Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Macaco Experimentar

Macaco Experimentar

Dia 0 - 4 semanas nos bálticos

Uma viagem não começa no momento em que o avião descola - começa muito antes. Por vezes dias, muitas vezes semanas, ou, no meu caso, alguns anos antes. Se a imaginação contar, já dei várias voltas ao mundo. Como escrevi neste post, gosto de viajar pelo meu país. No entanto, tenho vontade de descobrir o que lá fora se faz, o que se come e quem são essas pessoas. Amanhã parto para outra aventura - viajar pelos Bálticos.

Engraçado que, embora os Bálticos marquem uma presença forte na minha lista há muitos anos, tenha marcado a viagem apenas com 2 semanas de antecedência. Isto porque os Bálticos competem com os Balcãs, o Sudeste Asiático, o Benelux, e tantos outros grupos de países. Como há tantas opções, tenho dificuldade em escolher a próxima aventura. No final, escolhi aquilo que pareceu melhor.

Os bálticos - Estónia, Letónia e Lituânia. Imagem retirada de http://wikitravel.org/
Segue-se a escolha da mochila e daquilo que se leva para uma viagem de 4 semanas. Neste campo a Ryanair não perdoa - tem de ser uma mochila 55x40x20 com 10kg, no máximo. Aceitei o desafio, e elevei a fasquia. Não levo aquilo que eventualmente poderá ser preciso, mas apenas o estritamente necessário. Levo comigo uma mochila de 6kg contendo apenas roupa para 6 dias, um livro, uma caneta, um pequeno caderno, uma toalha, chinelos e ténis. Tenho de resistir a levar 4 ou 5 livros. Mas faço-o com a certeza de que terei algo mais interessante para fazer. Faz-me pensar que não precisamos de muitas coisas na nossa vida - que o que é importante cabe numa mochila de campismo.

Mochila da trip.
Começo esta viagem fazendo escala em Bruxelas onde vou passar 4 dias, apanhando de seguida outro voo para Varsóvia. Aí ficamos 2 dias e seguimos para Vilnius. Segue-se uma viagem por 3 países - Lituânia, Letónia e Estónia - sobre os quais pouco ou nada sei. Que pessoas vamos conhecer? Será que há comida, de jeito, nesses países? O que há para ver e fazer? Vamos ser assaltados? Em menos de nada começamos a viagem e partimos à procura de respostas.

Serão 27 dias de sabe-se lá o quê. Haverão histórias para contar e, por isso, irei partilhar algumas destas na página de Facebook d'O Macaco de Imitação. Até daqui a 4 semanas!

Já aprendeste alguma coisa hoje?

Adoro desafiar-me. Aprender qualquer coisa nova ou quebrar maus hábitos. Aprender a tocar piano, a fazer malabarismo e a meditar. Desafiar-me a estar uma semana sem usar a internetNeste post mostro-te quais são as pessoas que me inspiram a experimentar coisas novas.

No último mês li dois livros de A. J. Jacobs. No seu primeiro livro, The Know It All, A.J. desafiou-se a ler a Encyclopædia Britannica (+- 30.000 páginas). Neste relata aquilo que vai aprendendo e como toda essa nova informação impacta a sua vida. Durante esse ano, também conhece pessoas muito inteligentes, participa no Quem Quer Ser Milionário, e inscreve-se nos savant - um grupo composto por pessoas com QI elevado. Depois de ler este livro, qualquer um fica com vontade de fazer algo em grande.

Depois temos o livro Um Ano de Vida Bíblica. Nesse ano, A. J. Jacobs vive segundo as regras da bíblia. Este desafio leva-o a muitos locais nos EUA e a Jerusalém, conhecendo pessoas altamente religiosas. Ao longo desse ano, consegue tornar-se uma pessoa melhor porque acaba por seguir regras como não mentir e agradecer por tudo na sua vida. Além de inspiradores, os livros de A. J. Jacobs são muito divertidos.
A. J. Jacobs. Foto tirada depois de um ano a viver segundo a bíblia. Referência: http://ajjacobs.com/
Também já escrevi, n'O Macaco de Imitação, sobre  Josh Kaufman e Tim Ferriss. O primeiro tem um livro excelente onde explica como aprendeu a tocar ukelele, a fazer windsurf e a jogar Go em tempo recorde. Nesse livro, Josh explica como acelerar a aprendizagem de algo novo. Há uns meses fiz um resumo dessas dicas.

Tim Ferriss, o meu primeiro ídolo neste campo, tem grandes livros sobre gestão de tempo, aprender a cozinhar e ter uma vida saudável. Além disso, tem uma série recente no qual se desafia, semanalmente, a aprender Poker, Surf, entre outros.

Ao experimentar coisas novas percebemos aquilo que é importante na nossa vida e vemos o mundo segundo outras perspectivas. Percebemos melhor as outras pessoas e tornamo-nos mais pacientes. Alargamos a nossa zona de conforto e preparamo-nos para o que der e vier. E o mais engraçado é que quanto mais aprendemos, mais depressa conseguimos evoluir numa coisa nova. Não começamos do zero porque há muitos temas comuns entre as coisas que aprendemos.

No futuro tenciono começar outros projetos. Pretendo fazer cerveja, aprender a falar francês e praticar yoga. Quero ver as 7 maravilhas do mundo e viajar por 100 países diferentes. Quero ler sobre tudo. Quero desafiar-me todos os dias e continuar a crescer. 

E tu? Que desafios gostarias de "agarrar"? Que coisas queres aprender? Convido-te a comentar e a partilhar abaixo esses projetos.

A procura pela onda perfeita

Eu comecei a surfar porque o surf era cool, ou pelo menos era assim que eu o via. No início, admito, não gostava muito, só queria ser um tipo popular e com sorte com as "babes". Mais tarde viria a descobrir que atrair as miúdas é mais do que escorregar nas ondas.

A minha vontade de ser um tipo fixe contrastava com o meu perfil de puto reservado, mais adepto do livro e do gameboy, que do futebol e das bicicletas. Quase desisti, não fosse ter-me sido emprestada uma prancha. Isso fez deixar-me a escola de surf e começar a (tentar) surfar por mim. Mais ajudou ter conhecido uns tipos que também andavam nestas vidas e que de companhia serviam. Mais tarde, viriam a tornar-se grandes amigos. O surf marcava os seus primeiros pontos - podia não me ter tornado no puto fixe da escola, mas tinha-me dado amigos e uma razão para sair de casa.

Em retrospetiva, nenhuma outra decisão foi melhor que ter a primeira aula de surf. Em poucos anos o meu mundo alterou-se. A nossa amizade cresceu – entre mim, o surf e os meus novos amigos. Comprei a minha primeira prancha e aí ficou decidido - iria ser um surfista até me caírem os cabelos.

O surf não se aprendia num ano, nem em 10 e, por isso, viciou-me. Queria saber fazer mais e melhor. Além disso, dava-me uma desculpa para evitar ir à praia, onde estavam muitas pessoas que faziam muito barulho. Apesar de ir, sempre, surfar com amigos, lá dentro eram só eu e as ondas. Enquanto esperava, refletia sobre tudo o que há para refletir. Era um tempo premium, longe de distracções. O surf permitia-me estar fora de casa, na natureza, sem que alguém me chateasse.

Até aos 18 anos, o surf não era mais que a caminhada até à praia, a 2 minutos a pé, para "ver se está bom". Com a carta de condução, o surf ficou mais complexo. Agora sabia também de marés, de ventos, de linhas de costa. Podia ir surfar para Peniche e aproveitar ondas vindas de todas as direções. A procura começaria. Com o carro apinhado de pranchas, fatos e pessoal, saía à caça das ondas. Entravamos onde estava bom. Surfavamos mais vezes e o nosso nível aumentou.

Porque os estudos se voltaram para Lisboa, o surf limitar-se-ia aos fins-de-semana. Durante a semana estudávamos os ventos e tudo aquilo que fosse preciso para tirar o máximo proveito daqueles dois dias. No verão era a loucura - era a vê-los surfar todo o dia. O surf tornou-se parte da nossa vida. Era algo que estávamos sempre a fazer, quer dentro de água, quer em conversas e previsões. O "bom dia" foi sendo substituído pelo "então, tens surfado?".

Passados 10 anos, continuo viciado no surf. Continuo uma pessoa introvertida, disso o surf não me livrou. Ao surf agradeço porque me deixou ser quem sou. Porque me trouxe amigos e me aproximou da natureza. Porque me deixa refletir durante o tempo entre uma onda e outra. Porque me levou em viagens à procura da onda perfeita. Porque ainda não sei o que está para vir, mas sei, que por "ele", só pode ser coisa boa.

Foto tirada por mim na Praia da Areia Branca, a minha "terrinha".

Uma semana (168 horas) sem internet

Domingo, dia 5 de Julho, às 00:00, desliguei a net. Durante uma semana não usaria Facebook, Youtube e Instagram. Não iria ver notícias ou jogar. Desinstalei todas as apps do iphone. Não iria utilizar a internet nem para ver a metereologia. Estaria completamente offline durante uma semana.

Às 00:00 esperei para ver o que acontecia. Nem 10 minutos haviam passado e já me pediam para não o fazer. Haviam coisas "importantes" a fazer online. Não desisti. Nunca seria uma boa altura para começar um novo desafio, portanto, não valia a pena adiar. Esta semana iria testar-me. Não se esperava grande sol nem boas condições para surfar. O que iria fazer com tanto tempo livre? Era esse o desafio.


Imagem retirada de http://www.funnyjunk.com/
Eu adoro a internet. É incrível a quantidade de coisas que se podem aprender sozinho. Passo grande parte do tempo online a ver conteúdo interessante. Subscrevo vários canais do Youtube sobre ciência, leio diversos blogs sobre psicologia e passo muito tempo no Google. Mas há um lado negro da internet - o que nos vicia em likes e comentários. Já não conseguimos tirar uma foto sem a colocar no Instagram. Não conseguimos estar à espera do autocarro sem sacar do telemóvel e navegar no 9gag. Não conseguimos estar à mesa, com amigos, sem ver os emails, o Facebook e aquele vídeo engraçado. São estes últimos momentos que eu quero minimizar.

Passados 7 dias, é difícil colocar por palavras aquilo que aconteceu esta semana. Vivi sobretudo no presente (exceptuando para onde os livros me levavam). Fiz grandes maratonas a ler, surfei, passei horas em esplanadas, vi filmes, meditei e aprendi a fazer novos acordes na guitarra. Entre almoços e jantares, estive com família e amigos. E, sem ter muito em que pensar, as tarefas de casa tornaram-se menos chatas.

É certo que de vez em quando ficava aborrecido. E aí pensava, "seria diferente se usasse a internet?". Provavelmente não. Começaria a navegar pelo Facebook ou pelo 9gag e, em menos de nada, ficaria frustrado pelo tempo gasto. Ao estar offline, aprendi a fazer "nada", a estar no momento e a relaxar.

Não usei a internet e o IMDb para escolher os filmes que via. Aliás, só tinha os filmes disponíveis na TV. Percebi que, frequentemente, muita escolha é mau. Com internet, podemos escolher o melhor filme que existe, mas a procura é cansativa - o filme nunca é bom o suficiente. 

Também procurei fazer atividades diferentes. Aproveitei para ver fotos antigas e recordações guardadas durante as minhas viagens. Experimentei fazer um puzzle e desisti 1 hora depois. 

Durante 168 horas foi um descanso não pensar em likes, visualizações e comentários.  Pensei sobre a vida e sobre o stress que evitei esta semana. Se me é possível usar essa palavra, estes 7 dias foram meditativos, pois abrandaram o meu turbilhão constante de pensamentos.

Aprendi que a internet não nos livra do aborrecimento. Se nada temos para fazer, é melhor ver um filme, ler um livro, relaxar, sair de casa ou então começar um novo projeto. É estúpido "navegar" na net. Em menos de nada desperdiçamos uma tarde. 


Confesso que nas últimas horas do desafio já estava em pulgas para voltar à internet. Queria ver as atualizações da página d'O Macaco de Imitação. Mas, apesar disso, sabia que a minha vida online iria mudar. Uma semana sem internet abriu-me os olhos para as vantagens de uma vida offline. 

Estou de volta ao mundo virtual. Reinstalei as apps no iphone mas desliguei as notificações. Não quero ser escravo da internet - vendo, em tempo real, o novo mail, a nova notícia e o novo vídeo. A internet tem muitos aspetos interessantes. Depois de 168 horas, já sei quais são e vou focar-me nesses.

Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.