Em Agosto, parti com uma equipa, composta por mim e 4 raparigas (Mariana, Inês, Joana e Kátia) para São Tomé e Príncipe. Um autêntico puzzle - cada peça com a sua maneira e jeito de ser, mas que no fim ficou todo unido! Foram como irmãs para mim! Jamais as irei esquecer! Só lhes posso agradecer por terem partilhado este mês comigo.
Conforme prometido ao O Macaco de Imitação, partilho agora a minha experiência e momentos que foram vividos ao longo do melhor mês da minha vida, mês esse em que realizei voluntariado internacional em São Tomé e Príncipe.
As minhas expectativas
Antes da viagem não pesquisei muito sobre S. Tomé. Decidi não criar muitas expectativas e ir na descoberta de um novo país. Penso ter sido a melhor opção.
O meu dia-a-dia
Já no terreno, de manhã colaborávamos no Curso de Férias da Paróquia de Nossa Sra. da Conceição, onde haviam crianças e jovens desde a pré até a 9ª classe. Realizámos visitas de estudo, atividades/jogos com as crianças e aulas de substituição quando necessário ou na ausência de algum facilitador (voluntário do curso de férias).
Durante a tarde, a equipa dividia-se. Dois membros ficavam na Conceição dando formações planeadas pela equipa no Centro Paroquial. Qualquer pessoa poderia comparecer, desde crianças, a jovens e adultos. Foram várias as disciplinas disponíveis para a comunidade (Português, Inglês, Gestão, Geografia, Saúde e Cidadania, Informática, entre outras). Os restantes membros iam para uma pequena localidade perto da Conceição (cidade), que tinha o nome de Água Porca. É uma localidade mais carenciada, em que na maioria os alunos eram crianças. Tinha uma pequena capela, onde as aulas eram dadas ao ar livre debaixo de um telheiro. Foram dadas formações de Português, Inglês e atividades/dinâmicas com as crianças locais.
Muito resumidamente, era este o nosso plano de segunda a sexta. Aos sábados, realizávamos passeios com os jovens da Paróquia de Conceição, e aos domingo recarregávamos as energia.
Formação de Português em Água Porca.
Aulas durante a manhã do curso de férias para a 1ª e 2ª classe, no Centro Paroquial da Conceição.
A melhor qualidade daquelas pessoas
A felicidade! Aquelas pessoas, com tão pouco em comparação ao nosso país, são felizes. As crianças, por exemplo, brincavam com um simples pneu. Qualquer coisa para eles servia. Hoje em dia, no nosso país, a maioria das crianças não sabem o que é isso, e estão dependentes das novas tecnologias. E a bondade daquela gente também foi bastante notória. Queriam sempre oferecer alguma coisa - faziam mesmo questão de oferecer. Foram essas as duas qualidades mais sentidas.
O momento mais feliz desta experiência
Ao longo desse mês foram muitos os momentos felizes. Recordando agora com saudade, os momentos que me deixavam verdadeiramente feliz eram as formações de informática. Ver a alegria daqueles alunos só por terem visto um portátil, que até então era desconhecido para muitos. Todos eles mostraram muito interesse e dedicação em aprender as noções básicas de utilizador. Terminava as formações com uma satisfação imensa, e no caminho para casa só me apetecia partilhar com as minhas “manas” como tinham corrido.
Formação de informática no Centro Paroquial Conceição.
E a situação mais complicada
Foram os 3 dias em que eu e a Mariana passámos mal. Isto porque no primeiro sábado realizámos uma caminhada com os jovens da comunidade. Andámos durante 4 horas e meia, e apenas descansámos 10 minutos para visitar a cascata de S. Nicolau. Quando aí chegámos, e já sem água no cantil, pensámos que a dita água vinha de uma nascente, e então decidimos encher o meu cantil e beber. Resultado - 3 dias de cama com febre, vómitos e diarreia. No último dia fomos ao hospital (outra aventura), e lá conseguimos ser atendidos no bloco operatório por uma anestesista que nos receitou uns medicamentos, e a verdade é que nos curou. Serviu de lição.
Cascata de S. Nicolau
O maior desafio
Como rapaz tímido que sou, não sentia grande a vontade para dar formações. Esse, para mim, foi o grande desafio. Ao longo do tempo fui dando formações de Geografia e Informática. Perceber, no final desse mês, que os alunos tinham gostado imenso das minhas aulas, foi algo gratificante. Fico orgulhoso do trabalho realizado, não só por mim, mas pela minha equipa. Desafio superado!
Mercado da Conceição
Lagoa Azul
Praia Morro Peixe
Casa da equipa
Quarto do Tarzan
Em que aspecto esta experiência me mudou
Mudei, em primeiro lugar, no meu peso - perdi 5 quilos. Mas fora de brincadeiras, quem realiza este tipo de ações acaba sempre por mudar, por mais pequena que seja essa mudança. Pessoalmente, mudei a minha maneira de ser e de estar - parece que vejo a vida com outros olhos. Não sei bem como explicar isto! Aprendi a dar valor a certas coisas que em Portugal me passavam despercebidas. Quando dou por mim a pensar sobre este mês (único!), sinto um desejo enorme de voltar para S. Tomé, com a minha equipa. Fomos os 5 muito unidos do início ao fim, e esse foi outro fator importante para que esta missão fosse perfeita. Pensei que fosse difícil aturar 4 raparigas durante 1 mês, e a verdade é que estava completamente enganado. Voltava a repetir tudo por igual. Tudo isso fez-me crescer como pessoa!
A equipa
Quem deve fazer voluntariado
Todos! Aconselho qualquer pessoa a fazê-lo. A palavra voluntariado significa fazermos bem (e de borla) a alguma coisa - numa instituição, a uma criança, a um grupo sénior, entre outros. Portanto, ao fazermos voluntariado, sentimo-nos realizados, e somos úteis perante a sociedade. Não custa nada ajudar o próximo. Um dia posso ser eu a necessitar dessa ajuda, desse carinho, dessa companhia. Nunca sabemos o dia de amanhã! Em Portugal existem várias instituições a solicitar voluntários. É só fazer uma pesquisa, e depois, dependendo do tipo de voluntariado que se pretende, escolher a melhor opção. E para uma pessoa que seja aventureira, que queira ir à descoberta de um novo mundo, temos hoje em dia diversas ONG (Organização Não Governamental) que nos levam a realizar estas Missões Internacionais. Não se perde nada ao ter estas experiências. E, como já disse, este foi o melhor mês da minha vida!
Por fim, não sei se mudei o mundo. Sei sim que mudei a vida das pessoas que se cruzaram comigo ao longo desta missão, e elas a minha! Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.
Olho para o horizonte e reparo na onda que aí vem. Começa a perseguição. Remo o mais que posso e coloco-me no sítio certo. Ganho velocidade, agarro a prancha com as duas mãos e ponho-me de pé. Faço uma sucessão de manobras e mal posso acreditar na qualidade da onda. Ao final de 20 segundos já estou a remar para o outside para tentar apanhar outra destas.
O surf é uma das experiências que me provoca Flow. OFlowacontece quando estamos completamente concentrados numa atividade. Nesses momentos, perdemos a noção do tempo e não pensamos em quaisquer problemas que possamos ter. Estamos a fazer aquilo que mais gostamos e só isso é suficiente. Segundo Mihaly Csikszentmihalyi, esses são os momentos mais felizes da nossa vida, e também aqueles em que nós mais crescemos.
E se o Flow nos traz felicidade e crescimento, devemos maximizar o tempo que aí estamos, certo? Este artigo descreve os 8 elementos desta experiência, e como podemos transformar qualquer atividade em Flow.
Os elementos do Flow
1. Objetivos bem definidos
Para atingir o Flow, a atividade tem de ter, em primeiro lugar, objetivos muito claros. Ao surfar, e dependendo do nosso nível, o objetivo poderá ser conseguir ficar em cima da prancha ou fazer um tubo. Devemos começar uma atividade que possa ser acabada e fixar objetivos pequenos, que possam ser cumpridos rapidamente. Sentir que estamos a evoluir numa atividade é muito importante para a nossa motivação. Depois de uma experiência de Flow, a pessoa sente que melhorou as suas capacidades e que cumpriu os seus objetivos. Isso motiva-a para continuar, neste caso, a surfar.
2. Concentração na atividade
Durante o Flow, toda a nossa atenção está concentrada na tarefa que realizamos. Parece que mais nada interessa senão o que estamos a fazer. E alguém pode vir falar connosco que não a conseguimos ouvir. Com certeza isso já te aconteceu. Quanto maior a concentração, mais intenso é o Flow, e melhor é a qualidade do trabalho produzido. Mas, infelizmente, a nossa atenção é limitada. Daí que o investimento dela em coisas importantes seja crucial. Porque os resultados que temos da vida dependem de onde gastamos a nossa atenção.
Attention can be invested in innumerable ways, ways that can make life either rich or miserable. - Mihaly Csikszentmihalyi
Com toda a liberdade de escolha e tecnologia que temos atualmente, deveria ser mais fácil entrar no estado de Flow. Mas sabes que não é isso que acontece. Cada vez há mais distrações. A TV, o facebook e o telemóvel, todos competem pela nossa atenção. Além disso somos fãs do multitasking, que divide a atenção por muitas coisas diferentes (umas menos importantes que outras). Não podemos, nem devemos, voltar atrás no tempo e limitar as escolhas que temos atualmente. Mas, se queremos estar mais vezes em Flow e ser felizes, temos de reduzir essas distrações.
Attention is our most important tool in the task of improving the quality of experience. - Mihaly Csikszentmihalyi
The future will belong not only to the educated man, but to the man who is educated to use his leisure wisely. - C. K. Brightbill
3. Perda de auto-consciência
Quando estamos sozinhos e com pouca coisa para fazer, a mente começa a divagar para os problemas do dia-a-dia. Mas quando estamos em Flow, nada nos atormenta. Já não interessa se a nota do teste foi má ou se vamos conseguir ser promovidos. Durante o Flow, nem pensamos se estamos felizes ou tristes, porque a concentração está focada na atividade.
4. Sensação de tempo distorcida
Esta é fácil e acontece-nos a toda a hora. O tempo ganha uma nova dimensão durante o Flow. Passa mais devagar porque estamos conscientes de cada movimento que fazemos. Mas depois do Flow, parece que passou tudo muito rapidamente.
Hours pass by in minutes, and minutes can stretch out to seem like hours - Mihaly Csikszentmihalyi
5. Feedback imediato
Não só é importante ter objetivos claros e alcançáveis, como também ter feedback imediato sobre aquilo que estamos a fazer. Se estiver a surfar numa aula, o instrutor irá corrigir a minha postura na hora. Se alguma coisa estiver errada, posso melhorar rapidamente. Imagina que estás a trabalhar, e não tens noção alguma se o teu trabalho está bem feito ou não. Começas a ter dúvidas e ficas irritado - quebras o Flow. Por isso é tão importante ter um feedback rápido para que te sintas bem.
6. Equilíbrio entre as capacidades e o desafio
Se fazes uma tarefa muito básica, ficas aborrecido. Se por outro lado essa tarefa é demasiado complexa para as tuas capacidades, ficas stressado. De qualquer maneira, esses sentimentos incomodam e deixas de estar em Flow. O Flow acontece na fronteira entre o aborrecimento e o stress, quando as nossas capacidades estão de acordo com o desafio proposto. Por isso, quando estás a aprender alguma coisa nova, tens de aumentar o desafio à medida que vais evoluindo. Só desta forma vais conseguir estar em Flow durante essa atividade.
O gráfico acima realça bem o jogo entre as tuas capacidades e o desafio a que te propões. Começas, por exemplo, a praticar surf e ficas feliz por apanhar umas espumas e, de vez em quando, conseguires estar em cima da prancha (A1). À medida que vais evoluindo, melhoras as tuas capacidades, e agora consegues fazer o take-off em todas as ondas. Se não agarras outro desafio, e continuas a surfar as mesmas ondas com a mesma prancha, ficas aborrecido (A2). É nesse momento que deves melhorar o teu equipamento e passar para ondas mais complexas. Assim ficas em Flow novamente porque as tuas novas capacidades têm agora um desafio à altura (A4). Por outro lado, não deves começar a praticar surf com uma prancha pequena, porque aí o desafio é muito maior que as tuas capacidades e ficas stressado (A3).
Se queres estar em Flow mais vezes e durante mais tempo, tens de dominar este esquema. Aprende a reconhecer oportunidades para melhorar as tuas capacidades e continuar a evoluir no teu trabalho ou hobby.
Enjoyment appears at the boundary between boredom and anxiety, when the challenges are just balanced with the person’s capacity to act. - Mihaly Csikszentmihalyi
7. Controle pessoal sobre a atividade.
Se não pudemos, ou não achamos que pudemos, controlar o que fazemos, sentimo-nos impotentes. E não é possível estar em Flow se não tivermos poder de decisão sobre as nossas ações, porque nesse momento começamos a pensar nos problemas e a atenção foge dessa atividade.
8. A atividade é em si recompensadora, não exigindo esforço.
O dinheiro ou o poder nada interessam quando estamos em Flow. Nesse momento , fazemos qualquer coisa porque fazê-lo dá-nos prazer. Estamos à aprender pelo aprender em si. E, mesmo que a tarefa precise de esforço físico e/ou mental, nós não o sentimos. Resumidamente, o Flow é a experiência ótima. Durante o Flow não pensamos em nós mesmos e fazemos a atividade porque ela é recompensadora por si própria. Não sentimos esforço e o tempo tem agenda própria. Temos objetivos muito claros e alcançáveis, feedback imediato, controlo total sobre as nossas ações, e as nossas capacidades estão em sintonia com o desafio proposto. Depois do Flow, ficamos mais fortes e felizes.
O Flow como chave para a felicidade
Estás a dedicar a tua atenção às coisas certas? Gostas do que fazes profissionalmente? É isso que queres continuar a fazer? Costumas estar em Flow? Temos a capacidade para apreciar todos os momentos da nossa vida. Podemos estar em Flow ao conversar com uma pessoa interessante, ao ouvir música, ao ver um filme, ao comer e ao ver uma paisagem bonita. Mas infelizmente fazemos tudo à pressa e deixamos de apreciar as pequenas coisas do dia-a-dia. Precisamos de treinar a mente para atingir altos níveis de concentração. Só assim ficaremos em Flow mais vezes e durante mais tempo. Ao focar a nossa atenção naquilo que é importante, evitando pressões externas, podemos alterar a nossa vida completamente através do Flow. Aprende também a meditare a ser otimista. Conhece as tuas forças, e respeita a tua personalidade. Por último, inspira-te ao ler sobre pessoas que já passaram por muito na vida. Vai ajudar-te a escolher o melhor caminho para a felicidade, onde deves investir a tua atenção e quais devem ser as tuas experiências de Flow.
Those who try to make life better for everyone without having learned to control their own lives first usually end up making things worse all around. - Mihaly Csikszentmihalyi
Creating meaning involves bringing order to the contents of the mind by integrating one’s actions into a unified flow experience. - Mihaly Csikszentmihalyi
Of all the virtues we can learn no trait is more useful, more essential for survival, and more likely to improve the quality of life than the ability to transform adversity into an enjoyable challenge. - Mihaly Csikszentmihalyi
Lembro-me, desde sempre, de ver o Gato Fedorento. Comecei a ver desde o início, na SIC Radical, com a famosa série Fonseca. Via todos os episódios, revia-os 100 vezes e depois repetia-os 500. Chateava todos à minha volta, "Já conheces o Gato Fedorento"?
E fui acompanhando todas as temporadas dos Gato. Fui crescendo com eles. Era, de entre os meus amigos, o especialista no Gato Fedorento. E com orgulho. Conhecia todos os episódios, repetia-os sem hesitação e enlouquecia ao ver uma nova série.
Os Gato Fedorento - Miguel Góis, Tiago Dores, Ricardo de Araújo Pereira e José Diogo Quintela.
E entretanto foram ficando mais famosos, correram todos os canais da TV portuguesa e fizeram anúncios para a MEO. E qualquer coisa mudou. Não sei se em mim, se neles. Mas já não achava piada às novas temporadas. Percebi que não era o único que assim pensava. O humor ficou gasto? Ficou forçado? Perderam a piada que surgia daqueles sketchs feitos em cima do joelho? Não sei.
Mas não interessa. Os Gato Fedorento farão sempre parte da minha adolescência. Têm eles piada agora, isso é discutível. Mas ninguém lhes tira o seu humor inovador, e os milhões de portugueses que riram com os seus sketchs. Lá longe ficam as temporadas do Perfeito Anormal, do Fonseca, do Meireles e do Lopes da Silva. Agora temos outros como o Salvador Martinha e os Boomerang. Mas para mim, os Gato Fedorento vão ser sempre os máiores da minha aldeia.
Ás vezes fico com a impressão de que sou a única pessoa que não percebe os debates políticos. Não sei quem está a "ganhar" ou a "perder". Se mentira se fala, não sei quem a diz. Não percebo os palavrões que se dizem. No final de um debate, continuo sem perceber em quem votar.
Um diz uma coisa, que me parece certa, e concordo com ele. De seguida vem o outro, lançado para opinar, e diz que não é bem assim, e eu também concordo. Sou um fácil. Ou então não. Talvez fique dividido porque eles omitem sempre qualquer coisa. Só partilham aquilo que interessa. E este ciclo repete-se de debate para debate, de ano para ano, de legislatura para legislatura. E, para falar verdade, não sou o único que não percebe o que se anda a passar. Infelizmente, isso acontece com muitos portugueses.
António Costa ou Pedro Passos Coelho, quem será o próximo primeiro-ministro de Portugal? Não sou de limitar a escolha política, mas admitamos, são estes os 2 principais candidatos. Foto retirada de www.rtp.pt.
E eles não percebem que resolver os problemas de um país é um assunto muito complexo? Não há uma única solução. E muitas vezes a solução óbvia vem a revelar-se errada. É tudo muito complexo. Mas os partidos não só acham que a sua solução é a certa, como a dos outros não tem ponta por onde agarrar. Se o outro, da oposição, faz de outra maneira, é burro. Ou pior, pensa-se que anda a lixar os portugueses de propósito. Posso não simpatizar com políticos, mas não acredito que o país esteja em crise porque o nosso primeiro ministro nos esteja a lixar.
Neste cenário, com as notícias deturpadas que ouvimos todos os dias na TV, com o passa a bola da culpa, com a discussão sobre o que os gajos "do mesmo partido que o senhor" fizeram há 10 anos atrás, perco todo o interesse na política. E é uma pena, porque eu gostava de participar. Mas não consigo. Não há como analisar os factos como eles são e votar conscientemente. Para muitos portugueses, eu inclusive, votar é um tiro no escuro. Vota-se porque se engraçou com alguém, não se vota em tal partido porque já se decidiu que não vai ganhar, e vota-se com pouca e errada informação.
Tenho pena, mas por isso desligo a televisão. Não vejo notícias, excepto muito raramente. Leio, muito, mas sobre ciência e tecnologia. Mas ainda assim sei, no geral, aquilo que se passa no meu país e lá fora. Aquilo que é importante chega-me aos ouvidos através de conversas com amigos. Sei dos grandes eventos, não sei das milhares de mortes que passam na TV. Sei do bom que acontece, mas não sei quem está à frente nas sondagens. Talvez um dia seja diferente. Talvez a política fique mais transparente, clara, e por isso, interessante. Talvez aí consigamos analisar os programas políticos como eles são, compará-los, e depois votar segundo os nossos ideais. Até lá, faço um esforço para perceber tudo isto, e espero que todos juntos, mesmo com informação incompleta, consigamos votar na pessoa certa.
Este é o segundo post sobre a minha viagem pelos bálticos. Se não leste o primeiro, segue este link.
Viajar em 2015 é muito fácil. Durante este mês não me senti longe de casa , tal como em viagens anteriores. Talvez esteja mais velho, ou talvez seja a facilidade de acesso à Internet. Uso o GPS e não preciso de pedir indicações; o TripAdvisor diz-me os melhores locais em qualquer país e cidade; e até há aplicações que nos mostram os transportes entre 2 pontos no mapa europeu (sejam eles quais forem). As chamadas para Portugal são baratas e, pelo Facebook, podemos falar com a família e amigos, e ainda ver o que se passa no nosso país. Em nada é diferente do que se estivesse em Portugal, excepto estas línguas esquisitas que as pessoas falam.
Mas a internet traz um problema, pelo menos eu assim o acho. Numa época em que todos partilhamos as nossas experiências de viagem e sabemos quais são os melhores "spots" em qualquer cidade, acabamos por visitar todos as mesmas coisas. Durante esta viagem, foram dezenas as pessoas que encontrei que faziam a mesma rota pelos Bálticos - Vilnius, Riga e Tallinn. Como tornar uma experiência destas única?
Comitiva portuguesa em Riga, Letónia.
Chegados a Riga, despedimo-nos do terceiro elemento da nossa comitiva portuguesa. Ele não gosta de ouvir estas palavras, mas a má hora ele nos deixou, porque logo começaram grandes festas nas próximas 2 cidades - em Riga apanhamos o festival de verão, e em Tallinn as comemorações da restauração da independência.
Mas, dizia, como tornar uma viagem única quando todos parecem visitar as mesmas coisas? Uma das maneiras é estender o tempo de viagem (para quem pode). Ficámos 1 semana em Riga, uma cidade pequena, o que parece muito tempo. Mas isso permitiu-nos visitar a cidade (e arredores) com calma, e estar atento a pormenores que passam despercebidos ao turista comum. Fazemos free-tours, visitamos museus, subimos a torres, aproveitamos o festival de verão, deambulamos pela cidade como se fossemos locais, vamos à praia e até visitamos o jardim zoológico.
Arquitectura soviética. Em tempos, já foi o maior edifício de Riga, Letónia.
Vista de Riga, Letónia. Temos à frente o mercado e atrás a cidade velha.
Igreja ortodoxa em Riga, Letónia.
Riga é uma cidade muito verde. Os parques rodeiam o centro histórico da cidade.
O mercado de Riga é gigante e muito popular. Mais pessoas fazem aqui as compras que em supermercados.
Praia em Jurmala, perto de Riga.
Jardim Zoológico de Riga, Letónia.
Jardim Zoológico de Riga, Letónia.
Jardim Zoológico de Riga, Letónia.
Da esquerda para a direita: o Coelho, o Macaco e a Girafa. Jardim Zoológico de Riga, Letónia.
Já no post anterior tinha falado dos portugueses que encontramos em viagem. É incrível ver, que mesmo poucos, estamos espalhados por todo o lado. Há uma conexão rápida entre falantes de português. Há até quem nos ofereça um pequeno-almoço no buffet do hotel. Para nos convencer dizem que "está pago", e nós aceitamos.
Como, ainda em Riga, e em diante, somos 2, tendemos a conhecer mais pessoas. A maior parte também viaja sozinha ou apenas com um amigo. É isso, também, que torna uma viagem única - conhecer pessoas. Sejam locais, sejam portugueses, sejam europeus ou de outra parte do mundo. Trocamos experiências, piadas, e quebramos maneiras de pensar. Aprendemos como é viver noutro país e dizemos quão bom é o nosso Portugal.
Parnu, na Estónia. Entrámos nesta cidade ao engano, depois percebemos que nada se passa aqui.
Chegámos a Tallinn, depois de uma pequena passagem pela cidade de Parnu. Em Tallinn encontramos a cidade mais bonita desta viagem. O centro histórico é mais pequeno que Riga, mas mais bonito, mais verde, mais medieval. Fazemos o mesmo que na cidade anterior - ficamos uma semana, para fazer tudo, mas com calma. Abrimos também uma excepção no orçamento, e ficamos em 2 hosteis um pouco mais caros. Acabam por valer todos os euros investidos porque aqui temos, além de mais conforto, melhor ambiente. Conhecemos mais pessoas e até temos concertos, na sala, todos os dias. É uma festa.
É também em Tallinn que temos as melhores noites. Saímos com a malta dos hosteis, temos acesso às melhores discotecas dos Bálticos, e conhecemos Alemães, Checos, e Brasileiros.
Tallinn, Estónia.
Tallinn, Estónia.
Igreja ortodoxa em Tallinn, Estónia. Assistimos, por acaso, a uma "missa".
Tallinn, Estónia.
Tallinn, Estónia.
Posto médico numa antiga prisão em Tallinn, Estónia. Do lado de fora da prisão, há uma praia improvisada, com um pequeno bar. É aqui que passamos um bela tarde de "praia".
Eu e o Christian, um amigo Alemão.
Concerto no Hostel Euphoria. Tallinn, Estónia.
O que é viajar? Por um lado é conhecer a história destes países, o bom e o mau. É conhecer os seus pontos turísticos, os seus monumentos e as suas praias. É também alargar a zona de conforto, é quebrar com preconceitos, é desenrascar lá fora. É provar a comida (mesmo que seja má), é beber cerveja local (porque gostamos de beber), e é ouvir a língua e ver os costumes. É, principalmente, conhecer pessoas novas. É, para mim, viver como um local nesse país, mesmo que seja por 1 semana.
Viajar no ano 2015 é uma experiência completamente diferente do que seria no ano 1985. Em 30 anos, apareceu a Internet, o telemóvel, o GPS, o google, as redes sociais e, para tornar tudo mais fácil, o smartphone. Em qualquer lado do mundo - ou pelo menos da Europa - há uma rede wi-fi. Basta agarrar no iPhone, e sabemos tudo. Nunca a experiência de viajar foi tão social.
No último mês fiz mais uma viagem pela Europa. Estive 27 dias na Bélgica (Bruxelas, Leuven e Antuérpia), Polónia (Varsóvia), Lituânia (Vilnius, Kaunas e Klaipeda), Letónia (Riga) e Estónia (Parnu e Tallin). Visitei vários pontos turísticos, mas também vivi experiências únicas. Neste post falo sobre esta dualidade. A nossa viagem começa por terrenos familiares. Encontramo-nos com um amigo em Leuven, na Bélgica, e ele diz-nos aquilo que devemos visitar nos próximos dias. Conhecemos esta cidade universitária, e passamos 2 tardes em Bruxelas e Antuérpia. Estes 5 dias passam rapidamente. Encanto-me com a arquitectura Belga, com os seus edifícios altos e finos, e com as grandes torres que parecem brotar de todas cidades. Os belgas parecem-me pessoas simples. Gosto que andem de bicicleta para todo o lado e das centenas, senão milhares de cervejas que têm na carta. Facilmente vivia neste país.
Antuérpia, Bélgica
Biblioteca de Leuven, Bélgica
No entanto, fico triste com a massificação do turismo, que altera o aspeto tradicional das cidades. Por todo o lado aparecem lojas de souvenirs, espétaculos de rua, que embora divertidos, nada têm a ver com a cultura do país, e restaurantes americanos e chineses e indianos. Todos tentam vender qualquer coisa, tudo é caro, e até para ir à casa de banho se tem de pagar. Acabamos por não viver em pleno o país que estamos a visitar. Há um manto turístico por cima da vida quotidiana destas pessoas e é difícil distinguir entre o que é cultura e o que é a globalização.
Arquitectura Belga
Milhões de pessoas vêm a Bruxelas para ver esta estátua e depois deparam-se com esta desilusão.
É na chegada a Varsóvia que encontro uma das razões pelas quais gosto de viajar - a quebra de preconceitos. Esperava encontrar uma cidade feia e sombria, consumida pela dura história da 2ª guerra mundial. Ao invés, vejo largas avenidas, tudo bem arranjado, muitas cores, e um centro histórico re-construído com as fachadas originais. Varsóvia foi a cidade que mais me impressionou nesta viagem. Faz-me pensar em todos os preconceitos que retemos sobre outros povos - muitas vezes alimentados pelas notícias que vemos e ouvimos na televisão e internet.
Varsóvia, Polónia
Varsóvia, Polónia
O símbolo da cidade de Varsóvia, Polónia
Depois de uma semana entre a Bélgica e a Polónia, partimos para os Bálticos. Vamos sem espectativa. Sabemos pouco sobre estes países, porque há pouca informação na internet. Ao que parece, são pouco turísticos e, por essa razão, atraem-nos. É, por um lado, o gene português - ir à conquista de um novo território - e, na Europa, isto é o mais longe que podemos fazer nesse sentido. Passamos 1 semana na Lituânia por 3 cidades - Vilnius, Kaunas e Klaipeda - cidades pequenas, que nada têm a ver com as grandes, ou médias, capitais da Europa. No entanto, devido ao baixo turismo, conseguimos ter acesso à verdadeira cultura do país. Em Kaunas ficamos positivamente impressionados com a 2ª maior cidade da Lituânia, depois de termos passado pela pequena capital. Em Klaipeda ficamos negativamente impressionados com uma cidade à beira mar que, ao que parece, de verão e de festa, tem pouco.
Centro de Vilnius, Lituânia
Vilnius, Lituânia
Vilnius, Lituânia
Comida típica da Lituânia. Pela nossa experiência, é parecida com a gastronomia da Polónia, Letónia e Estónia. Ao longo destas 2 semanas fazemos um esforço para provar a gastronomia destes países e, quanto mais o fazemos, mais saudades temos de Portugal.
Castelo de Trakai, Lituânia
Kaunas, Lituânia
Praia em Klaipeda, Lituânia.
Depois de 50 km de bicicleta, chegamos à pequena vila de Nida, na Lituânia.
Nida, Lituânia.
O post seguinte é sobre as semanas 3 e 4 desta viagem pelos bálticos. Aí escrevo sobre a Letónia, a Estónia e sobre como a Internet nos assiste em viagem. E, já que visitamos todos os mesmos pontos turísticos, escrevo sobre o que torna uma viagem única. Segue para a segunda parte aqui. Sobre esse último ponto, não posso deixar de falar nos portugueses que vamos conhecendo em viagem. Sempre aos pares, é uma festa quando os conhecemos. Bebemos, partilhamos histórias de viagem e grita-se Portugal muitas vezes. Onde está um Português, estão logo 2, 3, ou 23.
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.