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Macaco Experimentar

Macaco Experimentar

As vantagens de ser generalista

Há grandes vantagens em ser um generalista. É quando fazemos as pazes com a nossa personalidade que entendemos os benefícios de gostar de explorar múltiplos interesses. Este artigo segue o caminho traçado pelo post "És um generalista?". Se não o leste, sugiro que o faças antes de ler este post. Aqui ficam as vantagens de ser um generalista.

Espírito inovador

Sabes o que são modelos mentais? Ganhamos-los ao aprender a cozinhar, a programar, a andar de bicicleta e em tudo o resto. Eles ajudam-nos a perceber como é que estas coisas funcionam.

Ao explorar muitos interesses, nós, generalistas, somos profissionais a adquirir modelos mentais. Ao perceber como as coisas funcionam, entendemos também o que duas ou mais coisas têm em comum. Conseguimos transportar conhecimento de um lado para o outro. Por outras palavras, estes modelos ajudam-nos a inovar e a criar algo novo no cruzamento entre as várias áreas.
A mente inovadora. Imagem retirada de http://www.mindmapinspiration.com/
Imagina que gostas de matemática, design, comunicação e marketing. Podes, com esse conhecimento, desenvolver um canal do YouTube que ensina matemática e que tem uma imagem jovem e atual. Acabas por fazer mais sucesso, porque criaste um negócio com base nos teus múltiplos interesses. Tu, generalista, és um inovador.

Aprendizagem acelerada

Adoro esta vantagem - aprender rapidamente. Dando um exemplo muito prático; se já aprendeste a falar, fluentemente, inglês, espanhol e francês, vais aprender mais facilmente a falar alemão, italiano, ou qualquer outra língua. Isso acontece porque há sempre palavras parecidas com as que já conheces ou a construção frásica é similar. Se já aprendeste várias línguas, vais aproveitar o método que usas para "descascar" um novo idioma, com o conhecimento das dificuldades que tiveste anteriormente.

Como generalistas, um dos nossos maiores medos é ter de começar tudo do zero. Estamos nessa situação sempre que decidimos aprender algo novo ou seguir com outra carreira. A verdade, meu amigo, é que isso não é verdade. Como já aprendemos muitas coisas diferentes, e temos uma vasta coleção de modelos mentais, nunca começamos verdadeiramente do zero. Podemos trazer conhecimento prévio para aquilo que estamos a aprender e, garanto-te, aprendemos mais depressa.

Quando me desafiei a aprender a tocar piano - e dediquei 20 horas de treino para esse efeito - nunca pensei evoluir tanto como o fiz. Mas ao começar a treinar, reparei que o meu conhecimento de guitarra me estava a ajudar a aprender rapidamente. Já sabia o nome dos acordes (A, B, C, D, E, F e G) e como ler tablaturas, bastando aprender os acordes no piano para começar a tocar as música que já conhecia. E tu, generalista, o que já aprendeste mais rápido porque não começaste do zero?

Não tenhas medo de "perder" tempo em aprender algo novo, mesmo que não utilizes diretamente esse conhecimento. O que aprendeste vai ser útil mais tarde. Aprender depressa é uma ótima qualidade num mundo que está constantemente em mudança.

Adaptabilidade

Se sabes fazer várias coisas e se gostas de aprender novos temas, adaptas-te bem à situação em que te encontras. O generalista é fortíssimo num trabalho de grupo - seja na escola, na universidade ou no trabalho. Para além de ser inovador e aprender rapidamente, pode escolher trabalhar naquilo que mais gosta, ou trabalhar no que for necessário para o grupo.

Se, em alguma situação, houver um problema que tenha de ser resolvido, o generalista trata da situação. Ou resolve porque tem essa habilidade na sua coleção, ou não tem medo de aprender mais sobre o tema e resolvê-lo. Em adaptabilidade, o generalista é um Inspector Gadget.

Nota final

É muito fácil reconhecer as vantagens do generalista quando escritas. Se és generalista, como eu, passaste a maior parte da tua vida a querer ser um especialista. Vivemos tão alienados - tentando encontrar o nosso único propósito - que nos esquecemos das vantagens de gostar de aprender e explorar tudo o que há no mundo. Também me esqueço muitas vezes destas vantagens, e é por isso que, em verdade, este artigo é adaptado das palavras de outro generalista.

Com o seu blog, Puttylike, Emilie Wapnick ajuda vários generalistas a maximizar o seu potencial. Há cerca de 1 mês, foi ao TED falar sobre nós, generalistas, e mostrar ao mundo quem somos e as vantagens que podemos trazer para a sociedade. No vídeo que vos mostro abaixo, Emilie fala-nos também da educação que damos às crianças, e na pressão que estas recebem para escolher apenas um caminho.


Vimos, neste post, as vantagens de ser generalista. Não são, de todo, fáceis de aceitar - a nossa mente ainda quer fugir para a especialização. Mas com o tempo vamos aprendendo a abraçar a nossa personalidade, e, como Emilie Wapnick diz, a libertar os nossos super-poderes.

A vida secreta da Lua cheia

Será que podemos ver a Lua cheia durante o dia? Já alguma vez pensaste nisso? Há muito tempo que o ser humano deixou de se preocupar com os problemas dos astros. A nossa vida está ocupada com assuntos "importantes". Esquecemo-nos de apreciar os pequenos momentos e, neste caso, quem sofre é a Lua.

Tal como o Sol, a Lua nasce e põe-se. Há Lua tanto durante o dia como durante a noite, e as suas fases são provocadas pelo movimento da Lua à volta da Terra. Mas será que há fases que têm uma afinidade especial pela noite? Vamos primeiro perceber porque é que a Lua nos mostra sempre o mesmo lado.

O lado negro da Lua

A Lua mostra-nos sempre a mesma face, a qualquer hora do dia e da noite, e durante todo o ano. Isto só acontece porque a Lua demora tanto tempo a dar a volta sobre si mesma, como a dar a volta à Terra. Chamamos a isto "rotação sincronizada", um fenómeno que acontece por todo o lado no Sistema Solar.

O movimento da Lua em torno da Terra e sobre si própria. Imagem retirada de http://astrobob.areavoices.com/.
A Lua anda à volta da Terra no sentido contrário aos ponteiros do relógio. Além disso, roda também sobre si mesma. Se a Lua não o fizesse, o extra-terrestre da figura acima continuaria com a cabeça virada para baixo - tal como vemos na Lua do topo - à medida que a Lua se movimentasse à volta da Terra. Mas como a Lua gira, o nosso amigo fica de cabeça para cima passado um tempo. Nessa posição, que corresponde à base da figura acima, a Lua já rodou metade sobre si mesma e já deu metade da volta à Terra. Ou seja, as velocidades dos dois movimentos são iguais. 

Se o alien não se mexer durante 27/28 dias, vai estar sempre a olhar para a Terra. Deste lado, vemos sempre o tipo azul, e também o mesmo lado da Lua. Se o Sol iluminar o lado da Lua que aponta para nós, então vemos uma Lua cheia, caso contrário, vemos uma Lua nova.

O "nosso" lado da Lua (à esquerda) e o seu lado negro (à direita). Imagem retirada de publico.pt.

Lua Nova 

Em Lua nova, a Lua está entre a Terra e o Sol. A face que aponta para a Terra está agora em escuridão, e por isso não conseguimos observar a Lua.

Lua Nova. Imagem retirada de http://legacysite2.timeanddate.com/
Não te deixes enganar pela imagem acima. Se a Lua nova estivesse sempre em linha com a Terra e o Sol, haveria um eclipse solar a cada 28 dias. A Lua tende a estar mais para cima ou para baixo da Terra e portanto não há eclipse, infelizmente.

Nesta fase, a Lua nasce e põe-se com o Sol, porque estão ambos na mesma direção. Depois do Sol já ter nascido na nossa vizinha Espanha, a Terra gira mais um pouco e Portugal "encontra" o Sol. Temos o nascer do Sol e, neste caso, também da Lua. Como já foi dito, quando os 3 astros estão completamente alinhados, ocorre um eclipse total do Sol. Este fenómeno só é possível observar durante o dia, porque há noite, neste caso, não há Sol nem Lua.

Quarto crescente

A Lua encontra-se agora mais à direita da Terra. Como a Terra também gira no sentido contrário aos ponteiros do relógio, a Lua vai nascendo cada vez mais tarde. Esta Lua nasce a meio do dia e põe-se a meio da noite.

Movimento da Lua em redor da Terra. Imagem retirada de http://www.yecheadquarters.org/
Em quarto crescente, o Sol ilumina metade da face da Lua que nós nunca vemos, e metade da face da Lua que aponta sempre para nós. Nesta fase vemos uma meia Lua.

Lua cheia

A Lua continua o caminho em volta da Terra, até estar do lado oposto ao Sol. Nesta fase, o lado da Lua que aponta para nós está completamente iluminado e vemos uma Lua cheia. Quando o Sol, a Terra e a Lua estão completamente alinhados, a Terra tapa a luz vinda do Sol e ocorre um eclipse Lunar. 

Lua Cheia. Imagem retirada de http://legacysite2.timeanddate.com/
Como a Lua e o Sol estão em lados opostos, só podemos ver um deles. Durante o dia vemos o Sol, e à medida que a Terra gira e o Sol se põe, a Lua nasce do outro lado do horizonte. E é por esta razão que só podemos ver uma Lua cheia durante a noite.

Depois de um post sobre generalistas, a minha "pancada" foi explorar o Universo. Neste canal do YouTube tens informação divertida e de qualidade sobre este assunto. Testa também esta simulação 3D do Sistema Solar, é viciante. 

Aproveita também para observar os planetas Vénus e Júpiter durante as primeiras horas da noite, pois estão em posições espetaculares - dentro do Sistema Solar - para a sua observação. Estes 2 planetas surgem a oeste (neste momento) e são os primeiros pontos do céu noturno. E não te esqueças, não tentes procurar uma Lua cheia durante o dia.

És um generalista?

A ideia do Macaco de Imitação era simples; criar um blog e escrever sobre generalistas, multi-potenciais ou almas renascentistas - pessoas que têm múltiplos interesses. No entanto a ideia foi crescendo, e O Macaco de Imitação tornou-se também um blog sobre psicologia, livros e sobre aceitar novos desafios. Todos os posts têm um tema em comum; a vontade de crescer, aprender e saber fazer.

Com tudo isto, o post no qual introduzia o termo "generalista", tão importante para mim, ficou para segundo plano. Propositadamente, decidi criar um arquivo de posts antes de apresentar aquele que seria, na minha opinião, o artigo mais interessante. Apresento-o depois de 26 posts.

Quem é generalista?

Um generalista, multi-potencial ou alma renascentista - vários nomes são usados na literatura - é uma pessoa que tem muitos interesses, sendo o oposto de especialista, alguém que gosta bastante de uma única área. Este conceito parece simples, mas está longe de ser intuitivo para um generalista.

Se és generalista, costumas pensar desta forma:

  • "Apetece-me fazer tudo";
  • "Fico aborrecido depois de dominar algo que estava a aprender";
  • "Eu sei que devia concentrar-me numa coisa, mas qual?";
  • "Perco o entusiasmo por coisas que pensava que iria gostar para sempre";
  • "Tenho medo de escolher uma carreira, porque pode não ser a certa";
  • "Acredito que todas as pessoas têm um propósito. Todas excepto eu";
  • "Deixo de fazer o que estou a fazer, porque posso estar a perder algo mais interessante";
Um generalista gosta de aprender, explorar e testar; No entanto é criticado por não se concentrar naquilo que faz, e tem medo de compromissos, porque ao escolher uma coisa abdica de tudo o resto. Somam-se as críticas dos especialistas, que não conseguem perceber tamanha dispersão e indecisão. Mas quem são esses especialistas?

Quem é especialista?

O especialista é alguém que consegue ser feliz ao focar-se num único assunto. Pode até relaxar com um hobby, mas raramente é apaixonado por algo excepto a sua área. Os especialistas não entendem os múltiplos interesses do generalista. Para eles, o generalista é um bicho estranho e indeciso.

O especialista é aquele indivíduo que sabe, desde sempre, que quer ser médico, engenheiro, músico ou pintor. Em contraste, vê a minha experiência. Só escolhi o meu curso no 12º ano, e nessa altura a escolha era entre Ciências Farmacêuticas, Arquitetura, Gestão e Engenharia Biomédica. Estava indeciso entre tudo. Decidi-me por Engenharia Biomédica, que, muito provavelmente, é um dos cursos mais generalistas.

O especialista raramente pensa naquilo que está a perder. Está focado na sua área e isso é suficiente. Pelo contrário, o generalista está sempre à procura do próximo desafio. Se és um generalista, sempre pensaste que eras um especialista desencontrado, em eterna procura pela sua "paixão". Esquece-o. Acredita no que te digo; Não vais ficar satisfeito a fazer uma só coisa.

À descoberta do "eu" generalista

Todos os generalistas, eu inclusive, têm muitos interesses e querem estar sempre a aprender coisas novas. Para as pessoas que estão de fora - sejam amigos, familiares ou professores - somos hiperativos e temos falta de atenção. Dizem-nos para escolher uma só coisa. E nós, parvos, vamos acreditando nesta conversa; ficamos desorientados e desmotivados. Não conseguimos escolher nada, porque ao fazê-lo abdicamos de tudo o resto, e isso é que não pode ser, certo? Até que descobrimos o nosso "eu" generalista.

Há 6 meses, não conhecia nada sobre generalistas. Não queria acreditar quando li aquele primeiro artigo. Não estava sozinho; haviam outras pessoas que tinham muitos interesses ao mesmo tempo. A seu tempo, todas se perguntavam qual era o seu propósito. Percebi que para estas pessoas, saber que um "generalista" é algo real, pode ser um momento de revelação. Fiquei chocado quando não encontrei informação sobre generalistas em português.

Aprendi que devemos deixar de pensar como um especialista. Desiste. Esquece tudo o que a sociedade te ensinou sobre escolher uma área. Não vais encontrar a tua paixão, porque tu tens muitos interesses e não queres escolher só um, queres fazer tudo. O teu desafio, a partir de agora, é perceber como podes agrupar esses interesses todos no teu horário. Vais aprender a criar uma vida equilibrada e feliz. Mas ainda duvidas que isso resulte, certo? Aliás, os generalistas nunca chegam a lado nenhum.

Conheces o Leonardo da Vinci? Cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, escultor, arquiteto, botânico, poeta, músico e, não nos esquecemos, pintor. Leonardo da Vinci foi um generalista. Alguma vez pensaste neste senhor como uma pessoa mal-sucedida? Este é o Deus de todos os generalistas, a típica alma renascentista. E há muitos mais. Olha à tua volta. Vais ter muito sucesso se abraçares o generalista que há em ti.


Auto-retrato de Leonardo da Vinci. Imagem retirada de pt.wikipedia.org

O próximo passo

Para um generalista, a simples leitura deste post pode mudar a forma como se vê a si e como encara a vida. E com isto, não quero dizer que há algo de especial no "meu" post, mas apenas que é difícil encontrar este conceito na internet, particularmente em português.

Vou continuar a escrever sobre generalistas. Ficou muito por dizer. Nos próximos posts exploro todos os tipos de generalistas, como estes devem escolher o seu próximo desafio e como devem organizar o seu tempo. Até esse momento, aconselho-te 2 livros sobre generalistas. Não encontrei mais que 2, e acredita, não foi por falta de pesquisa. São eles o Refuse to Choose! de Barbara Sher e o The Renaissance Soul, de Margaret Lobenstine. Espreita também o blog Puttylike.

Se és generalista, espero que este artigo te tenha ajudado. Fico à espera do teu comentário a baixo. Conta-me a tua história. Se és um especialista, a minha intenção é mostrar-te o outro lado. Se conheces alguém com esse tipo de personalidade, conta-lhe acerca dos generalistas. No entanto, escrevo principalmente para quem tem múltiplos interesses. Se, com este post, descobriste que és generalista, o meu trabalho ficou feito.

Conhece a página do Facebook d'O Macaco de Imitação.

4 passos para quebrar ou adquirir um hábito

Seja para deixar de fumar, comer de forma saudável, ou ler mais, não recebemos nenhum prémio por adquirir ou quebrar uma rotina da maneira mais difícil. Há pessoas que estudam a ciência dos hábitos, e desenvolvem métodos que nos facilitam a moldar o nosso comportamento. Há cerca de um ano atrás, li o livro A Força do Hábito de Charles Duhigg, e tirei umas notas que partilho agora n'O Macaco de Imitação.

A Força do Hábito, de Charles Duhigg. Imagem retira de goodreads.com
Todo o hábito tem 3 componentes: a deixa, a rotina e a recompensa. Extinguir ou absorver uma rotina passa por controlar estes 3 elementos. Segue em baixo um sistema de 4 passos para adquirir ou romper com um hábito.

Passo 1 - Identificar a rotina

O primeiro passo é simples. Identificar a rotina é trivial, porque é aquilo que já fazemos, ou aquilo que queremos vir a fazer. De qualquer maneira, esta é a altura para entender a importância de romper com um mau hábito, ou o potencial que podemos atingir ao absorver um novo. Talvez queiras deixar de beber refrigerantes, porque já percebeste que estes têm demasiado açúcar, e isso estraga a tua saúde. Talvez queiras começar a meditar, porque entendes que isso te vai ajudar a relaxar e a organizar as tuas ideias.

Passo 2 - Experimentar várias recompensas

As recompensas são poderosas porque satisfazem anseios. Experimentar várias recompensas, assumindo diferentes rotinas quando é apresentada a mesma deixa, ajuda-nos a perceber exactamente aquilo que nos move, ou seja, a verdadeira recompensa que procuramos.

Qual é a recompensa que uma pessoa procura todos os dias quando, no trabalho, à mesma hora, vai comer um bolo ao café? Tem a ver com o seu sabor doce? Com a energia que o bolo proporciona? Ou por haver ali um momento de paragem para falar com os colegas de trabalho? Talvez o bolo não seja importante, talvez esta pessoa possa substituir essa rotina por uma mais saudável, e que proporcione a mesma recompensa. Esse é o ponto fulcral da mudança de qualquer hábito: admitindo a mesma deixa e recompensa, substituir a rotina actual.

Descobrir a recompensa não é fácil, porque estamos à procura daquilo que guia o nosso comportamento, o que, para a pessoa que o faz, não é de todo claro. Retomando o exemplo a cima, o que pode esta pessoa fazer para descobrir o que a leva a comer o bolo? Pode experimentar outras rotinas, que se traduzam em diferentes recompensas. Em primeiro lugar, pode comer uma sandes ao invés do bolo. Se esta ação provocar a mesma recompensa, não podemos estar a falar de uma necessidade de açúcar, ou do prazer de comer qualquer coisa doce. Esta pessoa pode também dar uma volta a pé, aquando da vontade de comer o bolo. Se isso não provocar a mesma recompensa, talvez o que a pessoa precise seja a interacção com os colegas de trabalho. Será que pode, em vez do bolo, beber um copo de água, mantendo a conversa com os colegas? Este é o processo de descoberta da recompensa.

Talvez estejas à procura de adquirir um novo hábito. Nesse caso, deves entender a recompensa que procuras. Testa várias hipóteses, diferentes rotinas, que te ofereçam recompensas distintas. Podes até chegar à conclusão que deves alterar o hábito que queres absorver.

Passo 3 - Isolar a deixa

Toda a rotina tem um início, ou seja, qualquer coisa que a despoleta. Tal como identificar a recompensa que guia o nosso comportamento, identificar a deixa está longe de ser trivial. No momento em que nos "apetece" realizar a dita rotina, podem estar a acontecer mil e uma coisas. Felizmente, várias experiências mostram que quase todas as deixas pertencem a uma de cinco categorias: um certo local, tempo, estado emocional, outras pessoas envolvidas, ou uma acção imediatamente precedente. A deixa pode ainda ser mais complexa, apresentando-se como uma combinação destas 5 categorias. 

No momento em que sentes vontade de, por exemplo, comer um bolo, anota a resposta a estas cinco questões básicas: onde estás? que horas são? qual o teu estado emocional? quem mais está por perto? que acção precedeu imediatamente o anseio?

Identificar a deixa, que se traduz na rotina, e promove uma recompensa, é de extrema importância. Voltando ao exemplo original, imagina que esta pessoa percebe que tem vontade ir comer o bolo quando começa a ter dores de costas, o que normalmente lhe acontece no princípio da tarde, quando já passou imensas horas sentada. Ao identificar a deixa, esta pessoa pode perceber que está na altura de arranjar uma cadeira mais confortável . Ou então, como é normal a pessoa sentir-se cansada depois de tantas horas de trabalho, com certeza merece uma pausa. No entanto, sabe agora que a sua rotina não surge da necessidade de saciar a fome, e portanto, se substituir o bolo por um copo de água, irá atingir a mesma recompensa.

Se estás a tentar desenvolver uma nova rotina, coloca algum trabalho na construção de uma boa deixa. Queres beber mais água? Porque não beber um copo de água logo após acordar? Podes também colocar uma garrafa de água na secretária, para quando houver uma quebra, natural, no teu trabalho, vejas a garrafa, e te lembres do teu objetivo.

Passo 4 - Estabelecer um plano

Depois de identificação da deixa, rotina e recompensa, é necessário elaborar um plano para a mudança do hábito, ou para a criação de um novo. Há que seguir o plano rigorosamente, escolhendo uma nova rotina, e talvez uma nova deixa, que resulte na mesma recompensa. No início, tudo isto é um processo consciente, e teremos que colocar algum trabalho para seguir com o plano, mas com o tempo, tudo se tornará automático, ou seja, uma rotina é implementada.

Se quiseres criar um hábito de meditação, terás, no início, de te lembrar do o fazer. Provavelmente terás de colocar um alarme para uma certa hora, aquela que decidiste ser a ideal para a prática. No entanto, não te preocupes, passado cerca de 1 mês de prática diária, nem sequer irás pensar sobre isso para continuar com esta rotina saudável. Quantas vezes pensas qual dos sapatos calçar em primeiro lugar? Nunca, certo? Apesar disso, aposto que começas, quase sempre, pelo mesmo pé.

Ciclo do hábito: deixa, rotina e recompensa. Imagem retirada do livro A Força do Hábito, de Charles Duhigg.
Há, evidentemente, hábitos difíceis de quebrar ou adquirir. Mas esta estrutura de passos vai ajudar-te. Por vezes, adquirir ou alterar certa rotina exige repetidas experiências e falhanços. Mas desde que percebas aquilo que está a acontecer, entendas qual é a deixa, a rotina e a recompensa que estão associadas ao teu hábito, tens todas as ferramentas ao teu dispor para alcançar o sucesso.

Podemos dizer que somos uma coleção de hábitos, resultados das recompensas que cada um procura. Há uns bons e outros menos bons. Somos capazes, sempre, de alterar o nosso comportamento e as nossas rotinas, mas não devemos levar isso ao extremo. Precisamos de alterar, essencialmente, aquilo que realmente é importante para nós.

Tens algum hábito pelo qual te orgulhes especialmente? Há alguma coisa que gostasses de alterar? Comenta em baixo.

Os 5 livros de Abril - Otimistas, Bon Vivants, Físicos, Robôs e Empreendedores

Iniciando o mês de Maio, é tempo de analisar os livros que li em Abril. Se ainda não leste o post de Março, fica aqui o link. Desde que tenho o kobo, tenho escolhido os livros "a dedo", com ajuda do Goodreads. Se gostas de ler e não conheces esta rede social, convido-te a experimentar. É similar ao IMDb mas com foco nos livros. Podes aceder à pontuação do livro dada pelos utilizadores, criar listas de leitura, indicar os livros que já leste, queres ler e que estás a ler neste momento. Tudo isto e muito mais.

Em Abril comecei por explorar a ciência do otimismo e a discussão que geramos dentro da nossa cabeça. Cansado do stress do dia à dia, li um livro sobre como relaxar e aproveitar os pequenos prazeres da vida. Passei para os clássicos, li O grande livro de Stephen Hawking e inspirado para pensar sobre o futuro do universo, li um clássico de ficção científica. Para acabar o mês em grande, decidi experimentar o livro que nos promete que abrir uma empresa pode custar tão pouco como 100 dólares. Aqui segue a lista dos 5 livros que li em Abril:

1) Learned Optimism, Martin E.P. Seligman

Este é um livro que fala sobre otimismo e pessimismo. Martin E.P, Seligman analisa a maneira como as pessoas pensam e contam histórias a si mesmas e os efeitos que esses pensamentos têm nas suas ações e sucesso pessoal. Aconselho vivamente a leitura de Learned Optimism porque ao lê-lo e ao fazer o teste que eles nos coloca, conseguimos perceber se somos maioritariamente otimistas ou pessimistas e o que podemos fazer para melhorar a forma como pensamos. Para saberes mais sobre este livro, segue este link para um post que fiz recentemente, onde analiso este livro em detalhe e a ciência do otimismo e pessimismo. Tenho a certeza que vais achar Learned Optimist tão interessante quanto eu achei.

Imagem retirada de Goodreads.com

2) How To Be Idle, Tom Hodgkinson

Tom Hodgkinson coloca-nos a vida em perspectiva e faz-nos analisar o ciclo de trabalho-descanso. Apesar de exagerar um pouco por vezes e parecer um eterno preguiçoso, há grandes verdades em How To Be Idle e por isso recomendo-o. Neste livro percebemos porque é que esta sociedade bebe muito café, o que significa "o mundo real de trabalho", entendemos a pressão que existe na sociedade atual para que cada pessoa defina uma especialidade e, mais que tudo, na sua obsessão pelo trabalho.

Imagem retirada de Goodreads.com
Tom Hodgkinson fala dos pequenos prazeres da vida, tais como ler, meditar e acordar tarde. Além disso, consegue transmitir uma grande profundidade com algumas coisas que escreve. Seguem algumas passagens do livro, traduzidas para português:

"O café é para vencedores, pessoas que vão atrás, que ignoram chá, cancelam almoços, acordam cedo, que se envergonham do seu empenho, são obcecados por dinheiro e por status e são pessoas lunáticas vazias espiritualmente."

"Será que o "mundo real" significa trabalhar no duro, todo o dia, para produzir coisas inúteis que tornam as outras pessoas mais pobres e infelizes?"

"Esquece todo esse lixo sobre teres de te especializar em uma área e torna-te um "homem dos sete ofícios". Aprende a cuidar de ti mesmo. Pinta, lê, escreve e toca música. Torna-te mediano em várias coisas ao invés de muito bom numa só coisa."

3) Breve História do Tempo, Stephen Hawking

Breve História do Tempo é um livro que te faz sonhar sobre o universo, escrito pelo famoso físico Stephen Hawking. Provavelmente não irás gostar muito do livro se não tiveres um interesse forte por ciência, porque Stephen Hawking entra em detalhe sobre as teorias físicas. Neste livro fiquei a perceber a história da física e as contribuições que grandes cientistas como Newton e Einstein tiveram para formular as leis físicas que regem o nosso mundo. 

Imagem retirada de Goodreads.com
Neste momento existem duas grandes teorias que explicam o universo: a teoria da relatividade geral e a teoria quântica. Grande parte do trabalho de Stephen Hawking é tentar perceber como é que estas duas teorias podem ser agrupadas numa grande teoria de tudo. Este é um livro fascinante que terão de ler pelo menos uma vez na vida.

4) Eu, Robot, Issac Asimov

Este livro é um grande clássico, escrito pelo famoso pai da ficção científica, Issac Asimov. Desde já quero esclarecer que este livro pouco tem a ver com o filme que nele se inspirou. Eu, Robot é um pequeno livro que agrega algumas histórias sobre a (futura) evolução da inteligência dos robô e sobre os problemas cognitivos que foram surgindo nessa evolução. 

Imagem retirada de Goodreads.com
Neste livro, Issac Asimov apresenta-nos as 3 leis respeitadas por qualquer robô construído pelo homem:

1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2ª Lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos excepto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
3ª Lei: Um robô deve proteger a sua própria existência desde que tal protecção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Lei.

Aconselho vivamente a leitura desde clássico que nos faz pensar sobre a humanidade e sobre os desafios que teremos no futuro.

5) The 100$ Startup, Chris Guillebeau

Em "The $100 Startup", Chris Guillebeau mostra-nos como podemos abrir um negócio com tão pouco como 100 dólares e trabalhar em algo que valorizamos. Ao longo do livro, Chris Guillebeau aprensenta-nos a história de pessoas que decidiram "romper" com o caminho convencional de carreira e criar um negócio à volta de coisas que valorizavam, obtendo grandes resultados. Além disso, "The 100$ Startup" introduz técnicas para começar e melhorar o nosso negócio. 

Imagem retirada de Goodreads.com
Deixo algumas passagens do livro, traduzidas para português, que achei muito interessantes:

"Não existe um programa de reabilitação para pessoas que são viciadas na liberdade. Depois de veres o que está do outro lado, boa sorte em tentar seguir as regras de outra pessoa mais uma vez."

"O valor é criado quando uma pessoa faz alguma coisa de útil e a partilha com o mundo."

"Paixão ou habilidade + utilidade = sucesso."

"Constrói qualquer coisa que desejes comprar e outras pessoas também o vão querer provavelmente"

"Um bom lançamento (produto, serviço, etc) é como um filme de Hollywood. Primeiro vais ouvir falar dele muito tempo antes do lançamento, depois ouves falar mais sobre ele antes da estreia e no final vês a multidão de pessoas a aguardar ansiosamente pelo lançamento do filme."

"Não precisas da permissão de ninguém para seguir os teus sonhos"

"Don't waste your life living someone else's life" - Steve Jobs

Espero que tenhas gostado deste pequeno conjunto de livros. Se leste qualquer um deles, comenta em baixo a tua opinião sobre este. E já agora, quais são os clássicos que pretendes ler? Quais foram os livros que te inspiraram?