos - que por tantas resoluções e tão altos objetivos acaba inevitavelmente por acontecer - é o momento que nos esquecemos das passas.

Queixamo-nos dos políticos, mas nós também prometemos que fazemos e não cumprimos. Mês após mês, ano após ano, vamos deixando coisas importantes para fazer. Dizemos que não temos tempo, não temos dinheiro e estamos cansado. 

Conseguimos quebrar este ciclo vicioso? Talvez. Mas antes de mais, temos de aprender a fazer uma coisa de cada vez.

Hábitos

Há uns meses atrás, desafiei-me a estar 30 dias a meditar, fazer exercício e escrever, todos os dias. Consegui cumprir este desafio na maior parte dos dias. Aprendi a ignorar a lei do tudo ou nada – se falhei um dia, por alguma razão, não deixei que isso me levasse a baixo e continuei o desafio como se nada fosse. 

Gostei desta experiência, e agora acredito que se queremos aproveitar melhor o nosso tempo e produzir mais profissionalmente, temos, em primeiro lugar, de ganhar certos hábitos chave que nos ajudem nesses objetivos.


Ciclo do hábito: deixa, rotina e recompensa. Imagem retirada do livro A Força do Hábito, de Charles Duhigg. Nos próximos posts, vou mostrar como utilizei este ciclo para "desenhar" os novos hábitos.
Porém, no final dos 30 dias, não consegui continuar a escrever, meditar e a fazer exercício. A razão, acredito eu, foi ter dividido a minha energia por tantas coisas. Energia essa necessária para que pudesse apreciar o que estava a fazer, e ter energia de sobra para fazer outras coisas. Com isso percebi que se for para ganhar novos hábitos, tenho de o fazer lentamente e um de cada vez.

Desafio 6 meses e 6 hábitos

Dito isto, e sabendo que as resoluções de novo ano não funcionam, defini o seguinte desafio: nos próximos 6 meses, vou (tentar) ganhar 6 novos hábitos, um de cada vez.

E vou começar pelo hábito mais importante – melhorar a concentração. Aliás, já comecei esses 30 dias de desafio, e em breve publicarei algo sobre isso n’O Macaco de Imitação. Os hábitos seguintes ainda não estão todos decididos, mas sei que quero ganhar o hábito da meditação (de uma vez por todas) e fazer exercício regularmente (os mesmos hábitos que não consegui ganhar no meu último desafio).

Vou fazer este desafio de forma gradual, sem pressas. Os hábitos de todos os meses vão ser pequenos e fáceis de ganhar isoladamente, mas com um potencial cumulativo enorme. Faço-o lentamente porque, sei agora, se apressar estas coisas, para o ano vou escrever a mesma lista de resoluções.

E no final dos 6 meses, depois de ter inserido na minha rotina uma série de novos hábitos, vou estar mais preparado para fazer outras coisas, espero.

Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.

Artigos relacionados:

O meu Top 5 livros de 2015

Ler é das melhores coisas que podemos fazer. É um investimento do tempo em aprender algo novo, em ganhar temas de conversa e em entender outras pessoas. 

De entre as muitas novidades de 2015, este foi um ano de muita leitura. Li vários blogs, como o WaitButWhy e o HighExistence, e li 42 livros. 42! Dobrei o meu recorde do ano passado.

Fiz um trabalho árduo de seleção e apresento neste post os meus 5 livros favoritos deste ano. São aqueles que me transportaram para um mundo diferente, que me fizeram ver o mundo de outra maneira e me ensinaram mais do que poderia esperar. Se quiseres saber mais sobre os 42 livros que li este ano, segue para o meu perfil do Goodreads.

#1 – Ready Player One, Ernest Cline

Ready Player One acontece em 2044, num mundo já muito diferente do atual. Existem grandes problemas ambientais, há muita pobreza e, para fugir de tudo isto, as pessoas vivem ligadas num mundo virtual chamado OASIS. No início do livro, o criador deste mundo morre inesperadamente, e deixa toda a sua fortuna a quem conseguir encontrar um Easter Egg no OASIS. E mais não posso contar, não quero estragar a surpresa.


Ready Player One, Ernest Cline. Imagem retirada de goodreads.com
Este é um daqueles livros que, uma vez começados, não conseguímos largar. Se tivesse de escolher apenas um livro para ler este ano, seria o Ready Player One. Em termos de ficção científica, e na minha opinião, é melhor que outros grandes livros que li este ano, como o The Martian e o The Old Men’s War. Se quiseres ficar a conhecer os melhores livros de ficção científica (do século XXI), aconselho-te esta lista.

#2 - Sapiens: a brief history of humankind, Yuval Noah Harari

WOW!! Queres ler um livro sobre a história da humanidade? Este é o livro. Incrivelmente bem escrito, Sapiens aborda a história da humanidade desde a altura em que o nosso antepassado era um de muitos outros "macacos", passando pela revolução cognitiva, agrícola e industrial.

Sabias que houve um tempo em que co-existiram 6 espécies de humanos no planeta? Ou que a revolução agrícola, embora seja o pilar do nosso crescimento, tornou-nos, muito provavelmente, pessoas mais infelizes? 


Sapiens: a brief history of humankind, Yuval Noah Harari. Imagem retirada de amazon.com
Este é um livro que justifica o gosto pela leitura. Depois de ler Sapiens, qualquer leitor ganha uma nova perspectiva sobre a nossa espécie, sobre o seu efeito no planeta Terra e a nossa (má) influência sobre outros animais e plantas.

#3 – O Evangelho segundo Jesus Cristo, Saramago

Ao ler o Evangelho segundo Jesus Cristo, é fácil perceber a genialidade do prémio Nobel português. Não é só a história (com alguma ficção) sobre a vida de Jesus Cristo, mas a forma como Saramago a escreve, e todos os sentidos que podemos tirar das suas páginas.


O Evangelho segundo Jesus Cristo, Saramago. Imagem retirada de fnac.pt
Não consigo acrescentar mais nada sobre este livro. Há que ler para crer. É, à semelhança de outros livros de Saramago, uma obra de arte.

#4 – Learned Optimism, Martin E.P. Seligman

Este é um livro que fala sobre otimismo e pessimismo. Martin E.P Seligman, um dos "pais" da psicologia positiva, analisa a maneira como as pessoas pensam, e os efeitos que esses pensamentos têm nas suas ações e sucesso. Para saberes mais sobre este livro, segue este link para outro post n’O Macaco de Imitação. Aí analiso o Learned Optimism em detalhe, e também a ciência do otimismo e pessimismo.


Learned Optimism, Martin E.P. Seligman. Imagem retirada de goodreads.com
Aconselho vivamente a leitura de Learned Optimism. Foi o melhor livro de psicologia que li este ano, e talvez na vida toda. Se queres perceber a forma como pensas, se és pessimista ou otimista, e como podes melhorar a tua vida ao pensar de outra maneira, precisas de ler este livro.

#5 – The Year of Living Biblically, A.J. Jacobs

A. J. Jacobs decide, durante um ano, viver segundo todas as regras da bíblia. Este desafio leva-o a muitos locais nos EUA e a Jerusalém, conhecendo pessoas altamente religiosas. Ao longo desse ano, consegue tornar-se uma pessoa melhor, ao seguir regras como não mentir e agradecer por tudo na sua vida. 


The Year of Living Biblically, A.J. Jacobs. Imagem retirada de goodreads.com
Este livro vem no seguimento do seu primeiro livro, The Know It All, em que A.J. desafia-se a ler a Encyclopædia Britannica (+- 30.000 páginas). Neste livro relata aquilo que vai aprendendo e como toda essa nova informação impacta a sua vida. Durante esse ano conhece também pessoas muito inteligentes e participa no Quem Quer Ser Milionário.

Os livros de A. J. Jacobs são muito divertidos. Além disso, inspiraram-me a fazer os meus próprios desafios, tais como aprender piano em 20 horas, fazer exercício todos os dias durante um mês, e estar uma semana sem usar a internet.

Nota final: Ler é das melhores maneiras de aprender coisas novas. Se não o fazes frequentemente, considera ler uns bons clássicos, ou livros de não-ficção sobre temas que aches interessante. Ou então lê algum destes 5 livros. Prometo-te que vais gostar e, em pouco tempo, vais ficar viciado na leitura.


Fotos das fases da Lua

No dia 16 de Novembro de 2015 tirei a máquina fotográfica da prateleira. Com a vontade de cumprir mais um desafio, e pelo gosto à astronomia, decidi fotografar todas as fases da Lua no próximo mês.

A Lua Cheia de 25 de Novembro de 2015.
Não foi uma tarefa fácil. A Lua nasce todos os dias mais tarde, e o céu, ao longo do mês, não esteve limpo todos os dias para tirar uma boa fotografia. Além disso, tirar foto à Lua nas fases próximas da Lua Nova é muito difícil, porque a Lua está muito perto do Sol. Ainda assim, e resumidamente, em 30 dias de desafio, consegui 19 fotos da Lua, e 17 delas foram em dias seguidos.

Ciclo da Lua. Imagem retirada de Wikipédia.
A lua demora cerca de 27,3 dias a dar a volta à Terra. Mas, durante esse período, a Terra também faz o seu movimento em volta do Sol. Por essa razão, a Lua tem de rodar um pouco mais que os 27 dias para apresentar a mesma fase à Terra - cerca de 29,5 dias. Esse ciclo pode ser visto na imagem acima, e o movimento "a mais" que a Lua tem de fazer em cada ciclo é apresentado a verde.

De seguida apresento as fotos que tirei no último mês. São de dias diferentes excepto para o dia 20 de Novembro.

Dia 19 de Novembro de 2015 - Quarto Crescente.

As próximas duas fotos são do dia 20 de Novembro de 2015. Aí vemos o movimento da Lua ao longo da noite e que eu, distraidamente, nunca tinha reparado:



Continuando com as fotos a partir de dia 21 de Novembro de 2015:

Dia 25 de Novembro de 2015 - Lua Cheia
Dia 3 de Dezembro de 2015 - Quarto Minguante
As fotos anteriores foram tiradas, sem interrupções, entre os dias 16 de Novembro e 3 de Dezembro de 2015. Porque o tempo começou a ficar nublado e, além disso, a Lua começou a ficar perto do Sol, só conseguir tirar mais 2 fotos depois das últimas 17. As próximas foram tiradas nos dias 5 e 15 de Dezembro de 2015:


Este não foi o meu primeiro, e talvez não seja o último, artigo sobre a Lua. Se quiseres saber, e para ti não for óbvio, por que é que a Lua Cheia só existe durante a noite, segue este link. Consulta aqui também o calendário Lunar para 2015 e 2016.

PS: Este foi o artigo 50 d'O Macaco de Imitação!

Artigos relacionados:

"Corpo e Mente" - Desafio de 30 dias, parte 2/2

Há um mês atrás decidi começar um novo desafio para O Macaco de Imitação. Como disse na 1ª parte deste artigo,já tinha experimentado outros projetos e estava na altura de começarqualquer coisa relacionada com a saúde física e mental.

O plano era simples – durante 30 dias fazer exercíciofísico, meditação e escrita, todos os dias. Mas porquê?  Para quê tanto trabalho? Tal como quem soube ao Everest o faz porque a montanha está lá, também eu, num nível (muito) mais pequeno, queria fazer este desafio porque ele podia ser feito. E também porque o desafio estava definido, erasaudável, e nesses 30 dias ia aprender muitas coisas.

Tenho feito, n'O Macaco de Imitação, estes desafios para me testar e perceber o quegosto e não gosto de fazer. Aprendo maneiras de me organizar e de avançar nos meus objetivos. E aquilo que aprendo durante os desafios serve para outras áreas da vida.


Zen and the Art of Happiness, de Chris Prentiss. O melhor livro que li este mês e, possivelmente, este ano. Imagem retirada de goodreads.com.

Exercício Físico

Defini que devia fazer, pelo menos, 45 minutos de exercíciopor dia, e não tinha de ser sempre o mesmo desporto. Aliás, quanto maior a diversidade, melhor. Estreei o meu primeiro dia com uma surfada no meu "spot" favorito no Baleal. No total surfei 13 vezes e,no último dia deste desafio, surfei na mesma praia que no primeiro (e só percebi isso depois).Nunca surfei tantas vezes num mês. Às vezes não entro no mar porque não está "perfeito" e, durante este mês, fui mais paciente e dei maisoportunidades ao mar. Além de surfar mais vezes, surfei grandes ondas.

O Surf é o meu desporto de eleição, mas nãose pode surfar todos os dias porque nem sempre está bom (ou razoável sequer).Então, nos dias em que não surfei, virei-me para a corrida. Corri 9 vezesdurante estes 30 dias, num total de 65 km. No princípio não corria mais que 20minutos sem ter de parar, e fazia pouco mais de 5 km no total de corrida+caminhada. Para o fim, jácorria 10km sem parar uma única vez e o meu ritmo tinha aumentado bastantedesde o princípio. O truque foi tentar evoluir todos os dias - sejapor correr mais tempo, ou mais rápido, ou uma maior distância. Foi também monitorizar as corridas que fazia com a App RunKeeper, porque assim conseguiaanalisar bem a minha evolução e ficava motivado. Além disso, não me posso esquecerdas companhias de corrida que, muitas vezes, me motivaram a correr mais.

Surf e corridas à parte, experimentei uma aula deyoga (estava todo torto, mas foi uma aula interessante) e fiz dois treinos de musculação (um deles correu bem porque tinha companhia, no outro fiz sozinho e não sei bem o que andei afazer).

Meditação

A meditação seria, supostamente, a parte mais fácil destedesafio. Seria só estar sentado, 10 minutos, sem pensar em nada. Nuncapensei que isso viesse a ser tão difícil. Já tinha tentado ganhar o hábito dameditação várias vezes, e até já tinha escrito sobre isso n’O Macaco de Imitação, mas nunca o consegui fazer por muito tempo. Nestemês estava determinado em ganhar o hábito de uma vez por todas.

Nos primeiros 15 dias experimentei uma sériede meditações que não funcionaram. Experimentei meditar em várias alturas dodia, sentado, deitado e a ouvir música. Aprendi que meditar à noite não resulta - essa é receita certa para adormecer. Agora sei que a melhor altura para meditar é sempre depois de acordar e fazê-lo sentado no chão, sem distrações. Ao ser a primeira coisa do dia,estamos mais atentos e a meditação trará mais efeitos positivos. E é isso quevou fazer daqui em diante.

O mais difícil da meditação é controlar a corrente de pensamentos.É muito difícil, no início (e ainda agora), não pensar em nada. É precisotreino para nos sentarmos como deve de ser, de costas direitas, e colocar todaa concentração na respiração. A mente vagueia para os "problemas" do dia-a-dia,ou para o passado, ou para o futuro, ou para aquilo que vamos fazer já deseguida. Nessas alturas - aprendi ao ler uma série de blogs e livros - omelhor que pudemos fazer é consciencializar que esses pensamentos estão presentes, não "conversar" com eles, e trazer de novo a concentração para a respiração.

A meditação está em todas as listas de coisas que se devemfazer para ser feliz. Isto porque a meditação ajuda-nos a relaxar e a focar aatenção naquilo que fazemos no dia-a-dia. Ainda não sou "bom" a fazer isto, e tenho um longo caminho a percorrer. Mas fico mais descansado ao saberque grandes "mestres" nesta arte demoraram também algum tempo para conseguirvazar a mente de pensamentos e sentir os efeitos positivos da meditação. Depois de30 dias já tenho o hábito bem definido e agora só preciso de continuar.

Escrita livre

A primeira vez que ouvi falar em escrita livre foi neste site.Esta ideia surgiu do livro The Artist's Way, onde o autor sugere a escrita de 3 páginasdiárias pela manhã. Este processo, tal como a meditação, ajuda a vazar a mentede pensamentos desgastantes, porque acabamos por escrevê-los nestaspáginas. É também importante que a escrita seja feita sem pensar demasiado, sem correções e sem julgamento. Nãohá coisas que devem ou não ser escritas. Já tinha experimentado a escrita livre nestesite e decidi inclui-lo neste desafio "corpo e mente". Tal como é feito nosite, decidi escrever 750 palavras diárias e, nestes 30 dias, escrevi um totalde 26840 palavras (+- 40 páginas!).

Gostei muito destaparte do desafio. Aprendi a gostar mais de escrever e, se no início era difícilescrever as 750 palavras, houve momentos em que escrevi 1000 palavras antes de pararpara pensar no que estava a ser escrito. Apesar disso, penso que a meditaçãotem mais efeitos positivos a médio-longo prazo e por isso não vou continuar afazer, todos os dias, a escrita livre. No entanto, vou começar a escrever mais,disso não hajam dúvidas.

As dificuldades

Mas nem tudo foi fácil. Falhei alguns momentos porque estavadoente ou porque estava em festa ou porque estava a morrer de sono. Como aquiescrevi, falhei no dia 12 (em todas as frente) porque estava nafesta das latas em Coimbra. No total, falhei 4 dias de exercício físico, e 2 demeditação e escrita livre. Em 30 dias, foram poucos "maus" momentos.Noutra altura podia ter desistido porque já não ia fazer um mês "perfeito". Masisso seria uma estupidez, isso seria uma derrota e portanto não desisti. Nesses diasaprendi porque tinha falhado e com isso evitei falhar mais vezes.Alterei as alturas do dia em que meditava e escrevia para garantir que não as falhava porque estava com sono. Para o final, escrever e meditar eram as primeiras coisas que fazia cada dia.

Houve outros momentos que cumprir o exercício físico foimuito difícil. Há sempre o dia em que está a chover, ou que estamos doridos, ounão temos companhia ou, simplesmente, não nos apetece. Esses são os diasque nos põem à prova. Em qualquer objetivo na vida, em qualquer desafio,existem esses dias. Nessas alturas temos de arranjar força para cumprir oprometido, porque de outra forma vamos falhar, mais uma vez, nesse projeto.Aprendi que se passarmos essa barreira, fica tudo mais fácil daí em diante,e por isso vale a pena o esforço adicional.

Os livros queacompanharam o desafio

Nenhum bom desafio estaria completo sem uns bons livros. Comecei então por ler TheMiracle of Mindfulness, de Thích Nhất Hạnh. Nele aprendi a importância de Mindfulness - viver no presente. É sobre estar concentradonaquilo que estamos a fazer no momento. Como exemplo, o autor escreve que quando estamos a lavar a loiça,devemos estar só a lavar a loiça, e não a pensar nas coisas que temos para fazerem seguida. Se temos por hábito estar perdidos em pensamentos sobre o passadoou o futuro, perdemos a vida verdadeira, que se encontra no presente, naquiloque estamos a fazer no momento.

De seguida li o livro The Four Hour Body de Tim Ferriss. Éum livro interessante, mas deve ser lido com um objetivo claro em mente, sejaperder peso, ganhar força ou outro. Mas com uma passagem rápidopelo livro consegui perceber o seu potencial.

Por último, li o Zen and the Art of Happiness, de Chris Prentiss. Este foi um dos melhores livros que li este ano. Chris Prentissensina-nos que não há eventos bons ou maus, mas que eles assim se tornam pelamaneira como nós os interpretamos. Ele diz-nos para pensar que, qualquer coisaque nos aconteça, é a melhor coisa que nos podia ter acontecido. Estepensamento, tão simples, tem o poder de tornar a vida muito mais feliz.Aconselho vivamente a leitura deste livro.

O próximo desafio

Ainda não sei o que vou escrever a seguir para O Macaco deImitação. Estou agora a ler um livro sobre o que podemos aprender com os grandes filósofos da antiguidade e quero, num próximo artigo, resumir uns 4 ou 5livros sobre boas filosofias de vida. Vou também escrever sobre um método que tenho usado para aumentar a minha produtividade nas últimassemanas. E também quero começar um novo desafio e aprender qualquer coisa nova, seja investir 20 horas em qualquer coisa, ouuma semana, ou 30 dias.

Estou orgulhoso daquilo que consegui fazer nestedesafio. Dos 90 momentos de exercício, meditação e escrita, apenas falhei 8.Aprendi a organizar-me melhor, a lutar contra a falta de vontade, e aprendi boas filosofias de vida com os livros que li. Fiquei em melhor forma, tentei relaxar com a meditação e gostei muito de escrever as 44 páginas. Foi um mês saudável, tanto para ocorpo, como para a mente. Sinto que agora estou mais preparado para começar novos desafios.