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Macaco Experimentar

Macaco Experimentar

Uma semana de barco à vela na Sicília - VOYAGEchallenge

"Está bonito...esta semana vai ser como na tropa". Este foi o meu primeiro pensamento enquanto olhava o barco e os dois capitães que, ou muito me enganava, ou não estavam ali para fazer amigos. Teria de esperar apenas uma hora para perceber que estava enganado.

Nas últimas duas semanas participei na VOYAGE– uma viagem/curso de empreendedorismo cofinanciado pela União Europeia. Oobjetivo desta trip seria, em primeiro lugar, desenvolver ideias de negóciodentro do ramo do turismo e, por outro lado, desenvolver espírito de equipa.

Foram duas semanas intensas – muitos quilómetrosde avião, carro e barco à vela, e poucas horas de sono. Tanto havia paraescrever sobre esta viagem, mas hoje escolhi partilhar apenas a 2ª semana,quando estive a navegar num barco à vela.


Quem não dorme à noite...
Uma das muitas discussões de grupo.
Sim, uma semana a dormir num barco à vela; anavegar à volta da Sicília. Tinha tudo para correr mal. E de facto, em certosmomentos passei frio e fome, dormi mal, fiquei molhado de cima a baixo e enfrentei uma tempestade (ainda que durante apenas dez minutos). Mas, apesar de tudo isso, ou também por isso mesmo, foi umaexperiência incrível.

Os participantes (de Portugal, Roménia, Alemanha,Chipre, Lituânia e Espanha) foram divididos em 2 equipas. Haveria uma série detarefas, cada uma delas valendo 1 ponto, ganhando a equipa que, no final dasemana, somasse mais pontos. Seria um jogo "a feijões", sem prémio final, masisso não eliminou o meu espírito competitivo. Se estava ali era para ganhar.

A aprender a fazer nós.


Eu como comandante, a "guiar", acompanhado da minha equipa e do verdadeiro capitão que nos dava instruções.

Em equipa aprendemos a fazer nós, a ler mapas dos ventos e a comandar o barco. Fizemos turnos, em equipa, para dormir, cozinhar e velejar à noite. Em equipa discutimos a melhor estratégia para ganhar cada tarefa. E em equipa conseguimos dar a volta a uma pontuação de 4-1 e empatar a competição no final da semana.

Visitámos também uma série de portos e cidades(destaco Siracusa), falámos entre todos sobre tudo o que há para falar e "escalámos"ao topo da ilha Vulcano. Tentámos, em vão, ver o novo episódio do Game ofThrones, discutimos as qualidades e "defeitos" de cada um, e descobri que consigoler, e não ficar enjoado, mesmo com o barco no meio de um temporal.

Mas o ponto alto da semana foi uma tarefa emespecial. Os capitães deram 12 caixas com gomas (uma recordação da VOYAGE) a cada equipa. O objetivo serianegociar com os negócios locais de Siracusa e trocar estas caixas porsouvenirs. A equipa que trouxesse mais lembranças ganhava, havendo pontosextra para a originalidade.

Enquanto a outra equipa foi mais agressiva nasua técnica de negociação, nós optamos por conhecer primeiro as pessoas e falarsobre os seus negócios, e só depois partir para a negociação. Conhecemos aspessoas por de trás do balcão e ficámos fascinados com as suas histórias e apaixão que colocam naquilo que fazem.

Algumas das recordações que conseguímos trocar com os negócios locais.
Uma das tarefas a contar para a competição. Ótimo trabalho de equipa.

Não só conseguimos os souvenirs típicos – tal como magnets para o frigorífico – mas tentámos negociar nos sítios menos comuns. Conseguimos souvenirs na igreja, um livro numa galeria de arte, uma pintura num hostel/museu gerido por refugiados, uma marioneta típica da Sicília num restaurante local (depois de rejeitar dinheiro e uma garrafa de vinho porque não podíamos beber no barco), bolos para o pequeno almoço num hotel de 5 estrelas, 2 estátuas de barro numa loja de antiguidades, entre outros. Mais do que a tarefa - que acabámos por ganhar – ficámos impressionados com a bondade das pessoas. Nunca pensei que nos oferecessem tanto e com tanto valor.

Todas as tarefas tinham um propósito muitoclaro e um significado especial. No final de cadatarefa, os capitães falavam connosco e mostravam aquilo que tínhamos aprendidoe aquilo que podíamos melhorar. Adorei esta semana, apesar de ter sido dura, porque tínhamos sempre algo interessante para fazer. 

Além de tudo isso, passámos muito tempo avelejar. Aprendemos, além dos nós, a "guiar" um barco à vela. Aprendi quandonão devo dormir ou comer para não ficar enjoado. Velejámos de noite, no meiode uma tempestade e ficámos impressionados com a paisagem natural da Sicília e da ilha Vulcano.

A paisagem do tipo da ilha Vulcano.

No topo do vulcão.
O capitão no topo da ilha Vulcano.



Fechados num barco durante uma semana, comsaídas ocasionais, fortalecemos amizades e espírito de equipa muito rapidamente. E foi um descanso estar uma semana sem telemóvel e sem internet, sem distrações e sem redes sociais.

O primeiro nascer do sol, de sempre, que vi no mar.
O último porto da semana.
O grupo VOYAGE. Na fila de cima, nas pontas, temos os capitães, e no meio temos a formadora em empreendedorismo da primeira semana da VOYAGE.
Diz-se que a felicidade é a subtração dasexpectativas à realidade. Foi por isso que adorei esta semana. Não esperavaaprender tanto sobre barcos, ou sobre nós, ou sobre ventos. Não esperava gostar tantode estar fechado num barco com outras 9 pessoas, comer e dormir no barco, seminternet e telemóvel. Não esperava aguentar uma semana sem ver o novo episódio do Game of Thrones. Não esperava ver paisagens tão bonitas. E não esperava que as tarefas e desafiosque fizemos tivessem tanto significado e nos fizessem aprender tanto.

Por último, não esperava que os capitãesfossem tão simpáticos e que tivessem tão grande experiência não só de barcos, mas de vida e negócios. Estou pronto para outra viagem debarco à vela.

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